por Edison Ragassi Fotos Alexandre Villela
Engenheiro Metalúrgico, formado pela Mauá, Daniel Rio é o diretor geral da fabricante de bombas de água e óleo Nidec. Recentemente, a empresa iniciou as operações no mercado de reposição. Ele está no setor automotivo desde 1996. Seu primeiro trabalho foi como trainee na Mahle, desenvolvendo pistões de motores diesel. No ano 2000, foi para a Valeo, onde teve contato e intermediou o fornecimento de componentes e sistemas para as novas montadoras que chegavam na época. Depois disso foi para a KS pistões na divisão Pierburg, até chegar a fabricante GPM. As bombas eram mecânicas, mas eles tinham a necessidade da bomba elétrica. Procuraram a japonesa Nidec para este desenvolvimento, que não aceitou. Preferiu comprar a GPM.
REVISTA O MECÂNICO: Até adquirir a GPM, a NIDEC não atuava no setor automotivo?
DANIEL RIO: A participação era pequena. A NIDEC em 1997 fez a primeira aquisição, adquiriu a TOSOK do segmento de bombas hidráulicas para câmbio automático. Depois em 2006 fez a aquisição de uma divisão da Valeo que fabricava motores elétricos, o motor de arrefecimento, motor levantador de vidro, motor de levantador de tampa de porta malas, teto solar, banco, essa foi a primeira aquisição. Também comprou a ELESYS, uma divisão da Honda que produzia a parte da ECU do controlador do motor elétrico, toda parte de sensores, o sensor de passageiro, sensor de mudança de faixa de detecção de veículos na frente que é o radar, e em 2015 comprou a GPM para introduzir o motor elétrico na bomba de água e óleo.
O MECÂNICO: Essa compra foi uma compra global. Como a NIDEC projetou o mercado brasileiro na época?
RIO: Naquela época o mercado brasileiro estava bem no olho do furacão que foi a retração de mercado, o setor automotivo diminuía. Mas a GPM tinha um bom posicionamento. A Volkswagen tinha acabado de lançar o motor EA 211 no up!. A montadora estava em ritmo de crescimento e nós acompanhávamos. Também conseguimos entrar com outros negócios, como fornecer para a Cummins. Foi tão bom que, apesar da retração, em 2015 em 2016 crescemos. Mas em 2017, o auge da crise sofremos retração e em 2018 voltamos a crescer. Isso fez o grupo perceber que o segmento automotivo é crítico, mas oferece oportunidades. A estratégia Global da empresa é estar cada vez mais presente nos segmentos que atua e ser líder, identificamos que no Brasil tem oportunidade. Elas podem ser de vários modos. Então o que nós vamos fazer é continuar no segmento. Mas a NIDEC nunca trabalhou no segmento automotivo geral e como a eletrificação vai criar a oportunidade de outros produtos, esses outros produtos vão permitir que a empresa consiga trabalhar também no mercado de reposição.
A estratégia Global da empresa é estar cada vez mais presente nos segmentos que atua e ser líder…”
O MECÂNICO: A Nidec não trabalhava o mercado de reposição e começou este segmento no Brasil. Atualmente qual é a estrutura para esta área de negócios?
