Conheça os aspectos e condições de reparabilidade da nova picape média da Ford com motor 2.0 turbo a gasolina
texto & fotos Vitor Lima
Após 45 anos, a Ford nomeia um veículo novo com a alcunha Maverick. Mas desta vez o veículo não é mais o sedã esportivo da década de 70. Agora, Maverick é uma picape de médio porte fabricada no México tanto para o mercado americano quanto para o brasileiro.
O motor também não é mais o clássico V8. A picape Maverick traz debaixo do capô o motor EcoBoost 2.0 turboalimentado, capaz de gerar 253 cv de potência a 5.500 rpm e 38,7 kgfm de torque máximo a 3.000 rpm. Na transmissão, há câmbio automático de 8 marchas atrelado ao sistema de tração integral (AWD).
Desenvolvida em estrutura monobloco, a picape se diferencia pela percepção de dirigibilidade ao ser comparada com outras picapes médias. Apesar de possuir 5,07 metros de comprimento total, a Maverick se assemelha mais a uma pegada de SUV ao volante. No entanto, sua capacidade de carregar peso é menor se comparada a modelos com carroceria sobre chassi: a carga útil total da Maverick é 617 kg, inferior à de sua “irmã maior”, a Ford Ranger (1.070 kg).
A picape possui o sistema FordPass Connect que faz a interação dos dados do veículo com o aplicativo para celular. Com ele é possível acionar o ar-condicionado à distância para efetuar a climatização do habitáculo do veículo antes mesmo de o motorista chegar a ele. O sistema também permite a verificação remota de dados do veículo como pressão dos pneus, nível de combustível, entre outros.
Para analisar as condições de reparabilidade da nova picape da Ford, convidamos o mecânico proprietário da Auto Mecânica Louricar, localizada em São Paulo/SP, Mauricio Marcelino.
ABRINDO O CAPÔ
Ao levantar o capô, Marcelino informa sobre o espaço de para trabalho. “Impressão de bastante espaço, quando você abre, dá uma impressão de bastante espaço”, comenta o profissional que, em seguida, indica o fácil acesso as bobinas de ignição (1). As velas de ignição devem ser substituídas a cada 60 mil km, conforme indica o plano de manutenção do veículo.
Um componente que não possui fácil acesso é o alternador (2). Para ter acesso a correia de acessórios haverá dificuldade para o mecânico no caso de alguma inspeção ou manutenção. Porém, existem duas correias para de acessórios para este motor. A correia motriz que está na ranhura da primeira polia mais próxima do motor, possui recomendação de troca a cada 240 mil km ou 10 anos, o que ocorrer primeiro. A segunda correia que está na ranhura da segunda polia mais distante do motor, faz a movimentação do compressor do ar-condicionado e não possui tensionador, aparentando ser uma correia elástica. Esta não possui prazo indicado em manual para substituição.
O vaso de expansão está localizado a direita do veículo (3), sua tampa possui uma válvula que ajuda a estabelecer a pressão correta no sistema. Outro detalhe é sobre a tubulação de retorno ao reservatório que dispõe uma boa parte em metal (4).
“Essa tubulação, como o motor vibra bastante, ela não pode ser inteira de metal”, explica Marcelino e acrescenta sobre a conexão da tubulação no reservatório ser de borracha. “Essa parte do reservatório fica parada, então ainda tem a necessidade de ter uma mangueira de borracha”, conclui. A primeira substituição do líquido de arrefecimento deve ser efetuada com 320 mil km ou 10 anos. Após, as trocas devem ser efetuadas a cada 160 mil km ou 5 anos, o que ocorrer primeiro. O fluido utilizado é homologado pela própria Ford e possui a especificação WSS-M97B57-A2.
A vareta para verificação do nível de óleo do motor e a tampa para enchimento (5) estão próximas as bobinas. A substituição do óleo de motor, em condições normais, deve ser realizada a 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. A picape possui um sistema on-line que faz a verificação das condições de uso do veículo e estipula um período para troca, caso seja constatado utilização severa do veículo. Desta maneira, alguns prazos podem ser menores do que o indicado.
O óleo utilizado é o Motorcraft 5W-30 sintético com norma Ford WSS-M2C961-A1. Em manual, a Ford recomenda o óleo de motor Motorcraft, mas na falta de disponibilidade deste óleo é possível utilizar fluidos com o selo de certificação API para motores a gasolina, desde que o nível de viscosidade seja respeitado.
Na parte de cima do cabeçote é possível encontrar os conectores das válvulas de acionamento do variador do comando (6). São duas válvulas, uma é destinada para a admissão e outra para a exaustão. Os sensores de fase (7) estão ao lado da bomba de alta pressão de combustível (8) que possui uma manta acústica para minimizar o barulho emitido pelas vibrações do componente.
A válvula EGR, possui boa acessibilidade (9). “Ela melhora a recirculação dos gases, tudo isso para diminuir a emissão de poluentes”, comenta Marcelino que aproveita para falar sobre a tubulação de ar do motor (10). “Na região da tubu- lação, como ele tem turbina é bastante sensoriado. Eu tenho que saber qual a pressão que tem antes e depois da turbina, tudo isso para ter melhor eficiência na hora da queima”, conclui o mecânico.
A substituição do filtro de ar é recomendada a cada 30 mil km, mas deve ser substituído com maior frequência em caso de tráfego em regiões com muita poeira, conforme descrito no manual de manutenção do veículo.
