Saiba que medidas tomar para reduzir os riscos à integridade física do profissional no dia a dia da oficina; mudanças no ambiente de trabalho e na atitude pessoal são fundamentais
Artigo por Fernando Landulfo | fotos Arquivo O Mecânico
O artigo anterior desta série (Revista O Mecânico ed. 340, agosto/2022) apresentou os principais riscos que expõe a segurança e a saúde do mecânico na realização das suas atividades. No entanto, relevar os problemas é apenas parte da solução. Também é preciso indicar a direção de como eliminar esses riscos. Como assim, apontar para a direção? Não existe uma “fórmula mágica” pronta para uso? Não, infelizmente não há.
Como já dito em ocasiões anteriores, as pessoas pensam de diferentes maneiras. Pois bem, a redução dos riscos de acidente dentro da oficina e a preservação da saúde dos mecânicos está diretamente associada a realização de duas importantes tarefas de “nível macro”.
TAREFA 1: MELHORIA DAS CONDIÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO (SEGURANÇA DO AMBIENTE)
O médico do trabalho e perito, Dr. Raimundo Martins, define condição insegura de trabalho como sendo: “(…) falhas no ambiente de trabalho que comprometem a segurança, podendo levar ao um acidente.
Não devem ser confundidos com os riscos ocupacionais de determinadas ocupações como trabalho em alturas e eletricidade. A condição insegura nestes casos se instala quando não existem ou não são adequados os equipamentos e as normas”.
E quais são esses riscos? De acordo com a Fisioterapeuta Dra. Andréia Fuchs¹ alguns dos riscos envolvidos seriam:
• Iluminação: É imprescindível que o ambiente possua uma iluminação adequada, podendo evitar o efeito surpresa, por exemplo numa regulagem ou ajuste de peças, que podem se soltar e causar acidentes.
• Manutenção de equipamentos e ferramentas: Equipamentos como elevadores devem ser constantemente revisados e ajustados.
• Organização e limpeza do ambiente de trabalho: É fundamental para um trabalho mais eficiente, reduzir a fragmentação de tarefas e repetições ajudam bastante. Procurar ter a mão as ferramentas de uso frequente para evitar deslocamentos desnecessários. Quedas relacionadas às más condições do piso são frequentes, por isso recomendamos muita atenção quanto a coisas simples, como a limpeza e higiene do local (piso sujo com fragmentos de peças, óleo, resíduos de combustíveis).
• Ventilação: Existem normas técnicas que recomendam a cada 60m2 a existência de portas e/ou janelas. A ventilação deve ser preferencialmente natural. Lembrando que veículos
motorizados emitem gases tóxicos, nocivos à saúde como por exemplo monóxido / dióxido de carbono, que saem dos escapamentos, letais se inalados em ambiente fechado por
longo período.
• Incêndios ou explosões: devido ao armazenamento e/ou manuseio de combustíveis é necessário que os equipamentos de prevenção de incêndio estejam a mão e que os funcionários saibam utilizá-los (recomenda-se o treinamento de brigada de incêndio anualmente).
Mas onde o mecânico entra nesse processo? De acordo com a Norma Regulamentadora número 1 (NR1) do Ministério do Trabalho de do Emprego (MTE), cabe aos empregadores:
a) Implementar medidas de prevenção;
b) Eliminar ou minimizar fatores de risco;
c) Adotar medidas de proteção coletiva;
d) Adotar medidas de proteção individual.
Logo, cabe ao “Guerreiro doas Oficinas” no papel de empresário, assumir tais tarefas.
Mas quais condições precisam ser avaliadas e melhoradas?
Bem, é preciso lembrar que o ambiente da oficina é muito eclético. Logo, pode haver enquadramento em mais de uma NR. Além do mais, uma oficina nunca é igual a outra. Logo, as avaliações devem ser feitas de forma individual.
E quem deve fazer essa avaliação?
Um especialista em segurança e medicina do trabalho. Por exemplo um Engenheiro de Segurança. Mas sempre em parceria com os colaboradores, que são aqueles que melhor conhecem o ambiente.
