Confira como é a manutenção do coupé premium da Ford com motor V8 Coyote 5.0L; saiba como trabalha o sistema de injeção de combustível indireta e direta ao mesmo tempo
Texto Vitor Lima fotos Vinícius D’angio
O que você faria se um coupé esportivo aparecesse na sua oficina precisando de algum check-up rápido? Por onde você começaria? O Ford Mustang Mach 1, além de trazer as suas linhas agressivas e detalhes que remetem aos modelos Shelby GT350 e GT500, traz a sensação de um muscle car de impacto. E não é para menos, já que por baixo do capô está um motor 5,0 litros, de 8 cilindros em V, que proporciona 480 cv a 7.250 rpm e 56,73 kgfm a 4.900 rpm. Vale lembrar que toda essa potência é gerada pelo motor naturalmente aspirado.
As trocas de marchas ficam por conta da transmissão automática de 10 velocidades que possui uma nova calibração. Também é possível realizar as trocas de maneira manual por parte do condutor, já que atrás do volante estão posicionados os paddle shifts. Outro detalhe que chama atenção no Mustang é a existência de sete modos de condução, permitindo que o veículo se adapte as diferentes situações. O motorista pode escolher entre modo normal, esportivo, esportivo +, neve/molhado, pista, drag e o my mode, esse último permite a configuração de vários aspectos do carro como, por exemplo, o som emitido pelo sistema de escape, o comportamento da suspensão, entre outros.
Abordando a suspensão do V8 esportivo, a Ford optou pelo sistema eletrônico adaptativo, MagneRide. Para o Mach 1 2022, a fabricante realizou uma calibração diferente, fazendo com que o conjunto de amortecedores que, trabalham com fluido viscoso eletromagnético e sensores, realizem mais leituras por segundo, permitindo que seja feito o ajuste mais preciso do comportamento da suspensão nas situações de rodagem e modos de condução. Outro componente que auxilia a dinâmica esportiva do Mustang são as barras estabilizadoras mais rígidas, permitindo que o modelo mantenha o desempenho em curvas.
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Na parte de dentro do veículo, o painel de instrumentos de 12 polegadas é totalmente digital e permite a alteração das cores e dos indicadores exibidos. A central multimídia de 8 polegadas possui o sistema da Ford SYNC 3, com conexão para Android Auto e Apple Car Play, além da possibilidade de receber comandos por voz evitando que o condutor retire umas das mãos do volante para manuseio da central.
Dentre os sistemas de auxílio a condução que estão presentes no Ford Mustang Mach 1, o assistente autônomo de detecção de pedestres informa a presença de pessoas a frente do carro e sinaliza de maneira visual no painel de instrumentos e por meio de sinais sonoros. Assistente de permanência em faixa e alerta de colisão, podendo acionar os freios automaticamente caso o sistema identifique um impacto iminente.
Para analisar as condições de manutenção do Ford Mustang Mach 1, que tem um valor sugerido de R$ 576.490, a Revista O Mecânico convidou Cássio Yassaka, proprietário da oficina Cassio Serviços Automotivos, em São Paulo/SP, especializada em veículos premium.
Por baixo do capô
Logo ao abrir a tampa do motor, Cassio Yassaka elogia o amplo espaço no cofre para mexer no motor: “Ele segue a linha de carros americanos, que geralmente contam com motor de maior volume e que buscam um cockpit grande. O mecânico as vezes pode ter um pouco de dificuldade por ter que se alongar mais para acessar um componente. Dependendo do componente, há necessidade de desmontar alguma peça superior para ter acesso”.
Um detalhe que chama atenção é a barra de reforço estrutural (1). Na cor prata, ela é fixada na estrutura onde ficam as torres dos amortecedores, ambos têm fixação superior e com acesso facilitado (2).
Próximo da torre dos amortecedores, está a caixa com a bateria de 12V do Mustang (3) que é do tipo EFB com 56Ah e 590A de CCA. Ainda do lado direito do veículo, é possível ver a caixa de fusíveis (4). Na maioria dos carros, ela fica localizada no lado esquerdo.
Ao citar o sistema de injeção de combustível para o Ford Mustang, Yassada informou que a alimentação é feita de forma direta e indireta. Ou seja, o motor Coyote faz utilização dos dois tipos de sistema: “O Ford usa a injeção indireta nos coletores, aproveitando essa parte de depressão do motor. Quando é necessário maior performance ou o torque imediato, a injeção direta atua. O processo é ao contrário de alguns modelos europeus que trabalham com injeção direta em marcha lenta, e em alta a indireta”.
Ainda sobre injeção de combustível, a bomba de alta pressão fica localizada do lado direito, acima da tampa de válvulas e logo abaixo da barra de reforço estrutural (5). Há também uma manta acústica para proteção do componente.
