Confira as condições de reparabilidade do modelo e saiba se existe diferença na manutenção entre as versões com motor 1.0 6v Feel e 1.6 16V Feel Pack do Citroën C3.
Lançado em agosto de 2022, o novo Citroën C3 foi desenvolvido em uma variante da plataforma CMP, que dá origem ao Peugeot 208 e possui duas opções de motorização. A primeira é com o motor 1.0 6v Firefly da Fiat, capaz de gerar 75/71 cv de potência (etanol/gasolina) a 6.000 rpm e torque de 10,5/9,8 kgfm (E/G) a 3.250 rpm.
Para a segunda opção de motor, a Citroën possui versões do C3 com o motor EC5JP4 1,6 litro 16V que alcança os 120/113 cv de potência (E/G) a 6.000 rpm e torque de 15,7 e 15,1 kgfm (E/G) a 4.250 rpm. A versão possui câmbio automático de 6 marchas.
No visual, ambas as versões analisadas pela Revista O Mecânico, possuem DRL em LED e teto dual tone. O Citroën C3 possui 3.981 mm de comprimento, 1.586 mm de altura, 1.734 mm de largura e distância entre eixos de 2.540 mm. O hatch compacto possui 18 cm de altura livre em relação ao solo e pneus 195/65R15 para a versão 1.0 Feel e 195/60R15 para versão 1.6 Feel Pack.
O ângulo de entrada é de 23° e o ângulo de saída, 39°. Esse parâmetro indica o ângulo que é formado entre a ponta do para-choque e o ponto de contato do pneu com obstáculo. Memso na versão 1.0, o C3 possui Hill Assist, sistema que auxilia o condutor na partida em rampas e câmera de ré para ajudar no momento de manobrar o veículo.
Dentro do habitáculo, o hatch desde a versão 1.0 Feel possui central multimídia de 10 polegadas com comando de som no volante. Uma diferença notável em seu interior é a falta do tacômetro (conta giros) do motor, há apenas uma indicação para o momento exato da troca de marchas na versão com câmbio manual. Na versão com câmbio automático, como as trocas de marchas são feitas sem ação do condutor, não há indicação para o momento da troca na tela atrás do volante.
Para analisar as condições de reparabilidade das versões Feel e Feel Pack do Citroën C3, convidamos o mecânico Roberto Montibeller, proprietário da oficina High Tech, localizada na cidade de São Paulo/SP.
Por baixo do capô do Citroën C3 2023 1.0 6V Feel
Com a abertura do capô do Citroën C3 2023, Roberto comentou e elogiou o espaço disponível no cofre do motor (1). “Tem bastante espaço para fazer manutenção, tanto na parte da frente quando na parte de trás do motor. É uma manutenção tranquila”. O Citroën C3, na versão Feel, possui o motor 1.0 Firefly de 3-cilindros da Fiat.
O profissional abordou sobre a importância da troca de óleo do motor e informou as consequências de se utilizar óleo fora do especificado ou deixar de realizar a manutenção no sistema. “Você tem a corrente de sincronismo que é lubrificada pelo óleo, então se você colocar óleo que não é o recomendado, você terá um problema de lubrificação na corrente”, e acrescenta comentários sobre o tensionador hidráulico. “Tem um furo calibrado no tensor, se você colocar um óleo mais grosso, ele não vai conseguir entrar nesse furo e lubrificar o tensionador, desta maneira, não vai esticar a corrente de forma corrente”, conclui.
A tampa para enchimento de óleo do motor possui a vareta de nível em conjunto (2). O acesso ao componente é simples. Para o abastecimento de óleo, a Citroën recomenda a utilização do óleo Shell Helix HX8 Professional ou Selenia K Forward, com viscosidade SAE 0W-20 e classificação API SP/GF-6A. A substituição deve ocorrer a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. Reduza os períodos pela metade do tempo em caso de uso severo do veículo.
O acesso ao conector do variador de fase é facilitado (3), estando próximo da tampa de enchimento de óleo do motor.
