O compartilhamento da plataforma do Chevrolet Tracker facilita a manutenção do mecânico com a nova picape Montana? Confira a disposição dos componentes da picape com motor 1.2 turboalimentado de 133 cv
Disponível em versões com transmissão automática ou manual, a nova Chevrolet Montana entra para o segmento de picapes médias com aspectos já conhecidos pelos mecânicos no quesito de manutenção. Além do seu design totalmente novo, se comparado aos modelos anteriores da picape que a posicionavam na categoria de picapes leves, a simplicidade dos sistemas empregados na picape, facilitam no momento da manutenção do veículo.
A nova Chevrolet Montana, traz embaixo do capô o motor CSS Prime de 1,2 litros capaz de gerar 133 cavalos de potência e 21,4 kgfm de torque a 2000 rpm, graças ao turbocompressor que auxilia o conjunto em baixas rotações. Vale ressaltar a plataforma do Chevrolet Tracker é compartilhada com a picape Montana. Esta que recebeu um reforço estrutural na parte traseira, por causa do transporte de carga por meio de sua caçamba.
Denominada como RS, a versão esportivada da picape oferece visual diferente da grade frontal com acabamento do logotipo da montadora em preto, assim como o espelho retrovisor externo. As rodas de 17 polegadas fazem parte de todas as versões da Chevrolet Montana, porém, na versão RS elas são de liga leve escurecidas e diamantadas.
O rack no teto utiliza preto brilhante, ou mais conhecido como black piano, assim como alguns acabamentos internos da picape. Os bancos têm revestimento premium e contam com os detalhes da costura na cor vermelha.
Há espaço dedicado para o carregamento sem fio de smartphones e a central multimídia com sistema MyLink, permite a conexão aos sistemas Android Auto e Apple Car Play sem fio.
Para o transporte de carga, a picape Montana conta com caçamba de capacidade máxima para 874 litros. Chamada de caçamba Multi-Flex, tem disponível 8 ganchos para amarração, capota marítima e sistema de divisórias Multi-Board que, permitem seis configurações diferentes para acomodação de carga na caçamba.
Para avaliar as condições de manutenção da nova Chevrolet Montana RS, com preços que partem de R$ 130.290, a Revista O Mecânico contou com o auxílio de Cassio Yassaka, proprietário da oficina Cassio Serviços Automotivos, localizada em São Paulo (SP).
Por baixo do capô
Com a abertura do capô, Cássio informa que em relação a Chevrolet Tracker, a picape Montana terá mais peso devido a estrutura do carro, porém, o espaço (1) para manutenção chama atenção do mecânico por ser amplo. “Fico abismado com o espaço que se tem no cofre do motor. Modelos de outros fabricantes, mesmo sendo motores 3 cilindros, turboalimentados, não tem tanto espaço. A parte construtiva do motor, com o turbocompressor na parte de trás, ficou muito bem organizado esse cofre do motor. Boa área de trabalho, simplicidade, o mecânico vai adorar”.
Yassaka comenta que, o mecânico que já fez manutenção na Tracker, SUV da Chevrolet, não terá nenhum segredo em relação a disposição dos componentes. “Se o mecânico já mexe com a Tracker, não terá novidade nenhuma. Tudo é muito à vista, como o sistema de arrefecimento, válvulas de serviço do ar-condicionado, até a disposição dos componentes no sistema de injeção eletrônica com uma vantagem, essa injeção é indireta”.
Atualmente, dentro da prática de downsizing, tem sido comum a adoção de motores menores e com injeção direta para aumentar a potência gerada pelo conjunto e diminuir o consumo de combustível. A GM optou pelo sistema de injeção indireta que é menos eficiente, mas gera menos gasto com manutenção no futuro.
Porém, indo ao lado contrário de muitos lançamentos que acompanhamos nos últimos tempos, a General Motors optou por manter um motor com injeção indireta, sem turbocompressor.