As bobinas de ignição são do tipo pencil coil e podem ser acessadas de maneira simples (6), com exceção das que ficam atrás dos cilindros e que para serem acessadas exigem a retirada de outros componentes que a cobrem. As velas de ignição devem ser substituídas a cada 60 mil km.
Sobre a lubrificação do motor, a tampa do bocal para enchimento de óleo do motor está do lado direito do veículo (7) e a vareta para verificação de nível fica do lado esquerdo (8). O fluido lubrificante utilizado é o Motorcraft 5W-30 API SP com especificação WSS-M2C961-A1 e a substituição deve acontecer a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. Para a quantidade de óleo utilizado, o sistema necessita de 9 litros sem o filtro e 9,5 litros contando o filtro de óleo.
O reservatório do líquido de arrefecimento possui acesso facilitado (9) e a sua tampa possui uma válvula para equalizar a pressão do sistema (10). O fluido de arrefecimento utilizado é o WSS-M97B57-A2 pré-diluído na proporção de 50% de água desmineralizada por 50% de aditivo. A capacidade do sistema está em torno de 14,4 litros e a primeira substituição ocorre com 322 mil km ou 10 anos. Após, as demais trocas devem acontecer a cada 160 mil km ou 5 anos.
Yassada pontua os cuidados para se ter com o fluído do radiador. “Eu recomendo que seja feito a parte de drenagem com o radiador para manter a água neutra ou alcalina, nunca ácida. Pois, a acidez é a maior causadora de problemas na válvula termostática, no radiador e trocadores de calor, criando a deterioração de termoplásticos, alumínios e componentes”.
O mecânico também informou que o sistema de frenagem do Mustang Mach 1 é forte. Ele elogiou o acesso facilitado ao módulo de ABS (11) e ao reservatório do fluído de freio. Este que possui recomendação para uso do DOT 4 LV com especificação WSS-M6C65-A2. A substituição ocorre a cada 36 meses, independente da quilometragem. O muscle car da Ford possui freio a disco nas 4 rodas com sistema de pinça de freio da Brembo com 6 pistões para o eixo dianteiro.
O profissional pontuou de maneira geral a facilidade de manutenção nesse tipo de motor: “Esse conjunto é muito simples, apesar de ser um V8 puro, ele possui um sistema eletrônico mais apurado na parte do comando variável, tendo recursos a mais. Porém, coletor variável não tem, a bomba d’água é mecânica, é muito tranquilo mexer nesse carro. O mecânico não vai ficar preocupado com muita tecnologia”.
Outro detalhe é que na parte da programação interna, com o câmbio automático de 10 velocidades conjugado com o torque, é possível que o profissional consiga maior elasticidade com o motor. “Você tem performance quando necessário e um motor em regime mais calmo quando está no trânsito. Você consegue mudar desde o som de escapamento, performance de suspensão, mas aqui na parte motriz, a mecânica não tem muita novidade, não há problemas de manutenção. É um motor com distribuição por corrente, não precisam ficar incomodados”, explica Yassada.
O Mach 1 possui mais de uma correia (12). Para a que faz o acionamento dos acessórios, a recomendação é de verificar a cada 10 mil km ou 12 meses e substituir se necessário. Já para a correia motriz dos acessórios, a substituição deve ocorrer a cada 150 mil km ou 6 anos, o que ocorrer primeiro.
Há muitos sensores para fazer o controle de diferentes parâmetros no Ford Mustang, porém, o especialista em carros premium salientou a existência do controle de detonação. “Ele tem uma taxa de compressão de 12:1. Quando há mudança do mapeamento, ocorre um controle mais apurado da detonação na câmara de combustão. Isso é importante, pois além de ser um componente que evita possíveis problemas, ele preserva as válvulas injetoras que são bem resistentes”.
Com relação a admissão de ar, o filtro de ar do motor está bem localizado (13), o mecânico não tem nenhuma dificuldade em substituir o componente quando necessário. O corpo de borboletas (TBI) também é fácil de ser visualizado e acessado (14). A recomendação para troca do componente é a cada 30 mil km, e em caso de uso severo ou situações de tráfego com o veículo em regiões com muita poeira, faça a substituição com maior frequência.
O profissional também fez uma recomendação importante para este tipo de veículo: “É necessário que o mecânico e motorista fiquem atentos as trocas de fluidos. Faça a troca de maneira geral, desde a água do radiador, fluido de freio, óleo de motor, diferencial, entre outros”.