A unidade recebida para análise pela Revista O Mecânico, estava com o nível do líquido de arrefecimento na indicação mínima do reservatório (4). Em rodagem com o veículo, a temperatura do motor se manteve estável, conforme a indicação de temperatura indicada no painel.
Roberto comentou sobre o nível do fluido estar na indicação mínima. “O reservatório é pequeno. Esses novos motores são bem taxados, exigindo muito a troca de calor e se o mecânico deixou o nível muito baixo, pode se perder um cabeçote, queimar junta e danificar o motor por um descuido”, informa.
A substituição do líquido de arrefecimento deve ocorrer a cada 240 mil km ou 10 anos, o que ocorrer primeiro. Em caso de uso severo do veículo, reduza o período pela metade. O fluido utilizado é o Supercoolant diluído.
No caso de intervenção com o sistema do ar-condicionado, as válvulas de serviço da tubulação (5) estão próximas ao reservatório do líquido de arrefecimento com boa acessibilidade.
O coxim superior do motor também possui boa acessibilidade (6). Caso seja necessário a remoção do componente, apenas a tubulação de retorno do líquido de arrefecimento está acima, mas sem dificuldades para o mecânico.
A correia de acessórios (7) e o alternador (8) estão bem acessíveis ao mecânico para execução de diagnósticos ou intervenções. A correia de acessórios deve ser substituída em conjunto com o seu tensionador a cada 60 mil km ou 3 anos, o que ocorrer primeiro. Em utilização severa do veículo, reduza os períodos de troca pela metade.
Ao lado do motor, está a caixa do filtro de ar (9) que possui período para substituição do elemento filtrante a cada 20 mil km ou 2 anos, o que ocorrer primeiro. Nos casos de uso severo do veículo, reduza o período pela metade. Até que seja atingido o período de substituição, é importante realizar a inspeção com a caixa e o filtro de ar, para garantir que não haja impurezas no sistema.
O mecânico não terá dificuldade em acessar as bobinas e velas de ignição (10), que estão na parte de cima do motor sem nenhum tipo de restrição. As velas de ignição devem ser substituídas a cada 40 mil km ou 4 anos, o que ocorrer primeiro. Em uso severo, faça a troca na metade do período.
Na injeção de combustível, os bicos injetores (11) ficam por cima do coletor de admissão, sem necessidade da desmontagem do coletor para realizar uma intervenção com o sistema.
Para o escape de gases do motor, o coletor de exaustão é integrado ao cabeçote (12). “Eles tiraram o tubo coletor e ligaram, praticamente, o catalisador direto no cabeçote”, comenta Roberto.
A sonda lambda pré-catalisador (13) possui boa acessibilidade. Porém, a sonda pós-catalisador possui boa visibilidade, mas o acesso é mais simples pela parte de baixo do veículo (14).
Acima do cabeçote do motor há uma válvula de recirculação de gases de óleo do cárter para o cabeçote (15).
O mecânico terá bastante espaço útil de trabalho para qualquer intervenção ou diagnóstico com o eletroventilador (16).
A bateria é do tipo SLI com 60Ah e CCA de 480A (17), e está próxima da caixa de fusíveis (18). Ambos, possuem fácil acesso.
O reservatório do fluido de freio possui indicação em sua tampa para utilização do fluido DOT 4 (19). A previsão de substituição do fluido é a cada 24 meses.
Undercar
Ao levantar o veículo no elevador, é possível acessar com total liberdade o módulo ABS (20). O Citroën C3 possui freio ABS nas 4 rodas.
Paras as pinças de freio dianteiras, o suporte é feito em alumínio (21) e possui fixação do cavalete na manga de eixo por parafusos Hexalobular (torx).
Próximo do módulo ABS, está uma tubulação que serve para drenagem da bateria de 12V do veículo (22). “Caso a bateria venha a vazar, esse dreno serve para escoamento do ácido e não fique armazenado na parte superior danificando os componentes que estão próximos da bateria”, explica o profissional.