O profissional comentou que esse tipo de injeção necessita de menos manutenção do que os sistemas com uso de injeção direta que utilizaram combustível de má qualidade. “Mesmo que esse motor utilize etanol que carrega uma certa quantidade de água, além do combustível que estão colocando mais quantidade de etanol, inclusive, com o sistema de injeção indireta, o índice de reparabilidade é menor, terá menos problemas. A pulverização de sistemas com baixa pressão de linha de combustível, acarretará menos manutenção”, conclui.
No momento da substituição do fluido de arrefecimento, de acordo com o manual do veículo, deve ocorrer a troca a cada 150 mil km ou 5 anos, o que ocorrer primeiro. O reservatório (2) está ao lado direito do veículo e utiliza fluido pronto para uso da ACDelco e tem capacidade para 5,4 litros, diferente da versão com transmissão manual que utiliza 5,6 litros de fluido. É indicado que semanalmente haja inspeções com o nível do fluido.
Cassio comentou sobre o prazo para substituição do fluido. “É um prazo alto. Em uso severo, pessoal que roda na cidade de São Paulo, lugares com muita poeira e intempéries, isso tudo envolve trânsito pesado, níveis de aquecimento que, apesar de ser estável por todo o controle de temperatura e a ventoinha, o sistema envolve muito alumínio e 150 mil quilômetros é muita coisa. Há necessidade de atenção com a acidez do fluido de arrefecimento, não da cor. Tanto o óleo, quanto o fluido de arrefecimento é necessário medir o PH do fluido. Caso o PH esteja alto, é necessário a substituição antes do indicado”.
O acesso as válvulas de serviço do sistema de ar-condicionado são bem localizadas. A parte de alta pressão do sistema (3) fica ao lado do reservatório de expansão. Já a parte de baixa pressão (4) está próxima ao coxim lateral do motor. O sistema tem capacidade para 480 gramas de carga do gás refrigerante R134a.
Importante não só nos motores de menor cilindrada, o lubrificante de motor tem bocal para enchimento (5) de fácil acesso que, inclusive, está escrito na tampa o fluido e a viscosidade SAE que deve ser utilizada. O lubrificante é o Dexos 1 com viscosidade SAE 5W-30. A substituição deve ocorrer a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro. São utilizados quatro litros de lubrificante nas trocas de óleo do motor, incluindo a substituição do filtro de óleo.
A importância da utilização do óleo de motor correto para esse veículo é confirmada com a utilização de uma correia de sincronismo banhada a óleo. Essa correia tem prazo indicado para substituição a cada 240 mil km ou 15 anos. O uso de fluidos que não respeitem a classificação e viscosidade indicadas, pode resultar em danos a correia. “Se não ficar atento com a classificação de óleo correta, a correia apresentará problemas antes do prazo”, informa o mecânico que acrescenta. “Em uso severo, recomendamos substituir com a metade do tempo. O grande problema é que para o mecânico aparece fora de garantia, veículos que as vezes sofreram trocas de óleo inadequadas onde não atendem as especificações e utilizam o que tem na prateleira. Realmente o componente irá durar o tempo indicado, mas tem que ficar atento as especificações recomendadas”.
Cassio fala sobre a forma com a qual o motor foi montado na picape Montana. “Tem outras montadoras que, depende da parte construtiva e o tipo de motor, ele é invertido do que vemos na Montana. Ou seja, o turbocompressor está na parte da frente e a admissão na parte de trás do motor, fluxo cruzado. No caso de colisão, os profissionais de funilaria e pintura gostarão da área de recuo que existe entre a dianteira do carro e o motor. Tem alguns casos com habitáculo menor que não há espaço, qualquer batida dianteira, o risco de atingir o turbocompressor é grande. No caso da Montana é o contrário”, informa sobre o coletor de admissão (6) estar localizado na parte da frente do motor.
O tubo de distribuição de combustível ou a flauta de combustível está logo acima do coletor de admissão e não tem impedimentos de acesso. “Importante informar que na válvula injetora de combustível há pré-aquecedores no próprio componente. As válvulas têm 4 fios, dos quais dois deles são responsáveis pelo aquecimento do injetor”, informa Yassaka ao falar sobre as válvulas injetoras de combustível (7) do motor 1.2 turbo da Montana.
