segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Bicos Injetores sofrerão com a nova formulação da gasolina?

Conversamos com algumas fabricantes para entender como é o desenvolvimento do componente e, qual o rumo nos motores modernos

A evolução dos bicos injetores acompanha diretamente a transformação dos motores modernos. Da antiga carburação aos sistemas de injeção de alta pressão, esse componente tornou-se um dos elementos mais sofisticados do trem de força. Hoje, quando as exigências de emissões e eficiência atingem novos patamares, compreender a construção, os riscos e as tendências dessa tecnologia é essencial para quem trabalha na manutenção automotiva.

Para aprofundar essa análise, a revista O Mecânico reuniu três especialistas: Diego Riquero, Chefe do Centro de Treinamento Automotivo da Bosch América Latina, Alexandre Passos, diretor de Aftermarket da Denso Brasil e Marcos Passos, Gerente de Engenharia da Phinia, que revelam os bastidores do desenvolvimento atual e os principais desafios enfrentados nas oficinas.

Da multiponto ao GDI e Common Rail: a era da alta precisão

 

O salto tecnológico dos bicos é evidente quando se observa a escalada das pressões de trabalho. Enquanto os sistemas multiponto operavam com pouca pressão, os motores GDI modernos passam facilmente dos 350 bar. No diesel, o Common Rail evoluiu de pouco mais de 1.300 bar para patamares acima de 2.500 bar.

Segundo Diego Riquero, essa nova realidade exige uma atenção nunca vista, ele explica que os sistemas atuais trabalham com tolerâncias microscópicas e que qualquer contaminação é capaz de alterar a pulverização, prejudicando emissões, desempenho e até a vida útil do motor. Essa sensibilidade, presente tanto nos motores gasolina quanto nos diesel, mudou a forma como a manutenção deve ser conduzida.

(Phinia/divulgação)
(Phinia/divulgação)

 

Construção interna: engenharia aplicada ao milésimo de milímetro

Os bicos modernos abrigam dezenas de microcomponentes internos, entre agulhas, molas, solenoides ou atuadores piezoelétricos, todos trabalhando dentro de folgas quase imperceptíveis. Cada orifício pode ter pouco mais de 120 microns, projetado para fornecer exatamente o padrão de jato definido pelos engenheiros de cada projeto.

É por isso que, como explica Alexandre Passos, não existe intercambialidade total entre bicos de diferentes marcas ou aplicações. Passos reforça que cada projeto é dimensionado para um ângulo específico de spray, para determinado volume e para um tempo de resposta preciso, e que qualquer peça paralela que não siga esses critérios compromete diretamente o funcionamento do motor. Ele destaca ainda que muitos defeitos só se manifestam em testes dinâmicos, reforçando a necessidade de calibração adequada e de bancadas modernas.

O risco dos falsificados: um problema silencioso,

Injetor falso encontrado pela Denso (Denso/divulgação)
Injetor falso encontrado pela Denso (Denso/divulgação)

O crescimento do mercado de peças falsificadas é apontado pelas três empresas como um risco real. Para Marcos Passos, da Phinia, as cópias podem até se parecer fisicamente com o produto original, mas internamente carregam diferenças que vão desde materiais inadequados até falhas graves na vedação e na resposta de abertura. Ele alerta que isso pode resultar não apenas em falhas de combustão, mas até em danos irreversíveis ao motor.

A Bosch confirma esse cenário e Riquero comenta que, no Brasil, a presença de peças falsificadas é cada vez mais perceptível nas oficinas. Ele lembra que muitas vezes o mecânico instala a peça e o defeito persiste, e a identificação do problema só ocorre depois. Para evitar dores de cabeça, reforça a importância de adquirir componentes apenas em canais oficiais e sempre verificar as marcações de fábrica gravadas a laser.

Quando o combustível vira o vilão

Se existe um ponto de consenso entre Bosch, Denso e Phinia, é que o combustível está no centro da maior parte dos problemas. A Bosch destaca que combustíveis fora da especificação provocam formação de verniz, entopem orifícios e alteram a lubrificação interna, prejudicando todo o sistema.

