Confira as condições de manutenção do SUV compacto da Honda que traz design renovado e motor 1.5 com injeção direta e aspiração natural
texto & fotos Vitor Lima
O Honda HR-V está de cara nova, totalmente distinto do modelo que era comercializado no Brasil desde 2015. O novo SUV compacto da Honda, em suas versões com motor de aspiração natural, trocou o motor 1.8 de 139 cv pelo 1.5 de 4 cilindros e injeção direta, o mesmo utilizado nos também renovados modelos City e City Hatch, capaz de gerar 126 cv de potência a 6.200 rpm (com etanol ou gasolina) e torque de 15,8/15,5 kgfm (E/G) a 4600 rpm.
Rodrigo Marinho, proprietário da oficina Gade Automotive em São Paulo/SP
Apesar da perda de potência e torque, houve ganho significativo em economia de combustível. Segundo o Inmetro, considerando os números com gasolina, o consumo urbano passou de 11 km/l para 12,7 km/l. Já o rodoviário passou de 12,3 km/l para 13,9 km/l.
Em comparação ao modelo anterior, o novo Honda HR-V manteve a distância entre-eixos de 2.610 mm, aumentos de 1 mm para o comprimento (4.330 mm) e 18 mm de largura (1.790 mm). Já na altura, o veículo possui 15 mm a menos (1.590 mm) que o seu antecessor (1.605 mm).
Todas as versões são disponibilizadas com o sistema Honda Sensing de auxílio avançado à direção (ADAS), contando com controle de velocidade adaptativo com “low speed follow” (que permite seguir o veículo da frente no anda-e-para de engarrafamentos); sistema automático de farol alto; assistente de permanência em faixa e de mitigação de evasão da pista; e sistema de acionamento dos freios para evitar possível colisão frontal (CMBS).
A versão EXL analisada nesta reportagem possui preço de R$ 149.900. Para conhecer as condições de manutenção do SUV compacto da Honda, a Revista O Mecânico convidou o mecânico Rodrigo Marinho, proprietário da oficina Gade Automotive em São Paulo/SP.
POR BAIXO DO CAPÔ
Levantando o capô, Rodrigo informa que a primeira impressão é de um amplo espaço de trabalho, com os componentes bem-organizados. “É perceptível o quanto melhorou em relação ao modelo anterior, o espaço tanto do cofre para acesso ao coletor de escapamento, coletor de admissão, o sistema de arrefecimento, radiador, condensador, tem um espaço grande para nós trabalharmos. Isso é muito bom para nós e para o proprietário do carro, porque reduz o tempo na manutenção”, comenta.
Um componente que chama atenção pela sua localização é o módulo do ABS (1). “Nós estamos acostumados a encontrar moduladores de ABS bem escondidos, as vezes até embaixo do hidrovácuo. Neste caso, nós temos uma facilidade enorme, caso haja necessidade de uma troca”, explica Rodrigo.
O fluido de freio recomendado é o DOT4, conforme indicado em manual (2). A recomendação para substituição do fluido é a cada 36 meses, independentemente da quilometragem.
Os freios são a disco nas 4 rodas, com um detalhe importante ao freio de estacionamento. Este possui acionamento elétrico nas rodas do eixo traseiro (3). A fixação da suspensão traseira com o cubo de roda possui, ao centro, uma espécie de habitáculo para o sensor de ABS (4).
O reservatório do líquido de arrefecimento está ao lado direito do veículo (5), praticamente do lado do reservatório de água do limpador de para-brisa. Para não os confundir, o reservatório do líquido de arrefecimento possui a sua tampa na cor branca e o do limpador na colocação azul.
Ainda sobre o sistema de arrefecimento, o radiador possui uma tampa que equilibra a pressão existente no sistema (6). “Nós só tiramos essa tampa quando vamos fazer uma manutenção ou uma inspeção. Uma vez que faltar água no sistema, essa tampa tem no seu funcionamento uma válvula que permite com que a água do reservatório externo vá para o radiador. Da mesma forma que se a pressão for elevada, essa tampa abre, fazendo com que o reservatório externo passe a transbordar. Então não há necessidade de fazer a retirada dessa tampa”, informa o profissional.
A vareta para verificação do nível de óleo (7) está localizada próxima ao bocal de enchimento. O lubrificante homologado é o Pro Honda 0W-20 API SM ou superior. A substituição do fluido lubrificante deve ser feita a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro, conforme descrito no manual do veículo. Em caso de uso severo há redução dos períodos pela metade, ou seja, a cada 5 mil km ou 6 meses. Em seu manual, a Honda informa que só poderá ser utilizado lubrificantes com especificações diferentes caso a própria montadora realize a recomendação do produto.
Sobre a alimentação direta de combustível, Rodrigo observa que os componentes estão em fácil acesso.
A bomba de alta pressão (8) e o corpo de borboleta eletrônico (9) são componentes de fácil visualização, assim como o sensor de medição de massa do ar (MAF) (10) e o sensor de pressão no coletor de admissão (11). O filtro de ar do motor possui recomendação para substituição a cada 20 mil km ou 24 meses, o que ocorrer primeiro.