A sonda pré-catalisador (8) tem acesso facilitado e o catalisador é integrado ao coletor de escape na parte de trás do motor. Muitos modelos de veículos tem uma característica em comum com relação ao posicionamento do módulo ABS (9). A GM posicionou o componente na picape Montana próximo ao painel corta fogo. “Alguns carros da GM e, não só deles, mas também outras montadoras, o módulo ABS fica na parte inferior perto da bateria. Em país tropical, nas épocas de chuva e enchentes essa localização fica em uma região muito baixa, sendo um problema. Pois, nós mecânicos já nos deparamos com o problema do módulo ABS que está cheio de água. Ele entra em curto, causa problemas no módulo, sendo muito sério. Nesse caso da Montana, a GM teve a preocupação em proteger esse conjunto lá no painel corta fogo, com o seu posicionamento mais alto”, explica o profissional.
Na parte de admissão de ar a caixa do filtro de ar do motor (10) está bem localizada. Sua substituição deve ser feita a cada 20 mil km ou 24 meses, o que ocorrer primeiro. Lembrando que em casos de utilização severa, reduza os períodos pela metade. Próximo a caixa do filtro de ar há um sensor (11), Cassio informa que a sua utilização é para medir a massa de ar e não o fluxo. “ A função desse componente é medir a massa de ar, ele utiliza a temperatura, volume, junto com a quantidade que foi aspirada por rotação ou pela borboleta, realiza o cálculo e apresenta a massa de ar”.
O turbocompressor (12) está na parte de trás do motor com flexível e engate rápido para a parte de admissão, mas não apresenta dificuldade de acesso. Yassaka comentou sobre as tomadas (13) de ar estarem posicionadas na superior do para-choque. “A vantagem da tomada de ar alta é que, alguns modelos de veículos têm essa tomada de ar embaixo, o que precisa tomar cuidado com água, ela posicionada em cima, perto da grade de entrada de ar, ela está bem localizada, bem centralizada, é um projeto muito bem feito”.
A bateria de 12V é do tipo SLI com 60Ah e CCA de 450A (14). “Não é um CCA alto. É um veículo novo, com uma bateria simples e com preço acessível. Existem modelos de concorrentes no qual a bateria tem CCA mais alto, o que encarece a bateria”, comenta o profissional.
O mecânico elogiou o posicionamento do módulo de injeção (15) da picape Montana. “Eu gostei do posicionamento do módulo, está bem protegido. Em termos de colisão, é um carro que tem uma frente muito bem reforçada. Os componentes que mais encarecem o sistema estão muito bem protegidos, não sei se a GM pensou nesse aspecto de colisão, com esse berço dianteiro que envolve toda a frente do carro. É um carro robusto”.
Para o fluido de freio, o reservatório (16) tem acesso fácil e apresenta indicação para o fluido DOT 4. Porém, em manual, ao verificar o plano de manutenção da picape, é indicado a utilização do fluido DOT 4 LV (low viscosity). Esse fluido se diferencia do DOT 4 convencional, justamente pela característica de ser menos viscoso. A substituição do fluido de freio é a cada 24 meses, independente da quilometragem.
Undercar
Com a picape Montana no elevador, ao ver não há nenhuma chapa metálica ou acabamento plástico na parte inferior, onde está localizado o conjunto motriz, Cassio fez um alerta sobre a utilização dos conhecidos protetores de cárter. “O projeto do veículo é que seja aberto, a não ser que exista um protetor de cárter de fábrica, caso contrário, não utilize. Pois, em casos de colisões frontais, o conjunto motriz foi projetado para que desça para baixo do veículo. Se for utilizado um protetor que não é dimensionado de fábrica, ele não executa essa função, o que acaba afetando a parte de habitáculo dentro do veículo”.
Vale lembrar que, no site oficial da montadora o protetor de cárter está disponível como um acessório de segurança a parte, sendo necessária a solicitação pelo cliente.
Serviços mais comuns, como a substituição do filtro de óleo do motor que deve acompanhar a troca de óleo do motor, este que não terá dificuldade de escoamento. O profissional chama atenção para um sensor de pressão de óleo (17) presente perto do filtro. “Provavelmente esse sensor é para preservar o turbocompressor. A maioria dos motores turbo tem esse sensor”.