Carro no elevador
Após subir o Mustang Mach 1 no elevador, o mecânico analisou as entradas de ar existentes no para-choque dianteiro, que direcionam o ar para locais específicos, ajudando na refrigeração dos componentes. “No para-choque existem várias tomadas de ar para fazer a refrigeração de freios, trocador de óleo do motor e óleo de câmbio”. O mecânico informa os problemas que podem ocorrer no caso de o para-choque ser danificado e não sofrer o reparo corretamente. “Caso haja batida, e seja esquecido de colocar algumas aletas, tal descuido pode provocar problemas sérios como perda de eficiência de freios, aquecimento do motor, inclusive do câmbio. Tem que levar a sério essas tomadas de ar, encaixadas corretamente no lugar”.
Destaque nas tomadas de ar destinadas para refrigeração dos freios (15) e para as laterais, que são destinadas aos dois radiadores existentes no Mustang (16). O radiador de óleo do câmbio fica localizado no lado direito do veículo, e no lado esquerdo serve para abaixar a temperatura do filtro de óleo do motor.
Ao fazer o caminho das tubulações do trocador de calor para o filtro de óleo, é capaz de perceber que elas são conectadas no filtro de óleo do motor. Este último precisa ser substituído a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro.
Na parte de suspensão há um sensor de altura (17). Os amortecedores possuem um conector elétrico em sua base (18), responsável por realizar a alteração entre os modos selecionados pelo condutor.
O mecânico comenta sobre a suspensão dianteira ser do tipo McPherson, porém, com a existência de um braço superior e outro inferior: “É um pouco diferente, pois, provavelmente é para trazer maior esportividade na condução do veículo. Você percebe que há maior angulação, o cáster é bem pronunciado”.
A suspensão traseira do Mach 1 é bem construída e possui diferentes braços em sua arquitetura tanto inferiores (19), quanto superiores (20). A mola para o sistema de suspensão é localizada na bandeja inferior (21). “Isso tudo serve para fazer o ajuste ou a compensação dinâmica de alinhamentos, geometria de direção. Com certeza, para sair de traseira esse carro vai demorar mais. O carro é muito seguro e firme. A barra estabilizadora é mais grossa que os modelos anteriores, isso traz mais rigidez no eixo traseiro para não torcer tanto o eixo traseiro”, informa o profissional.
O motor elétrico da caixa de direção é acessível ao mecânico (22). “Possivelmente aqui você tem algum módulo para controlar a leveza e a rigidez da direção. No modo esportivo ela fica mais firme, no modo normal ela fica mais leve para o uso na cidade”, comenta o mecânico.
Ao analisar o cárter do motor, o profissional comentou que ele é composto por polímero plástico (23) e o bujão de dreno de óleo é de engate rápido. “Para drenar o óleo você não vai precisar de ferramenta. Basta puxar e virar. Talvez esse bujão deva ficar aqui apoiado no momento do escoamento do óleo”.
A caixa do câmbio automático também possui o cárter em polímero plástico. O fluido para transmissão é o Mercon ULV WSS-M2C949-A e possui recomendação para substituição a cada 240 mil km ou 15 anos. A capacidade do sistema é de 13,1 litros. Em cada lado da caixa é notável a existência de um catalisador, totalizando dois (24). Cada um, ao lado do câmbio, tem uma sonda lâmbda (25).
O filtro de combustível fica do lado esquerdo (26), próximo do silencioso intermediário. A troca deve ocorrer a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro.
Acima do sistema de exaustão, é possível ver o eixo cardã, que vai da caixa de câmbio para o diferencial no eixo traseiro (27). O diferencial traseiro deve passar por inspeções a cada 240 mil km e a substituição do lubrificante é feita apenas quando necessário (28).
Há um radiador de óleo para o diferencial traseiro em conjunto com uma bomba de circulação (29). Para que haja a troca de calor, o fluxo de ar para o componente parte pelas tomadas de ar e ficam na parte de baixo do veículo, na parte traseira (30).
No final do escapamento do veículo, as ponteiras possuem furações internas, servindo como pequenos abafadores de ruído (31). Os modos de seleção de sobre o ruído emitido pelo sistema de escape é modificado através de uma borboleta no sistema de exaustão (32). Elas são posicionadas apenas nas saídas internas de cada lado. Há um motor elétrico acima dessas saídas para que ocorra essa modificação.
Ao final da análise, Yassada aprovou a manutenção com o Ford Mustang Mach 1. “Na manutenção não há nada complicado, os sistemas possuem mais tecnologia. Problemas que tínhamos nos modelos anteriores foram sanados. Esse modelo está muito melhor. Adversidade na manutenção vocês não terão, porém, se ocorrer algum problema por falta de manutenção há necessidade de conhecimento dessa nova tecnologia. Os trocadores de calor do câmbio, óleo de motor, precisam de atenção ao fluido recomendado pela montadora. Quando for necessário substituir os fluidos de qualquer veículo, desde arrefecimento, caixa de câmbio, caixa de transferência, diferencial, fluido de freio, sempre atenda as normas do fabricante. Os fluidos não são iguais para todos os carros”.
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