Diante do crescente desenvolvimento para soluções em veículos eletrificados por parte das montadoras, o 7º Congresso Brasileiro do Mecânico abordou o assunto para o mecânico que deseja saber por onde começar a se capacitar para atender esse tipo de carro em sua oficina, em uma das palestras do evento com o tema “Como iniciar a jornada de conhecimento para atender os veículos eletrificados na sua oficina. Capacitação e investimento em equipamentos e ferramentas”.
Fizeram parte da palestra os convidados Fábio Alves, Técnico Automotivo que atua como professor e diretor na escola Mec-Tec, José Martinho, Professor de Ensino Superior – Especialista II – Senai, Fábio Delatore, Professor e Membro do Comitê Técnico FIA e Ulisses Miguel, Técnico automobilístico que atua na área de manutenção automotiva há 40 anos e é Consultor Técnico das Revistas O Mecânico e Carro.
Ulisses foi o primeiro palestrante e abordou o que é necessário em termos de estrutura, cuidados e, principalmente os EPI’s necessários para que o mecânico possa começar a trabalhar com os veículos eletrificados. Uma das grandes preocupações que deve-se ter com esse tipo de veículo é na parte de gestão térmica, como o volume do líquido de arrefecimento.
O Professor de Ensino Superior, José Martinho comentou sobre as qualificações que o profissional precisa para se tornar apto a manutenção nos veículos híbridos e totalmente elétricos. Basicamente, são separados em três níveis de capacitação para o profissional que deseja interagir com os veículos eletrificados, do qual o nível III é o único que habilita o profissional a realizar intervenção e reparos com as baterias de alta voltagem.
De acordo com Martinho, no desenvolvimento dos eletrificados o cuidado com a segurança é primordial durante o projeto, por norma, qualquer elemento que opere com valor de tensão elétrica acima de 60V de corrente contínua (DC) ou 30V de corrente alternada (AC), os cabos precisam ser indicados com coloração laranja e os componentes precisam ter indicação por meio de etiquetas para o fácil reconhecimento por parte do profissional que se trata de um sistema de alta tensão.
Os EPI’s necessários também foram comentados pelo Professor, além das luvas isolantes e outros equipamentos, Martinho comenta sobre a utilização do protetor facial para os profissionais que atuarão diretamente com a bateria de alta tensão. Durante o descomissionamento há riscos do surgimento de arcos elétricos, o equipamento facial possui proteção ATPV (Arch Thermal Performance Value) que é um valor de performance contra o arco elétrico, e garante a proteção contra a irradiação ultravioleta e irradiação térmica liberada pelo arco.
Martinho deu ênfase aos equipamentos necessários para os profissionais que atuarão com o descomissionamento das baterias de alta tensão, pois, segundo o professor, os equipamentos para quem realizará intervenção nas células e no pack de baterias varia de acordo com o tipo de tecnologia utilizado para formar o pack.
Fábio Delatore comentou aos mecânicos que, no dia a dia da oficina, os serviços serão os mesmos que um carro a combustão, como troca de pastilhas de freio, verificação dos itens de suspensão, nível de fluidos. Porém, o mecânico precisa estar atento e saber identificar onde estão os riscos, como os cabos na cor laranja.
Se o interesse for em realizar a manutenção nas células de bateria, os investimentos em equipamentos serão maiores, por causa de serem produtos novos, com pouco volume de procura. Delatore salienta a segurança dos veículos elétricos dos quais são desenvolvidos de forma que, para qualquer fuga de corrente, o sistema consegue detectar o problema e não há fuga para carroceria do veículo, uma vez que o posicionamento dos cabos são feitos para que não haja nenhum contato com a carroceria.
Fábio Alves fala que os investimentos em equipamentos para atender os veículos elétricos são altos, mas que as oficinas não podem esquecer de investir em conhecimento para os mecânicos e profissionais que atuam em seu negócio.
Para o técnico, o primeiro investimento da oficina deve ser em cursos e capacitação, pois, além de ser mais barato em relação aos equipamentos, a capacitação trará maior segurança, confiança e habilitará o mecânico a executar os serviços corretamente.
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