RIO: E a primeira vez que entramos mundialmente no mercado de reposição. Hoje nós temos uma fábrica em Indaiatuba. A nossa estratégia industrial é que provavelmente vamos ter que repensar um pouco. Mas hoje nós usinamos e montamos. Nossa característica é a precisão dos produtos que fabricamos, e identificamos que para ter precisão nos precisávamos investir. Onde eu tenho que ser preciso? Na usinagem. Efetivamente nós nos concentramos na usinagem e na montagem. Essa é a mesma situação na Alemanha, na China, onde são produzidas as bombas de água. Atualmente temos uma fábrica na Alemanha, uma na Hungria, e na China, elas produzem bomba de água, bomba de óleo e bomba de vácuo – mecânicas constantes e variáveis e elétricas. Aqui no Brasil estamos instalados em uma fábrica de aproximadamente 4.600 m². Temos hoje 81 colaboradores, porem a nossa produção é muito automatizada. Temos uma capacidade de produzir 2,8 milhões de bombas só na unidade de Indaiatuba. Mundialmente, o ano passado, a NIDEC GPM fabricou entre bomba de água e bomba de óleo aproximadamente 11 milhões de unidades. Na linha automatizada conseguimos fazer o set-up de produção rápido, onde a movimentação das peças e a colocação dos componentes é feita pelos operadores, mas a montagem em si das bombas é automática. O operador não interfere nisso, a linha faz a montagem sozinha. Temos uma linha automatizada mais compacta a qual não é possível colocar produtos muito grandes, e temos outras linhas também automatizada, só que com dimensões maiores, com flexibilidade para montar diferentes tipos de bombas.
Temos que trabalhar assim com linhas flexíveis, porque aqui no Brasil, no ano passado foram produzidos 2,8 milhões e comercializamos 2,6 milhões. Porem nós temos 19 fabricantes de veículos, se dividirmos os 2,8 milhões pelos fabricantes instalados no Brasil, cada um tem um Market Share, e cada um tem a sua bomba especifica, cada um tem o seu produto, e isso faz com que tenhamos que nos adaptar. Não adianta querer trabalhar igual a Europa, com linhas de montagem dedicadas com capacidade para produzir dois milhões de peças por exemplo. Na Europa é possível colocar automatização, robô, o que no Brasil não dá. Nós temos que nos adaptar a necessida de brasileira. E qual é a necessidade brasileira? Ser flexível.
E a primeira vez que entramos mundialmente no mercado de reposição”
O MECÂNICO: Há diferença entre os produtos fornecidos para montadora e mercado de reposição?
RIO: Nós fornecemos a bomba de água para o motor EA 211 da Volkswagen. Este é um produto que é feito na linha automática
dedicada para atender a VW. Já as bombas que são para o mercado de reposição revezam entre a linha automatizada e manual. Nós temos um ferramental específico para produzir os itens direcionados ao mercado de reposição. Mas a qualidade dos produtos é a mesma. É necessário trabalhar assim. Por exemplo, no Brasil temos os motores flex, que aceitam etanol e gasolina. Esta é uma característica só do Brasil.
O MECÂNICO: Nesta entrada da Nidec no segmento de reposição, que começou no Brasil, qual a importância do mecânico independente neste processo?
RIO: A nossa interpretação é de que o mecânico é de suma importância, porque ele é o formador de opinião. O mecânico desmonta o carro, querendo ou não ele vê a peça da Nidec fornecida para a montadora. E a que eu forneço na reposição é similar. Não vou dizer que é igual, porque a da montadora tem as suas características, inclusive a logomarca da montadora, que nós não podemos utilizar na reposição independente. O mecânico tem que conhecer, instruir o cliente para fazer a manutenção correta do sistema de arrefecimento. Ele que tem que falar para o cliente não colocar água no posto. Se o carro não tem problema não é necessário colocar água. E para se aproximar do mecânico, montamos uma estrutura para divulgar na impressa, inclusive a Revista O Mecânico, foi a primeira a receber a nossa campanha, vamos trabalhar as redes sociais e treinamentos presenciais. Queremos estar próximos do mecânico.
A nossa interpretação é de que o mecânico é de suma importância…”
O MECÂNICO: E qual a mensagem da Nidec para o mecânico de automóveis?
RIO: Nosso produto é de qualidade, um produto honesto. É um produto que foi feito e desenhado para atender as expectativas do mecânico. Nós fornecemos produtos que atendem os requisitos de qualidade é um bom produto confiável.
Entrevista – NIDEC entra no mercado de reposição Publicado primeiro em http://omecanico.com.br/feed/
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