Derivado do Fit, SUV de entrada da marca adota novos itens de segurança na linha 2021
O Honda WR-V surgiu no início de 2017 para ocupar a lacuna entre Fit e HR-V na gama da fabricante de origem japonesa. Após pouco mais de 3 anos e meio de mercado, a linha 2021 do SUV de entrada da marca recebeu novidades no visual e no pacote de equipamentos de segurança e comodidade.
As mudanças incluem faróis em LED com projetor, nova moldura para os faróis de neblina, grade redesenhada, moldura da placa na cor da carroceria e lanternas em LED. O para-choque traseiro tem novo desenho e está 67 mm mais comprido, a fim de proteger melhor a tampa traseira de pequenos impactos. Ao todo, o comprimento total passou a 4.068 mm.
Uma das principais novidades desta renovação está na adoção de controles de estabilidade e tração como itens de série para o modelo – anteriormente, não estavam disponíveis nem como opcionais. O WR-V passa a contar também com assistente de saída em rampas e sinalização de frenagem de emergência, que aciona o pisca-alerta três vezes em desacelerações bruscas. Outros equipamentos inéditos são sistema de ajuste elétrico de altura dos faróis e alerta de perda de pressão dos pneus.
O motor segue o mesmo 1.5 16V flex de 116/115 cv de potência e 15,3/15,2 kgfm de torque (E/G), sempre acoplado ao câmbio automático do tipo CVT com simulação de 7 marchas. Novidade é a chegada de borboletas no volante para as trocas manuais. O consumo declarado no padrão do Inmetro é de 8,1 km/l na cidade e 8,8 km/l, na estrada, com etanol. Com gasolina, na ordem, as médias são de 11,7 km/l e 12,4 km/l.
A linha 2021 do WR-V é vendida nas versões LX (R$ 83.400), EX (R$ 90.300) e EXL (R$ 94.700). Para detalhar as condições de manutenção e reparabilidade da configuração topo de linha do WR-V 2021, contamos com o auxílio do mecânico Maurício Marcelino, proprietário da oficina Auto Mecânica Louricar, na Zona Sul de São Paulo/SP.
BOM ESPAÇO
Ao abrir o capô, Maurício destaca o bom espaço para o mecânico trabalhar. “A frente mais avançada e alta em relação ao Fit acabou melhorando o acesso aos componentes”, conta. Um dos exemplos é o acesso às velas e bobinas (1), onde não é preciso remover a grelha plástica abaixo dos limpadores de para-brisa (popularmente conhecida como “churrasqueira”).
Ao contrário da dupla Fit e City, que utiliza o mesmo motor 1.5 flex, o WR-V conta com velas de ignição convencionais, com a ponta do eletrodo feita de níquel (2a) – no monovolume e no sedã, são de irídio. O intervalo de substituição é a cada 40 mil quilômetros no SUV, onde as velas originais NGK têm código FR6F-11DK (2b). Para efeito de comparação, as peças de Fit/City têm substituição prevista a cada 60 mil quilômetros, com o código DIFR6D11D. Enquanto cada vela convencional tem o preço sugerido no site oficial da Honda de R$ 41,77, a unidade da vela de irídio é vendida por R$ 129,31.
Consultada pela reportagem sobre a mudança na especificação da vela entre os projetos, a Honda do Brasil explica que houve maior liberdade na escolha dos componentes do WR-V por ser um modelo desenvolvido localmente. “Neste processo, a vela de níquel, amplamente utilizada no mercado local, se mostrou a melhor opção. Como a calibração do WR-V é exclusiva, não é recomendável usar velas de irídio nele, assim como não se deve usar níquel no Fit e City. Cada projeto teve sua calibração projetada levando em conta as peculiaridades do seu sistema de combustão”, detalha a Engenharia da fabricante, em nota.
Na opinião de Marcelino, a bateria (de 47 Ah) poderia trazer o sistema de engate–rápido no polo negativo (3), já comum em outros carros. “Esse dispositivo dispensa o uso de chave”, explica. Aspecto negativo ressaltado por Maurício é a ausência de pintura no cofre do motor e na face interna do capô. “Não é um acabamento esperado para um carro nessa faixa de preço”, opina o mecânico.