Na parte de suspensão, Cassio comentou sobre a utilização de bieletas de polímero plástico (18). “As bieletas de material plástico são para ajudar no movimento torcional. Em alguns casos, quando o componente é de material rígido, no momento de esterço forte ou uma curva forte ela quebra nas junções. Então o material plástico ajuda nessa mobilidade. A tendência é aumente o uso deste material”.
O profissional enfatizou que os mecânicos não terão nenhuma dificuldade com os pivôs de suspensão (19) e com as buchas da bandeja de suspensão (20), assim como a barra estabilizadora.
Outro componente muito acessível aos mecânicos é a caixa de transmissão automática (21), com conversor de torque. Em manual, há recomendação para substituição do lubrificante da transmissão a cada 80 mil km, em qualquer condição severa que o veículo trafegue. O fluido utilizado é o Dexron VI – ACDelco e o sistema tem capacidade para 8,1 litros.
“A caixa de direção tem um alojamento muito bem projetado, robusto. Provavelmente o motor elétrico está na parte de cima, na carroçaria”, informa Cassio ao falar sobre a caixa de direção (22).
Para o sistema de exaustão, o primeiro flexível (23) não tem acesso tão simples, quanto os outros componentes do sistema. O silencioso intermediário (24) é extenso, mas não há impeditivos para acesso caso seja necessária manutenção neste sistema.
Ao analisar as linhas de freio e combustível (25), o mecânico pediu atenção aos profissionais para não danificar as tubulações expostas.” Sem um pouco mais de acabamento ou uma tampa de proteção, as tubulações de combustível e freio ficam mais expostas. No momento de utilizar o macaco hidráulico tome cuidado para não amassar ou danificar os componentes. Já que são bem expostos, é necessário o cuidado”.
O tanque de combustível (26) em material plástico possui 44 litros de capacidade. Acima do tanque há um conector de fácil acesso, permitindo a conexão e desconexão prática do sistema. Além disso, o filtro cânister (27) está ao lado do tanque de combustível. Outro componente que geralmente fica próximo ao tanque é o filtro de combustível, este que é interno no tanque.
Na suspensão traseira, a Chevrolet Montana utiliza o sistema de eixo de torção (28) com molas helicoidais. Os amortecedores traseiros não apresentam nenhuma dificuldade de manutenção aos mecânicos. No que diz respeito ao sistema de frenagem traseiro, a picape utiliza freio a tambor (29) e não adota o freio de estacionamento eletrônico.
Localizado na parte de trás, abaixo da caçamba, o pneu de estepe (30) aparenta ser uma quinta roda, porém, não é. “Ele é diferente do jogo de rodas e tem o indicativo da velocidade máxima permitida com a utilização do estepe em 120 km/h, pois esse pneu é de medida diferente. Não é o estepe com pneu mais fino limitado a 80 km/h, mas não é um estepe com aro 17 polegadas. Esse estepe tem aro 16”, explica Cassio.
O profissional gostou da parte inferior na traseira da picape Montana (31). “Eu gostei dessa estrutura de reforço de carroceria no eixo traseiro. Provavelmente isso justifica o peso um pouco maior que a Chevrolet Tracker. A traseira da Montana é bem mais reforçada para carregar carga”.
Cassio Yassaka gostou da manutenção em geral com a picape Montana “Eu gostei, é o GM sendo GM. Muita gente faz comparativo com a Fiat Strada, Fiat Toro, Renault Oroch, mas este é um produto novo. Este carro tem baixa manutenção, o cliente e o mecânico não irão sofrer, ele tem tecnologias que são de conhecimento dos mecânicos, diferente de outros produtos com injeção direta. Cuidando das trocas de óleo do motor, diminuindo o tempo e quilometragem em uso severo e outras manutenções, esse é um carro que vai durar muitos anos sem problema nenhum”, conclui.
The post RAIO X: Chevrolet Montana RS 1.2 Turbo appeared first on Revista O Mecânico.
RAIO X: Chevrolet Montana RS 1.2 Turbo Publicado primeiro em http://omecanico.com.br/feed/
Nenhum comentário:
Postar um comentário