Confira a análise técnica das condições de manutenção da nova Strada 1.3 com câmbio automático do tipo CVT
A Fiat Strada foi o veículo mais vendido do Brasil em 2021, com mais de 109 mil unidades emplacadas. Mesmo sem ser incomodada pelas rivais, a fabricante de origem italiana decidiu agregar ao utilitário um item cada vez mais desejado pelos consumidores: câmbio automático. Neste caso, trata-se da caixa continuamente variável (CVT) que estreou no Pulse. Com a novidade do CVT, como fica a manutenção da Strada?
Apresentada em dezembro de 2021, a Strada com câmbio CVT é vendida nas versões Volcano (R$ 109.501) e Ranch (R$ 114.514), avaliada neste Raio X em nossa oficina. Externamente, a Ranch diferencia-se pelos estribos laterais, para-barros, retrovisores na cor preto brilhante, rack e detalhes na cor cinza, capota marítima com o logotipo Ranch, rodas de 15” com visual exclusivo e pneus de uso misto.
Por conta das novas regras de emissões, todas as versões da Strada com motor 1.3 Firefly ganharam nova calibração na linha 2022, o que resultou em ligeira perda de potência e torque. Agora, são 107 cv com etanol a 6.250 rpm (2 cv a menos) e 98 cv com gasolina (3 cv a menos) a 6.000 rpm. O torque também está menor: 13,7 kgfm com etanol a 4.000 rpm (0,5 kgfm a menos) e 13,2 kgfm com gasolina (0,5 kgfm a menos) a 4.250 rpm.
O câmbio CVT da Strada é fornecido pela japonesa Aisin e conta com simulação de 7 marchas, com direito a borboletas no volante. Há ainda três modos de condução (normal, manual e sport). A capacidade total de carga foi reduzida de 650 kg, na Strada manual, para 600 kg na Ranch – por conta do peso extra do câmbio e dos acessórios. Para avaliar as condições de reparabilidade e manutenção da picape com caixa automática, contamos com o auxílio do mecânico Mauricio Marcelino, proprietário da Auto Mecânica Louricar, em São Paulo/SP.
PRAZOS DE MANUTENÇÃO
Ao abrir o capô (1), o destaque da nova Strada é a área livre para manutenção. “De forma geral, surpreende o espaço no cofre para reparos. É bom notar que os engenheiros das fabricantes têm pensado mais em nós, mecânicos”, comenta o profissional. O ângulo de abertura da peça também é generoso, o que facilita a movimentação do mecânico.
Para ter acesso às bobinas, velas e bicos injetores, é necessário remover a caixa do filtro de ar (2).
“Mesmo sem a retirada da caixa, é possível acessar uma das velas (3) e fazer a verificação periódica do estado”, afirma Marcelino. De acordo com o manual da Fiat, a substituição das velas de ignição é indicada a cada 40 mil quilômetros, independentemente do tempo de uso. “Especialmente em modelos que rodam muito com etanol, já vi casos em que a vela grudou no cabeçote e foi necessário fazer retífica”, alerta.
A remoção da caixa do filtro de ar exige a remoção de 5 parafusos com chave philips e de duas fixações laterais com chave L-10. A troca do filtro de ar é recomendada para cada 20 mil quilômetros ou 2 anos, sendo indicada a inspeção visual do elemento a cada revisão. “Em carros que rodam muito em estradas de terra, não pode deixar de verificar com frequência o estado do filtro”, afirma Marcelino.
O óleo de motor recomendado para a Strada 1.3 2022 é o Mopar MaxPro Synthetic, 0W20 API SP GF-6A, podendo ser utilizados outros lubrificantes de mesma viscosidade que atendam à norma Fiat 9.55535 – classe GSX. “Utilize sempre o óleo na especificação determinada pelo manual e fique atento ao uso severo, onde a troca deve ser antecipada”, lembra o profissional. O bujão de escoamento fica na lateral do cárter, voltado para trás (4).
Segundo o manual, as trocas de óleo do motor devem ser realizadas a cada 10 mil km ou 1 ano (ou metade destes intervalos em uso severo). Para a verificação do nível, a vareta é integrada à tampa de abastecimento (5).
A troca de óleo e filtro de óleo (6) exige, ao todo, 3,4 litros.
O fluido de freio, de especificação DOT 4, por sua vez, tem troca indicada a cada 40 mil km ou 2 anos, o que ocorrer primeiro (7). “É essencial a substituição do fluido de freio a toda troca de pastilha, mesmo que precoce”, recomenda.