Nos motores GDI, o alerta é ainda maior. A Denso ressalta que, como a ponta do bico trabalha diretamente na câmara de combustão, ela fica exposta à fuligem, altas temperaturas e pressões extremas, tornando o conjunto ainda mais sensível à contaminação. Já a Phinia aponta que o diesel ainda convive com desafios de qualidade e contaminação por água, fatores especialmente críticos nos sistemas Common Rail de alta pressão.

Calibração e codificação: quando cada bico é único

Componente falso de um injetor (Denso/divulgação)
Componente falso de um injetor (Denso/divulgação)

Um ponto técnico fundamental é o processo de codificação dos bicos. Nas fábricas, cada unidade é testada individualmente e recebe um código que registra as mínimas variações entre tempo de resposta e vazão. Esse dado permite que a ECU ajuste o funcionamento com precisão.

Segundo a Denso, sem o código registrado corretamente no scanner, a central não consegue compensar essas diferenças, o que compromete suavidade, consumo e emissões. A Bosch reforça que bicos sem código, ou peças paralelas com códigos genéricos, impedem a equalização ideal do motor.

O que vem pela frente?

(Denso/divulgação)
(Denso/divulgação)

O futuro dos bicos injetores aponta para pressões ainda mais altas, chegando a 500 bar nos sistemas de injeção direta de gasolina e ultrapassando os 2.700 bar no diesel. A Bosch explica que o objetivo é melhorar a atomização e garantir emissões reduzidas, especialmente quanto às partículas ultrafinas produzidas pelos motores GDI modernos.

A Phinia comenta que essa nova fase também envolve ligas metálicas avançadas, revestimentos anti-depósito e geometrias internas que reduzam atrito e melhorem durabilidade, mesmo em condições desafiadoras como as encontradas no combustível brasileiro.

Manutenção: o que realmente importa na oficina

Para as três fabricantes, a vida útil do bico injetor começa muito antes de qualquer intervenção mecânica. Riquero, da Bosch, destaca que o uso de filtros de combustível de qualidade e trocados no prazo é, de longe, o maior fator de durabilidade. Ele lembra que orientar o cliente sobre combustível limpo também faz parte da manutenção preventiva.

Passos, da Denso, chama a atenção para outro detalhe importante, evitar limpezas agressivas ou uso indiscriminado de ultrassom, já que muitos bicos modernos não toleram esse tipo de procedimento. Já Marcos Passos, da Phinia, reforça que, antes de condenar um bico, é essencial validar pressão da bomba, retorno, estanqueidade e equalização, seguindo sempre um diagnóstico sequencial.

O bico injetor dos motores modernos

Com pressões cada vez mais elevadas, tolerâncias microscópicas e integração total com a ECU, o bico injetor se consolidou como um dos componentes mais críticos do motor moderno. A visão de Bosch, Denso e Phinia revela que a próxima década será marcada por ainda mais precisão, novos materiais e desafios relacionados à qualidade de combustível e à capacitação das oficinas.

Em um sistema tão sensível, o bico injetor permanece como o guardião da eficiência e da longevidade do motor, um pequeno componente que exerce um papel gigantesco na performance e na confiabilidade dos veículos atuais.

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AMMA Next discute caminhos para ampliar diversidade no setor automotivo

Evento reuniu profissionais da indústria para tratar de inclusão, tecnologia e futuro dos negócios

O 1º AMMA Next, realizado na sede da FIESP em São Paulo, reuniu cerca de 150 profissionais para discutir diversidade como elemento estratégico para o setor automotivo. A presidente da AMMA, Carla Nórcia, destacou que o encontro funciona como um espaço de construção coletiva. “Um espaço de escuta e construção, onde mulheres se encontram para falar de tecnologia, inovação e futuro”, Nórcia, que participou do 8º Congresso Brasileiro do Mecânico, ainda ressaltou que o AMMA Next não é apenas uma causa feminina: “não é só pelas mulheres: é pelo setor automotivo”.

As apresentações abordaram temas como inteligência artificial, sustentabilidade, formação de talentos e transformação de mentalidades, com participações de especialistas como Marcelo Gabriel, Ana Carolina Albuquerque e Cristiana Arcangeli. O evento também promoveu dinâmicas de integração e networking entre representantes de toda a cadeia automotiva.

