Modelo importado chegou ao mercado com uma publicidade agressiva para tentar conquistar os clientes do sedã da Toyota, além de ter autonomia que supera os 1.200 km e motorização eletrificada de 235 cv
texto Felipe Salomão fotos Alexandre Villela
Lançado recentemente, o BYD King chegou ao mercado brasileiro com a missão de desafiar a liderança de vendas do Toyota Corolla. Para isso, a marca chinesa adotou uma estratégia ousada e agressiva de preços e publicidade para atrair os clientes do tradicional sedã japonês. Contudo, esse plano parece ainda não ter surtido efeito, uma vez que o modelo ainda não deslanchou nas vendas. O “Rei das Ruas”, como é chamado pela própria fabricante, teve apenas 384 unidades vendidas em agosto passado, o que o deixou atrás do Nissan Sentra, com 485 unidades, e, claro, do líder da categoria, o Toyota Corolla, com 3.515 unidades, segundo dados da Fenabrave.
A Revista O Mecânico, que no começo do ano avaliou o Corolla e que pode ser conferido em nosso site, fez um Raio X do King para entender se, tecnicamente, o sedã chinês consegue superar o modelo da Toyota, visto que nas vendas isso ainda não aconteceu. Vale pontuar que o BYD King é vendido por R$ 175.800 na versão GS e por R$ 187.800 na configuração GS. Já as opções híbridas do Corolla custam entre R$ 187.790 e R$ 198.890.
Dados do BYD King
Sob o capô, o BYD King combina dois motores: um a combustão e outro elétrico, que juntos entregam até 235 cv. O consumo é de 25,6 km/l. Apenas no modo elétrico, utilizando a bateria de 18,3 kWh, é possível rodar até 100 km. A autonomia total do veículo é superior a 1.200 km. O tanque de combustível tem capacidade de 48 litros.
Em relação ao tamanho, o sedã chinês mede 4,78 metros de comprimento, 2,71 metros de entre-eixos, 1,83 metro de largura e 1,49 metro de altura, com um porta-malas de 450 litros.
Corações do King
“Eu sou apaixonado pelo Corolla, mas gostei muito das dimensões, uma vez que esse veículo tem bastante espaço para fazer a manutenção. Em relação à BYD, é líder na China e chega aqui com muita tecnologia, que a gente ainda não conhece, o que é muito legal para nós. Claro, vamos ter que estudar sobre as inovações que a marca traz. A autonomia de mais de 1.200 km também vai chamar bastante a atenção do público”, pontuou Mauricio Marcelino, da Auto Mecânica Louricar LM.
Segundo Marcelino, as velas, bobinas e cabos de velas têm fácil acesso; basta tirar o filtro de ar (1). O líquido de arrefecimento para o motor a combustão está do lado direito do cofre do motor (2), enquanto o líquido de arrefecimento da bateria está do lado esquerdo (3), o que ajuda o mecânico a não confundir os dois sistemas. Outros pontos que não têm complexidade para manutenção são os bicos do ar-condicionado e o compressor de alta tensão (4). “Aqui tem muito espaço para mexer, com acesso fácil e sem perigo, pois a parte de alta tensão fica do lado esquerdo e, do lado direito, fica o sistema térmico, que o mecânico pode fazer a manutenção convencional”, destaca Marcelino (5).
O câmbio, inversor e conversor estão do lado direito do veículo, o que facilita a manutenção e também a identificação dos sistemas híbridos. Também há um módulo do motor térmico e o reservatório de freio. “O óleo de freio (6) é corrosivo. Portanto, o cuidado é igual ao de um veículo convencional. Na manutenção, deve-se colocar uma proteção para não respingar lubrificante no sistema elétrico”, destacou.
Em relação ao acesso dos amortecedores, o BYD King tem a famosa churrasqueira (7), o que pode complicar a manutenção. “Hoje, esse plástico está novo, mas com o passar do tempo, com chuva e sol, vai ressecar e pode quebrar. Por isso, o mecânico tem que explicar bem ao cliente sobre a manutenção”, explica Marcelino.
Um ponto que chamou a atenção do especialista foi a falta do servo-freio. “Olha, todos os carros eletrificados que analiso, o primeiro ponto que olho é o servo-freio, visto que pode haver um cabo laranja próximo dele (8), o que fará o mecânico ter que desenergizar o veículo por completo para fazer a manutenção. Todavia, não achei este item neste veículo, que traz uma tecnologia nova que vai auxiliar na frenagem”, disse Marcelino.
Sobre o BYD King poder tirar o Toyota Corolla da liderança, Marcelino pontuou: “Só o tempo poderá responder a essa pergunta. Todavia, a pessoa que está interessada em comprar um veículo eletrifcado terá que andar com o Toyota Corolla e depois com o BYD King. O Corolla, que não é híbrido plug-in, carrega o forte nome da marca. Claro, o BYD King parece ser muito robusto. Contudo, só o tempo poderá dizer”.
Suspensão, bieleta, freio, entre outros…
Os acessos do filtro de óleo, compressor do ar-condicionado, cárter, entre outros pontos, estão protegidos por uma ampla capa plástica (9). Ademais, o BYD King tem um sistema de bandeja convencional, bieletas (10), pivô da suspensão não rebitado (11), sistema de ABS com sensor indutivo (12), além de pinças de freio com pino deslizante convencionais e amortecedores fixados com dois parafusos (13).
Os famosos cabos laranjas estão protegidos, e o sistema de arrefecimento da bateria está integrado ao ar-condicionado (14). O silencioso está do lado direito da bateria, que é generosa e está bem protegida por uma capa protetora. Na traseira, há o sistema da bomba d’água para a bateria (15), reservatório do cânister (16), filtro de combustível (17), tanque de combustível (18), assim como um sistema de suspensão convencional e com a fixação simples dos amortecedores (19). As mangueiras de arrefecimento também estão ligadas ao on-board charger (20), que inverte a corrente alternada para contínua; esse processo gera aumento de temperatura, por isso há esse equipamento.
Embora o BYD King tenha componentes em pontos estratégicos para melhorar a manutenção, a bateria de 12V está do lado direito do porta-malas, escondida por meio de uma proteção acolchoada (21a e 21b). “Existe uma tendência de os veículos serem equipados com bateria de lítio como essa. O cuidado que o mecânico deve ter é que não é o mesmo carregador das baterias convencionais, mas sim um específico. Por isso, não é recomendado fazer a tradicional chupeta nesse veículo. A dificuldade para retirá-la daí é para o profissional que não conhece esse sistema, uma vez que é necessário apresentar a bateria ao sistema do veículo.”
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