Para uma eventual troca no gás refrigerante do ar-condicionado, suas válvulas de serviço estão bem visíveis ao lado direito do veículo. Uma está próxima ao vaso de expansão do fluido de arrefecimento (11) e a outra encontra-se perto da conexão do grupo óptico (12).
No caso de intervenção com a bateria do veículo, ela está bem localizada ao lado esquerdo. Essa bateria de 12V é do tipo EFB (13), geralmente utilizada em veículos com o sistema stop-start, Marcelino comenta sobre. “Lembrando que o veículo com stop-start é um veículo considerado micro híbrido, porque o alternador é diferente, o motor de partida é diferente. Então ele necessita de uma bateria que tenha maior resistência, maior capacidade”, afirma o profissional.
O módulo eletrônico de injeção não é um componente com boa acessibilidade para o mecânico, sua localização é diferente do convencional em outros veículos. A visualização por cima é prejudicada por outros componentes e seu acesso parece ser mais fácil removendo a proteção da caixa de roda do lado esquerdo do veículo.
Partindo para os componentes que compõem o sistema de frenagem do veículo, o módulo do ABS (14) e o reserva- tório para enchimento do fluido de freio (15) são de acesso facilitado. O fluido uti- lizado é DOT 4 LV de baixa viscosidade e especificação Ford WSS-M6C65-A2. Seu período para troca é a cada 36 meses, conforme recomendado pela fabricante. O Maverick possui freio a disco nas 4 rodas e o freio de estacionamento traseiro possui acionamento elétrico (16).
POR BAIXO DO VEÍCULO POR BAIXO DO VEÍCULO
Após elevar o veículo, foi possível perceber que a grade frontal possui um sistema de aletas eletrônicas (17). Ao serem acionadas, as aletas mudam de posição para ajudar na restrição da passagem de ar para o radiador e aftercooler, desta forma, auxiliando o veículo a chegar em sua temperatura de trabalho mais rápido.
O compressor do ar-condicionado (18) está com fácil acesso e é possível visualizar a sua correia. Porém, este veículo possui um sistema com duas correias para movimentação dos acessórios. Uma dedicada ao compressor do ar-condicionado e a correia motriz que realiza o acionamento do alternador. O período para troca da correia motriz é a cada 240 mil km ou 10 anos.
O filtro de óleo do motor (19) está ao lado do compressor do ar-condicionado, mantendo boa acessibilidade. A substituição do filtro de óleo deve ser efetuada a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. A troca é feita em conjunto com o óleo de motor.
Em conjunto com o motor, a transmissão do Ford Maverick é automática de 8 velocidades (20) e possui um trocador de calor (21) que utiliza o fluido de arrefecimento do motor. A substituição do fluido de transmissão deve ocorrer a cada 120 mil km. “Você vai ter que fazer uma ligação em alguma tomada ou alguma mangueira para realizar essa troca com máquina”, comenta Marcelino sobre não visualizar um bujão de dreno na caixa de marchas.
No que diz respeito a suspensão do veículo, o Ford Maverick possui suspensão McPherson no eixo dianteiro (22) mas com as barras de suspensão em alumínio. Para o eixo traseiro a suspensão é independente com mola helicoidal (23).
Ainda sobre a suspensão, um componente importante que demanda atenção do mecânico em qualquer veículo são os amortecedores. A Maverick possui amortecedores traseiros tubulares (24), com fixação inferior realizada por um parafuso e fixações superiores por dois parafusos que podem ser acessados sem a necessidade da abertura da caçamba traseira (25).
Diferente da sonda pré-catalisador que não é possível a sua visualização, a sonda pós (26) é visível, mas não possui um acesso facilitado ao mecânico. Na parte de exaustão, próximo a primeira malha, existe o primeiro ponto de fixação (27) que podem ser encontrados mais ao longo de todo o sistema de escapamento.
A Maverick possui tração AWD que por meio de um sistema inteligente faz a modulação da quantidade de tração que é fornecida para cada roda. Para realizar a transferência dos torques para as rodas do eixo traseiro há o eixo cardã (28) e o diferencial no eixo traseiro (29). A fabricante recomenda a inspeção do óleo da caixa de transferência e do diferencial a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro.
Outro componente que não possui fácil acessibilidade é a bomba de combustível. Para acessá-lo é necessário a retirada do tanque de combustível, este que possui capacidade de 67 litros.
Ao centro do para-choque traseiro está a fixação para engate (30). “É muito interessante o limite de carga que você pode rebocar, então está recomendado no manual para você carregar até 500 quilos”, comenta Marcelino. A capacidade de carga útil total da picape é de 617 quilos.
A picape não possui sensor de estacionamento em seus para-choques, mas está presente um sistema de câmera que faz a visualização 360 graus do veículo para auxiliar o condutor no momento de manobrar o veículo.
Após a análise técnica, Maurício Marcelino gostou da nova picape Maverick. “Eu gostei muito da picape e eu acho que vai pegar aqui no Brasil. É um mercado que está em ascendência”, comenta o profissional que aproveita para falar sobre o espaço interno do veículo. “Falando em picape, a parte interna como tem a distância entre-eixos bem grandes, você tem bastante espaço na parte interna, isso é muito bacana”, conclui.
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