TAREFA 2: MUDANÇA NAS ATITUDES E HÁBITOS DO “GUERREIRO DAS OFICINAS” (SEGURANÇA DAS ATITUDES)
O médico do trabalho e perito Dr. Raimundo Martins, define ato inseguro durante o trabalho como sendo: “(…) atitudes com as quais os trabalhadores se expõem aos riscos de acidentes de trabalho, de maneira ou não. Correspondem à violação de uma ordem ou procedimento. Alguns exemplos: levantamento improprio de carga, brincadeiras no serviço, manutenção de máquinas em movimentos, danificação ou não uso de EPI, utilização de ferramenta inadequada, ou execução de serviços para os quais não estão autorizados”
Por sua vez, a Fisioterapeuta Dra. Andreia Fuchs dá uma ênfase especial na utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
1. Óculos de segurança: é obrigatório principalmente em operações de corte, solda, desbaste e onde há risco de projeção de pequenos objetos.
2. Protetores auriculares: devem ser utilizados quando do uso de equipamentos que produzem ruídos excessivos.
3. Máscaras e respiradores: quando manusear solventes e/ou outros produtos tóxicos e/ou poeiras excessivas.
4. Luvas específicas: para evitar o contato direto das mãos/pele com substâncias químicas, partes cortantes ou calor excessivo. Evitando assim, alergias, doenças de pele como as dermatites e acidentes (cortes e queimaduras).
A obrigatoriedade do fornecimento e utilização desses equipamentos é regulamentada pela NR6 no MTE. E nesse ponto, o “Guerreiro das Oficinas” precisa encarar a situação sob dois diferentes pontos de vista. Como empresário, ele deve fornecer, incentivar e fiscalizar a utilização. Já como mecânico, ele deve utilizar e incentivar o seu uso pelos colegas.
A Dra. Andreia Fuchs também dá algumas dicas de como preservar a saúde do mecânico no dia a dia do trabalho.
a) Muita atenção na intensidade do esforço físico, no manuseio de cargas, levantamento de peso excessivo e esforços repetitivos, que levam ao surgimento das doenças ocupacionais: LER / DORT. Levar em conta a capacidade individual de cada um;
b) Estabelecer pausas durante a jornada de trabalho;
c) Ajustar móveis e equipamentos às características físicas do trabalhador. Não ingerir bebidas alcóolicas durante o horário de trabalho;
d) Manter uma boa alimentação e boas noites de sono: cansaço excessivo aumenta o risco de acidentes;
e) Usar roupas e calçados adequados que não restrinjam os movimentos e nem dificultem a circulação sanguínea;
f) Manter uma boa postura previne dores e ajuda a diminuir o estresse e a fadiga: se precisar abaixar-se, lembre-se sempre de dobrar os joelhos e de não curvar a coluna;
g) Ficar muito tempo em uma só posição, seja sentado ou em pé, faz com que alguns músculos e articulações sejam sobrecarregados, causando dores e desconfortos que podem irradiar para outras regiões do corpo;
h) Os alongamentos são indispensáveis para diminuir a tensão e prevenir lesões. Esses exercícios simples preparam seu corpo para as atividades diárias, promovem aumento da flexibilidade muscular, proporcionam relaxamento e diminuem a tensão provocada pelo trabalho;
i) Nunca deixe de atender às suas necessidades fisiológicas, não segure demais antes de ir ao banheiro.
REFERÊNCIAS:
BRASIL – Ministério do Trabalho e do Emprego. Norma Regulamentadora N.º 01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. Disponível em: <https://ift.tt/zQVrpcW>. Acesso em 08/09/2022. BRASIL – Ministério do Trabalho e do Emprego. Norma Regulamentadora N.º 06 – Equipamentos de Proteção Individual. Disponível em: <https://ift.tt/OPQjrWu em 08/09/2022. MARTINS. Raimundo Nonato Leal. Saiba a diferença entre Atos Inseguros e Condições inseguras. Raimundo Leal perito e médico do trabalho. 2019. Disponível em: <https://ift.tt/imTMKA6>. Acesso em: 08/09/2022.
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