“A visualização do nível do reservatório do líquido de arrefecimento (4) não é tão acessível. Mas é um sistema que não costuma apresentar problemas na linha japonesa”, revela o mecânico. A substituição do fluido de arrefecimento é recomendada pela Honda apenas a cada 200 mil km. O produto homologado pela marca é o anticongelante Honda tipo 2, que vem pronto para aplicação (já diluído em água desmineralizada na proporção 50/50). A capacidade total do reservatório é de 4,54 litros.
“A dificuldade de observação do nível do líquido de arrefecimento pode prejudicar uma ação preventiva, no caso de um pequeno vazamento, que drena lentamente o reservatório. Ponto negativo para a marca, na minha opinião”, conta o professor de Engenharia Mecânica e consultor técnico da Revista O Mecânico, Fernando Landulfo.
Para ter acesso ao servo-freio e cilindro-mestre, basta remover a caixa do filtro de ar (5) – este com troca prevista para cada 20 mil quilômetros ou 24 meses. O fluido de freio (DOT 3 ou DOT 4) deve ser substituído a cada 36 meses, independentemente da quilometragem. O corpo de borboleta (6) também tem bom acesso, segundo Marcelino, assim como os dois sensores de oxigênio. Já para realizar a troca do radiador, é necessária a remoção do para-choque. O mecânico destaca ainda a boa localização da central do sistema ABS, que nesta renovação do WR-V ganhou a adição dos controles de estabilidade e tração, além do assistente de saída em rampas – o conjunto é chamado pela Honda de VSA.
O sistema de sincronismo do 1.5 flex da Honda é feito por meio de corrente, projetada para ter a mesma vida útil do motor. A correia de acessórios possui acesso fácil para a substituição, de acordo com o mecânico. A inspeção visual da correia e do tensionador é recomendada pela Honda para cada 20 mil quilômetros. Segundo a fabricante, não há prazo fixo estipulado para a troca destes componentes. “O período varia muito de acordo com a condição de uso. Se o veículo for usado de forma suave, a correia e o tensionador vão durar por um tempo maior. Esse conceito se aplica à maioria dos itens de desgaste, como pneu, pastilha/disco e embreagem”, explica a Honda, em nota. Outros componentes com boa localização são o compressor do ar-condicionado e o alternador (7).
A captação de ar é bem alta no WR-V, uma solução bem pensada na visão do mecânico. “Isso reduz o risco de aspiração de água para o motor em caso de transposição de enchente, o que pode levar a um calço hidráulico. Lembro que nos Fit de primeira geração a captação era logo abaixo do para-lama”, afirma Marcelino.
Outro aspecto ressaltado pelo mecânico é a facilidade de acesso aos soquetes para a substituição de lâmpadas dos faróis (8), que trocaram o conjunto monoparábola com luzes halógenas do WR-V anterior por bloco elíptico com luzes em LED. Na traseira, as lanternas são divididas em duas peças. Para trocar as luzes do prolongamento na tampa (lanternas e luz de ré), basta remover uma tampa plástica com a chave phillips. Já na peça principal, é preciso remover os dois parafusos de fixação e retirar o conjunto da lanterna para fora da carroceria.
A troca do filtro de ar-condicionado (9), também conhecido como filtro anti-pólen, é simples como em outros modelos da Honda. Para ter acesso ao componente, basta apertar as laterais do porta-luvas aberto para destravar as linguetas e baixá-lo. A caixa do filtro fica logo atrás do porta-luvas, envolta por uma tampa presa por duas presilhas. O filtro de cabine deve ser encaixado com a posição da seta indicadora de direção do fluxo de ar apontando para baixo. A substituição é indicada pela Honda a cada 20 mil quilômetros ou em intervalo menor caso detecte-se que o componente esteja saturado.
ALERTA DE PRESSÃO DOS PNEUS
Novidade da linha 2021 do WR-V é o sistema de advertência de baixa pressão dos pneus. O princípio de funcionamento no Honda é o sistema indireto, onde o cálculo é feito pelo sensor de velocidade de roda do sistema ABS. O recurso monitora e compara o ângulo de rolagem e os valores rotacionais de cada roda e pneu para determinar se um (ou mais) pneu está com baixa pressão.