O filtro de óleo do motor (23) está atrás do suporte onde fica o compressor do ar-condicionado (24). “É necessário você ter uma ferramenta especifica para sacar o filtro de óleo”, comenta Roberto. Para substituição do filtro de óleo do motor, o período indicado é a cada 10 mil km ou 12 meses. Nos casos de uso severo do veículo, substitua o filtro na metade do tempo, 5 mil km ou 6 meses, o que ocorrer primeiro.
No momento de esgotamento do óleo do motor pelo bujão de dreno do cárter (25), o mecânico irá perceber que o bujão está virado para a parte traseira e muito próximo do quadro de suspensão.
A caixa do câmbio manual C513 está acessível para o mecânico, tanto ao bujão de abastecimento (26), quanto ao bujão de drenagem do fluido de transmissão que fica localizado na lateral (27). O prazo para substituição do óleo de câmbio é a cada 120 mil km, independente do tempo e o fluído recomendado é o SAE 75W (FCA). Em uso severo, faça a substituição do fluido na metade do período.
O coxim inferior do câmbio ou restritor de torque (28) possui dois parafusos de fixação, sem problema ao mecânico no caso de uma substituição.
A suspensão é do tipo McPherson e para acessar à bandeja de suspensão e o semieixo, o mecânico não terá dificuldade (29). O pivô de fixação da bandeja com a manga de eixo é prensado. A bieleta possui fixação superior na torre do amortecedor e fixação inferior na barra estabilizadora.
Na parte de exaustão do veículo, a tubulação do escapamento é única, possuindo seu ponto de separação na malha que fica após a tubulação do catalisador (30).
A própria carroceria do C3 possui uma canaleta para passagem da tubulação de combustível (31). Porém, a tubulação da linha de frenagem localizada do lado esquerdo, não possui passagem por dentro da canaleta (32).
O tanque de combustível está localizado antes do eixo de suspensão traseiro (33) e o filtro de combustível está atrás do tanque (34), sem dificuldade de acesso. O período para troca do filtro de combustível é a cada 20 mil km ou 24 meses, o que ocorrer primeiro.
Outro componente com fácil acesso é o cânister (35). Roberto informa um dos motivos pelo qual o cânister é danificado e precisa de intervenção. “Quando o veículo é abastecido até derramar o combustível, seja álcool ou gasolina, o líquido vai direto para o cânister. Desta maneira, deteriora o componente. Por possuir carvão ativado internamente, ao receber combustível diretamente, esse carvão começa a se dissolver e vai direto para o motor, perdendo a função de filtrar os gases”.
Na suspensão traseira, o Citroën C3 possui eixo rígido, as molas helicoidais não possuem batente superior e o amortecedor traseiro possui um curso longo (36). Para acessar as fixações superiores do amortecedor, é necessário a retirada da capa defletora da roda. Desta forma, é possível acessar os parafusos de fixação (37).
O filtro de cabine está localizado dentro da cabine do veículo, atrás do porta-luvas e possui prazo para substituição a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. Uma boa prática que o mecânico deve ter é realizar a inspeção do filtro de cabine para verificar se há condições de uso do componente.
Roberto informa as suas considerações em questão da reparabilidade do Citroën C3 com motor 1.0. “Aprovado, para nós mecânicos, quanto mais espaço existir para manuseio é mais fácil. Isso é muito bom”.
Diferenças do Citroën C3 2023 1.6 16V AT Feel Pack
Com o capô aberto do Citroën C3, na versão Feel Pack, Roberto verificou as diferenças de reparabilidade do veículo com motor 1.6 16V EC5JP4 e câmbio automático. A tampa de óleo do motor (38) possui boa acessibilidade e no momento da substituição do lubrificante a cada 10 mil km ou 12 meses, a Citorën recomenda o uso do óleo Total Quartz Ineos First ou EuroRepar Premium, ambos com viscosidade SAE 0W-30. Em uso severo do veículo, os períodos de troca devem ser reduzidos pela metade.