No sistema de arrefecimento, a troca do fluido é prevista em manual para cada 240 mil km ou 10 anos (8). “As novas tecnologias de aditivo têm proporcionado esse intervalo grande. O cuidado que os mecânicos devem tomar é sempre utilizar água desmineralizada nos casos em que for necessária diluição”, explica. O produto homologado a partir da Strada 2022 é o Mopar Coolant OAT 50, do tipo pronto uso. Nos modelos anteriores desta nova geração da picape (2020 e 2021), o líquido homologado era o Petronas Coolant Up, que necessitava de diluição na proporção de 50% de fluido e 50% de água desmineralizada.
Este 1.3 Firefly utiliza corrente para o acionamento do comando de válvulas, com durabilidade estimada acima dos 200 mil quilômetros para a corrente, de acordo com a Fiat. Já a correia de acessórios tem prazo de substituição indicado para cada 60 mil quilômetros ou 4 anos. “Vemos casos de quebra da correia de acessórios pois as pessoas esquecem ou acham que não precisa de substituição”, relata.
Outros pontos de fácil acesso no cofre do motor são alternador, central eletrônica do ABS (9), a bomba de vácuo que auxilia o servo freio (10), o módulo de injeção (11) e as duas sonda lamba, pré-catalisador (12) e pós-catalisador (13).
Mesmo sem sistema stop-start de fábrica, a Strada Ranch traz bateria do tipo EFB, de 60 Ah (14). “É uma bateria preparada para muito mais partidas do que a convencional. O sistema stop-start requer, além da bateria, de um alternador mais forte e um motor de partida mais reforçado”, comenta.
UNDERCAR
A Strada é o segundo modelo da Stellantis a utilizar o novo câmbio CVT (15) fornecido pela Aisin, com 7 marchas pré-programadas.
Embora o trocador de calor seja semelhante (16), a transmissão é completamente diferente da caixa automática epicíclica de 6 marchas (também da Aisin) utilizada em versões dos modelos Argo, Cronos, Toro, Renegade, Compass e Commander.
Como nos demais veículos da marca, Fiat não indica a substituição do óleo da transmissão CVT, classificado como ‘For Life’. “A necessidade ou não sobre a troca de óleo do câmbio CVT é uma discussão longa. Em caso de uso frequente com máxima capacidade de carga, pode haver maior desgaste [da caixa]”, aponta o profissional. Caso a substituição seja necessária, o fluido homologado para o câmbio CVT é o Mobil TFF CVT Fluid FE JWS 3401. Ao todo, o cárter da transmissão possui capacidade para 7,6 litros.
Conhecida pela robustez no uso diário como utilitário, a Strada aposta em conjuntos de suspensões McPherson na dianteira (17).
“A fixação superior do amortecedor é acessível, sem necessitar de desmontagem de outros elementos (18). Isso facilita a realização do orçamento e reduz o custo da mão da manutenção. A bandeja (19) possui pivô rebitado, onde é indicada a substituição conjunta”, conta.
Ainda no eixo dianteiro, o coxim do câmbio possui acesso facilitado ao reparo (20), assim como a caixa de direção, que fica vem visível (21) e as buchas da barra estabilizadora (22).
No eixo traseiro, a suspensão possui eixo rígido com molas semielípticas (23).
“O feixe de molas é simples (24), mas suporta bastante peso”, garante Marcelino.
O batente e o amortecedor possuem ótimo acesso para reparos (25).
No sistema de freios, a picape compacta traz discos ventilados na dianteira e a tambor, na traseira (26).
O filtro de combustível (27), com troca prevista a cada 20 mil km ou 2 anos, conta com uma proteção metálica. “Como é um carro de uso misto, tanto para estradas de terra, quanto asfaltadas, é um cuidado a mais que protege o filtro”, nota.
O estepe fica exposto, localizado abaixo da caçamba (28).
Do lado de dentro, o filtro de cabine fica alojado na região próxima aos pés do passageiro frontal, perto da parede corta-fogo, em um local de acesso não tão simples (29). A verificação do componente é indicada para cada 10 mil quilômetros ou 12 meses. Para remover a tampa de proteção, basta soltar 2 parafusos com uma chave philips.
Após analisar a picape, o profissional da Auto Mecânica Louricar aprovou as condições de manutenção da Strada. “Essa versão Ranch traz um câmbio CVT muito aceito no mercado. Junto com a robustez do motor e da suspensão, é um carro que vai continuar fazendo sucesso”, opina.
Texto Gustavo de Sá
Fotos Lucas Porto
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