Eletrificação entre os veículos leves será 12% a 22% das vendas no Brasil em 2030, mas motores flex e diesel ainda serão maioria, destacando a importância dos biocombustíveis
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou um amplo estudo sobre os cenários possíveis para o futuro da motorização veicular dentro da realidade brasileira, visando a descarbonização do setor automotivo. Integrou a apresentação também um estudo inédito feito pelo Boston Consulting Group (BCG). Foram traçados três cenários possíveis, que envolvem tanto a eletrificação da frota quanto o desenvolvimento dos biocombustíveis.
Por que é preciso mudar?
A discussão se torna ainda mais necessária nesse momento, após a divulgação do relatório IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) da ONU, anunciando a estimativa de que o limite de +1,5° C de aquecimento global em relação à era pré-industrial será alcançado em 2030, dez anos antes do previsto, com efeitos climáticos sem precedentes.
“Ultimamente temos observado eventos climáticos extremos, como enchentes na Europa e na China, incêndios devastadores no Mediterrâneo e nos EUA, seca e geadas no Brasil, além de temperaturas aumentando em escala global”, afirmou o Presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.
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“Enfrentar as mudanças climáticas é o maior desafio da nossa geração. Na indústria automotiva, tecnologias de eletrificação e maior uso de combustíveis sustentáveis já se mostram um caminho sem volta. As empresas precisam se preparar para o desafio e mirar as novas oportunidades, investindo em produção, infraestrutura, distribuição, novos modelos de mobilidade e serviços, além da capacitação dos seus profissionais”, disse Masao Ukon, sócio sênior do BCG Brasil e líder do setor Automotivo na América do Sul.
E quais os caminhos possíveis?
Enquanto a Europa já estuda o fim da comercialização de veículos exclusivamente a combustão a partir de 2035 em prol da eletrificação, o Brasil ainda avalia as alternativas. Mas será o carro elétrico? Ou os biocombustíveis?
O estudo organizado pela Anfavea e pelo BCG apontou três grandes cenários possíveis para o país nos próximos 15 anos. O primeiro seria sem metas estabelecidas e sem uma política de Estado que incentive a eletrificação. O segundo seria mais acelerado no sentido de acompanhar os movimentos já em curso nos países mais desenvolvidos. Por fim, o terceiro privilegiaria combustíveis “verdes”, mas com um grau de eletrificação semelhante ao do primeiro cenário.
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Entre as opções que podem ser desenvolvidas estão: Combustíveis fósseis, incluindo Gás Natural Comprimido e Gás Natural Liquefeito (LNG); biocombustíveis; veículos eletrificados; modelos movidos a célula de combustível.
Na linha de veículos leves, algumas rotas já em andamento incluem o desenvolvimento de etanol de segunda geração, novos modelos eletrificados e o desenvolvimento de tecnologia de célula de combustível alimentada por etanol. Já na linha de pesados, temos caminhões e ônibus rodoviários movidos a GNV ou biometano, caminhões elétricos e até mesmo sistemas de célula de combustível também.
Impactos no setor automotivo
Segundo a entidade, hoje, os modelos eletrificados respondem por 2% do mix de vendas de veículos leves, mas em 2030 eles representarão de 12% a 22%, dependendo dos cenários previstos, e de 32% a 62% em 2035. Já no segmento de pesados, a previsão é de 10% a 26% do mix em 2030, chegando ao patamar de 14% a 32% em 2035.
Ou seja, em qualquer um dos cenários, o mercado brasileiro vai demandar milhões de unidades de veículos eletrificados até a metade da próxima década. Seriam 432 mil veículos leves/ano em 2030, subindo para 1,3 milhão/ano em 2035.
Reflexos sore os combustíveis
O estudo aponta que a renovação natural da frota será muito lenta. A frota circulante de leves ainda terá quase 80% de motores flex (gasolina/etanol), enquanto praticamente 90% dos caminhões e ônibus nas ruas continuarão consumindo diesel.
Logo, a demanda por etanol e álcool anidro (presente em 27% na gasolina) exigirá altos investimentos da indústria sucroalcooleira, algo em torno de R$ 50 bilhões em 15 anos. O mesmo raciocínio vale para os produtores de diesel e biodiesel. Além disso, serão necessários investimentos significativos e mandatórios na produção de HVO (diesel de origem vegetal) para a frota circulante.
Investimentos em energia e infraestrutura
Ficou comprovada pelo estudo a necessidade de instalação de ao menos 150 mil carregadores para atender os veículos eletrificados, o que implica em um investimento da aproximadamente R$ 14 bilhões. Além disso, é imprescindível um pesado investimento em geração/distribuição de energia de fontes limpas para suprir a frota de elétricos, que criará uma demanda adicional de 7.252 Gwh (1,5% de tudo o que é gerado atualmente).
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