Desta forma, não há sensores individuais integrados à válvula de cada pneu (como ocorre no sistema direto), o que diminui o custo de manutenção. Desvantagem deste sistema indireto é a necessidade de configurar o alerta a cada parada para recalibrar (por meio de um botão no painel) e a ausência de indicação exata de pressão em cada pneu.
De acordo com a Honda, após a correta aferição da pressão dos pneus e “reset” do botão no painel (10), a calibração do sistema é completada após cerca de 30 minutos de condução a velocidades entre 40 km/h e 100 km/h. No WR-V, quando o motorista configura a nova pressão, a luz-espia do sistema (amarela, com sinal de exclamação dentro de um pneu) pisca duas vezes. Em caso de pneu com baixa pressão durante a rodagem, a mesma luz acende e permanece desta forma até a verificação pelo motorista. Caso seja necessária a reposição do pneu, o torque de aperto recomendado das porcas das rodas é de 108 nm.
UDERCAR
O WR-V traz proteção plástica em substituição ao protetor de cárter de aço. Sem o componente, é possível ter fácil acesso ao filtro de óleo (11). A troca do óleo (e filtro) do motor deve ser feita a cada 10 mil quilômetros ou 12 meses – em caso de uso severo, o intervalo é reduzido pela metade. O fluido utilizado deve ter especificação SAE 0W-20 API SM ou superior. Incluída a troca do filtro, são necessários 3,6 litros ao todo.
O motor de partida também tem bom acesso para manutenção, assim como o coxim inferior do motor (12). A caixa de câmbio e o trocador de calor da caixa também estão bem localizados, “com boa distância em relação ao eletroventilador”, observa o mecânico. A troca do fluido da caixa CVT deve ser feita a cada 40 mil quilômetros ou 36 meses. O fluido homologado possui especificação Honda HCF-2 e, para a troca, são necessários 3,4 litros.
A suspensão dianteira, do tipo McPherson (13), não traz surpresas, com os elementos já conhecidos pelos mecânicos. Com maior altura do solo em relação ao Fit, o WR-V traz barra estabilizadora mais espessa, amortece-dores com batente hidráulico e buchas específicas. Vantagem da maior altura é o acesso facilitado (14) à manutenção de itens da suspensão. “Nos antigos Fit, para fazer a troca das buchas da barra estabilizadora, era necessário baixar todo o quadro de suspensão. Agora, o mecânico tem acesso para soltar os parafusos. Ficou muito bom”, observa Marcelino.
A troca dos amortecedores dianteiros exige a remoção dos limpadores de para–brisa e da “churrasqueira”, já que a fixação superior destas peças fica abaixo dela. “Com o passar do tempo, as presilhas plásticas acabam ressecando e dificultando a remoção e encaixe dessas peças”, conta Marcelino. Na traseira, o WR-V traz eixo de torção derivado do utilizado no HR-V, de acordo com a Honda. O sistema de freios (com discos ventilados na dianteira e tambor, na traseira) não teve alterações.
Como em outros carros que compartilham plataforma com o Fit (City e HR-V), o tanque de combustível do WR-V é localizado na parte central do undercar, abaixo dos bancos dianteiros. A solução foi adotada para permitir várias formas de rebatimento do banco traseiro. “Para fazer a manutenção da bomba de combustível, é preciso desmontar o console central, na região da alavanca de câmbio”, explica.
O filtro de combustível (15) tem acesso simples, na região próxima ao tanque. A troca é recomendada para cada 10 mil quilômetros ou 12 meses. O cânister (16), por sua vez, fica alojado próximo ao compartimento do estepe.
Após conhecer o WR-V 2021, o veredicto de Maurício Marcelino é positivo. “Gostei muito do espaço para trabalhar, tanto no cofre do motor, quanto na parte de suspensão. A Honda parece ter pensado nos mecânicos”, elogia.
Questionado se o WR-V necessita de alguma ferramenta especial para a manutenção, o mecânico ressalta a importância do scanner. “Para reparar os carros atuais, o mecânico precisa de uma boa ferramenta de diagnóstico. Este carro tem muitos equipamentos eletrônicos. Com um scanner de boa qualidade, o mecânico consegue fazer um bom reparo”, explica.
texto: Gustavo de Sá
fotos: Lucas Porto
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