O mecânico terá boa visibilidade da correia de acessórios (39) e do alternador. O período de substituição da correia junto com o tensionador é a cada 80 mil km ou 4 anos, o que ocorrer primeiro. Reduza o período pela metade em caso de uso severo do veículo.
Diferente do C3 com motor 1.0 que possui sincronismo por corrente, a versão Feel Pack com motor 1.6 utiliza correia de sincronismo. A troca da dessa correia junto com o tensionador é a cada 80 mil km ou 4 anos. Apesar da capa protetora da correia de sincronismo (40), não haverá dificuldade ao mecânico para manuseio do componente. “O acesso está fácil, tem bastante espaço para trabalhar”, informa Roberto.
Em caso de utilização severa do veículo, efetue a substituição da correia de sincronismo e o tensionador na metade do período informado. Ou seja, 40 mil km ou 2 anos.
As bobinas de ignição são individuais, mas fixadas em um único suporte (41). Cada bobina possui o seu conector elétrico. As velas de ignição possuem período de troca a cada 40 mil km ou 4 anos, o que ocorrer primeiro.
A tubulação para recirculação dos gases de óleo está acima das bobinas de ignição (42).
O corpo de borboleta (TBI) possui fácil acesso ao mecânico (43). Porém, os bicos injetores de combustível não estão à mostra, há necessidade de retirar o coletor de admissão para acessá-los (44).
Para o sistema de frenagem, há uma particularidade. Foi instalado uma bomba de vácuo (45) que cria o vácuo necessário para alimentar o servo-freio. De modo geral, este componente é utilizado em veículos com motorização turboalimentada, que não é o caso do motor que está no C3 Feel Pack.
Semelhante a versão 1.0, para ter acesso a fixação superior dos amortecedores dianteiros, é necessário a retirada da proteção superior (46).
Após levantar o C3 no elevador, foi possível verificar a caixa de câmbio automática AISIN AT6, que está presente na versão Feel Pack do modelo. O corpo de válvulas de acionamento fica atrás do cárter que é frontal (47). O trocador de calor está posicionado ao lado do cárter (48) e o bujão de inspeção e dreno da caixa de câmbio é localizado na parte inferior da caixa (49).
O óleo de câmbio recomendado pela Citroën é o AW-1, porém, sem período para substituição do fluido. Em manual, há apenas a indicação para verificação do controle de nível do óleo de câmbio que deve ocorrer a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro.
Roberto comentou sobre essa recomendação de não haver período de troca para o óleo de câmbio. “A fabricante não recomenda, mas nós mecânicos vemos no dia a dia que se não realizar a troca preventiva, poderá ter problemas danificando o câmbio. Eu recomendo sempre a troca a cada 60 mil km”, informa.
O consultor técnico da Revista O Mecânico, Fernando Landulfo, recomenda que a substituição do óleo de câmbio seja efetuada em um intervalo menor, a cada 40 mil km, e lembra o mecânico de realizar a troca do filtro em conjunto.
A localização do reservatório do líquido de arrefecimento, o fluido utilizado e os períodos de substituição do fluido são iguais aos da versão Feel, que possui o motor Firefly 1.0. Mantenha os cuidados com o sistema de arrefecimento, respeitando os períodos de troca e utilizando o fluido indicado para evitar que haja corrosão em alguma parte do sistema, principalmente no trocador de calor, evitando a contaminação do fluido de transmissão.
Acima do semieixo e na parte de trás do motor, está localizado o motor de partida (50).
Roberto deixou a sua impressão sobre as condições de manutenção da versão Feel Pack do modelo. “Eu achei que o carro tem uma reparabilidade simples. Possui conjunto mecânico conhecido por grande parte dos mecânicos. Não vejo nenhum ponto de dificuldade”, conclui.
texto Vitor Lima fotos Vinicius D’Angio & Vitor Lima
https://www.youtube.com/watch?v=Sc-GoGZ_CDo
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