A AMMA reforçou que o movimento busca fortalecer a representatividade e estimular mudanças culturais no mercado. A primeira edição contou com apoio e patrocínio de empresas como Compre Sua Peça, Schaeffler, Mombesani, Sampel, INDISA, MTE-THOMSON e Perfect.

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Umicore inaugura nova linha de produção de catalisadores

 

A Umicore, referência global em materiais circulares, inaugura uma nova linha de produção de tecnologias de catalisadores automotivos para veículos leves em sua planta localizada em Americana (SP).

A nova linha aumenta significativamente a capacidade de produção da planta utilizando as tecnologias mais recentes e reforça a posição histórica da Umicore como um parceiro confiável, com uma atuação equilibrada para atender às necessidades de mobilidade limpa de seus clientes na região.

 

 

As novas tecnologias adotadas na linha garantem mais eficiência, precisão e rastreabilidade em todo o processo de produção dos catalisadores automotivos da Umicore. Além disso, a operação é totalmente sustentada por fontes de energia renovável, motores de alta eficiência e fornos elétricos, reforçando o compromisso ambiental da empresa. A nova linha, que já está em funcionamento, também gerou um aumento de 10% no número de empregos na planta.

“A nova linha amplia nossa capacidade de atender o Brasil e a América Latina com as mais avançadas tecnologias de controle de emissões para veículos leves, em linha com nossa estratégia para a região. A combinação entre eficiência produtiva e sustentabilidade fortalece o papel da Umicore em oferecer soluções e tecnologias confiáveis que contribuem para a preservação do meio ambiente”, afirma Robert Gaskell, diretor da unidade de Catalisadores Automotivos da Umicore no Brasil.

 

 

Para garantir excelência operacional, os colaboradores receberam treinamento especializado com especialistas da Umicore na Alemanha e na Polônia, além de capacitações locais no Brasil conduzidas por profissionais internacionais.

A linha foi projetada e equipada para fabricar tecnologias de catalisadores automotivos que atendem às três fases do Proconve L8 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – Leves 8). Esse investimento consolida a posição da Umicore como parceira estratégica e tecnologicamente alinhada à indústria automotiva brasileira, apoiando os resultados comerciais obtidos pela Unidade de Negócios de Catalisadores Automotivos da Umicore no primeiro semestre deste ano no segmento de veículos leves, especialmente no Brasil.

 

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Como analisar os sinais elétricos dos injetores – Renault Kardian

Falhas no funcionamento do motor podem ser causadas por problemas na injeção de combustível

 

Kardian tem motor turbo três cilindros e câmbio de dupla embreagem, mas será que é bom? Veja Raio X

 

Para que a quantidade e o tempo de injeção de combustível sejam corretos, a ECU precisa enviar os sinais elétricos adequados para as válvulas injetoras. Pensando nisso, a revista O Mecânico mostra como analisar esses sinais elétricos para o Renault Kardian.

Os valores e formatos de onda apresentados são válidos para o SUV da fabricante francesa que vem equipado com o motor 1.0 turbo de três cilindros e código HR10, que desenvolve 125 cv de potência máxima com torque máximo de 22,4 kgfm. A revista O Mecânico já fez a desmontagem e montagem desse motor.

Para iniciar o diagnóstico, é preciso verificar os valores de tensão nos pinos das válvulas injetoras, comparando os dados obtidos do veículo testado com os valores de referência, obtidos com o motor aquecido e em marcha lenta.

 

 

Depois, é necessário fazer a comparação dos valores de tensão nos pinos das válvulas injetoras na condição de motor aquecido e em aceleração rápida.

 

 

Mecânico Pro

 

 

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domingo, 23 de novembro de 2025

Grupo Renault inaugura novo centro de desenvolvimento de baterias na Europa

Local foi criado para acelerar o desenvolvimento de tecnologias aplicadas a veículos elétricos

 

 

O Grupo Renault, através de sua divisão de tecnologia para veículos elétricos Ampere, inaugurou seu novo centro de desenvolvimento de baterias chamado de Laboratório de Inovação em Células de Bateria, voltado para aumentar a competitividade do Grupo Renault no desenvolvimento de veículos elétricos.

 

 

A nova instalação fica localizada em Lardy, na França, e tem área total de 3.000 m² distribuídos em dois andares. O laboratório possui mais de 120 equipamentos de alta tecnologia e concentra duas atividades principais, o desenvolvimento de protótipos de células e testes eletro-físico-químicos, para avaliar o desempenho e comportamento de elementos de bateria em durabilidade, carregamento rápido, desmontagem e análises internas.

 

 

Nicolas Raquette, diretor de engenharia de veículos elétricos da Ampere, disse: “O Laboratório de Inovação em Células de Bateria é um componente fundamental da nossa estratégia de baterias. Ele permite melhorar o desempenho e fortalecer nossas capacidades de avaliação dos componentes.”

 

 

Segundo a Ampere, o objetivo principal do novo centro tecnológico é acelerar a identificação de soluções tecnológicas para o desenvolvimento de baterias, desde controle de processos até a produção em série dos componentes.

 

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sábado, 22 de novembro de 2025

Bosch inicia operação de caminhão movido à célula de hidrogênio na planta de Nuremberg

Uso do hidrogênio em situações reais vai ajudar a empresa a coletar dados para aprimorar o sistema

 

 

A Bosch iniciou a operação, no tráfego interno de sua planta em Nuremberg, na Alemanha, de um caminhão elétrico movido à célula de hidrogênio utilizando o módulo Bosch FCPM (Fuel Cell Power Module – Módulo de Energia de Célula de Combustível). Segundo a fabricante, a adoção de sua própria tecnologia reforça o compromisso da empresa com soluções mais sustentáveis.

O sistema de célula de combustível converte hidrogênio e oxigênio em água e eletricidade, permitindo o funcionamento elétrico do caminhão de 40 toneladas. O veículo utilizado é um modelo da Iveco com autonomia de até 800 km, operado pela transportadora Schäflein para a operação logística da Bosch.

 

 

Segundo a fabricante, esse é o primeiro caminhão equipado com o FCPM da empresa a ser utilizado em operação real na Europa. O veículo conta com cinco tanques que armazenam até 70 kg de hidrogênio a 700 bar, alimentando um sistema de célula de combustível com potência superior a 272 cv. A energia gerada impulsiona o eixo de tração elétrico, e o sistema ainda possui duas baterias que funcionam como reservas auxiliares. No total, o conjunto atinge 544 cv de potência máxima, com capacidade bruta de até 44 toneladas.

A expectativa da Bosch é que o veículo percorra aproximadamente 12 mil km por ano no transporte de produtos da própria fábrica, reduzindo emissões de CO₂ pela substituição do diesel pelo hidrogênio. Além do ganho em sustentabilidade, o objetivo principal é coletar dados reais de uso para melhorar os futuros sistemas de propulsão movidos à célula de combustível.

 

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sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Como analisar os sinais de ativação da bomba de combustível – Motor 1.4 TSI VW/AUDI

Falhas na bomba de baixa pressão podem causar insuficiência na alimentação de combustível

 

 

No sistema de alimentação de combustível dos veículos com injeção direta, a bomba de baixa pressão tem a função de levar o combustível do tanque até a bomba de alta pressão, para que ele seja injetado na câmara. Pensando nisso, a revista O Mecânico mostra como analisar os sinais elétricos de ativação da bomba de combustível de baixa pressão do motor 1.4 TSI.

Esse motor, da família EA211, equipou e ainda equipa diversos veículos da Volkswagen e Audi, incluindo T-Cross, Virtus, Taos, Tiguan, A3, Q3 e outros. Atualmente, esse motor entrega 150 cv e 25,5 kgfm de torque. Os valores apresentados são válidos para a configuração flex desse propulsor.

Para iniciar o diagnóstico, é preciso medir o sinal do pino 1 da bomba de baixa pressão, que é o sinal de ativação comandado pela ECU. Como é uma bomba pilotada, a corrente não se mantém no limite máximo o tempo todo. Os valores de referência foram obtidos com o motor aquecido, abastecido com gasolina e em marcha lenta.

 

 

Depois, a recomendação é comparar o sinal do pino 5 da bomba de baixa pressão com os valores de referência, que é o sinal de comunicação entre a ECU do motor e a bomba de combustível. Os valores de comparação também foram obtidos com o motor aquecido, abastecido com gasolina e em marcha lenta.

 

 

Mecânico Pro

 

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