Para regulagem de folga das válvulas de admissão e exaustão, a recomendação da montadora é que seja realizada uma inspeção pelo método sensorial a cada 40 mil km e o ajuste seja feito a cada 120 mil km. A inspeção sensorial se baseia na percepção de ruídos que possam vir dar válvulas. As tolerâncias para a folga das válvulas de admissão são: 0,21 mm a 0,25 mm; para as válvulas de exaustão os valores são: 0,25 mm a 0,29 mm. A Honda não faz menção no manual de manutenção sobre a regulagem das válvulas serem feitas a frio ou a quente, além de não mencionar a necessidade da utilização de alguma ferramenta especial para o procedimento.
As bobinas de ignição (12) estão com acesso facilitado, não havendo necessidade de retirar algum tipo de tampa ou proteção existente acima. Para as velas de ignição, a Honda recomenda a troca a cada 60 mil km.
Atrás da bomba de alta pressão, está localizada a válvula EGR (13) para realizar a recirculação dos gases provenientes da combustão.
A sonda lambda pré-catalisador (14) e pós (15) são de boa visibilidade. O mecânico não enfrentará problemas em realizar diagnósticos ou algum tipo de intervenção com este componente.
Um componente que chamou atenção de Rodrigo pela sua localização foi o sensor de etanol (16) que mede a concentração de etanol na mistura de combustível que vem do tanque.
A correia de acessórios (17) não possui prazo determinado para substituição. A recomendação da inspeção visual do componente é a cada 20 mil km. A substituição dependerá do diagnóstico.
O sensor de fase (18) do comando de válvulas desempenha papel fundamental, uma vez que este motor possui variador de fase (VTC), que altera o tempo de levantamento dos cames, e o i-VTEC, que altera a amplitude desse levantamento. A eletroválvula do i-VTEC (19) também é bastante visível.
No lado esquerdo do veículo, podemos identificar a bateria de 12V com 60 Ah e 600 A de CCA. Em um de seus polos, há um sensor (20) para o gerenciamento eletrônico da bateria. O módulo de injeção (21) fica logo atrás da bateria e a caixa de fusíveis (22) também está próxima.
Um detalhe curioso neste veículo é a caixa de relês (23) localizada mais abaixo da caixa de fusíveis. Caso haja necessidade de intervenção com a parte elétrica do HR-V, o mecânico deve ficar atento essa separação entre a caixa de fusíveis e relês.
POR BAIXO DO VEÍCULO
O filtro de óleo do motor (24) assim como o bujão para drenar do óleo (25) são bem acessíveis. Rodrigo recomenda a troca do anel de alumínio do bujão a cada troca de óleo.
Ao lado esquerdo, está localizada a caixa do câmbio CVT. O bujão para enchimento do óleo de câmbio fica na parte frontal (26) e o bujão para dreno está mais abaixo na lateral da caixa (27). A existência de um adesivo na caixa do câmbio indicando o fluido que deve ser utilizado (28) chamou agradou a Rodrigo. “Isso eu não estou acostumado a ver nesses carros, mas achei bem legal”.
A troca do óleo de câmbio CVT é recomendada em manual a cada 40 mil km ou 36 meses, o que ocorrer primeiro. O fluido utilizado é o Pro Honda para CVT HCF-2. Não há recomendações sobre o filtro do câmbio ou a substituição do componente no manual de manutenção veículo.
Em caso de uma possível intervenção com o câmbio ou o motor, há existência de uma chapa escura que dá acesso para soltura do conversor de torque (29).
O trocador de calor do câmbio CVT (30) está ligado ao sistema de arrefecimento por meio de uma mangueira conectada ao radiador do veículo. Este possui um dreno ao lado esquerdo do sensor de temperatura localizado no próprio radiador (31). “A função desse sensor é fazer uma comparação entre a temperatura que está aqui e a temperatura que está no motor, lá no cabeçote. O sistema de injeção consegue saber se a válvula termostática que está localizada na parte superior está trabalhando perfeitamente ou não”, comenta.
O motor de partida (32) agra dou ao mecânico. “É um motor de partida bem robusto. Geralmente, os motores de partida têm diminuído a cada dia. Eu achei muito bacana porque o motor de partida robusto tende a durar mais”, explica Rodrigo. Mais ao fundo do motor de partida é possível enxergar um conector com dois fios do sensor de detonação (33).
Componente que chamou atenção do Rodrigo é um mancal com rolamento (34) no semieixo. “Geralmente esses rolamentos são um problema na hora da manutenção, nesse caso aqui, nós temos uma fixação bem favorável. Então, acredito que na hora da manutenção eu consigo soltar com facilidade o suporte, retirar o semieixo completo e se necessário trocar esse mancal, conseguimos realizar a troca na bancada”, comenta o profissional.
A fixação entre a manga de eixo dianteira e a bandeja de suspensão é feita por um pivô que possui cupilha (35). “Eu particularmente acho muito bacana isso. É uma espécie de segurança, inspeção, pois o mecânico após o aperto põe a cupilha, então isso significa que houve um aperto”, comenta.
O Honda HR-V possui dois catalizadores no conjunto de exaustão. No primeiro catalisador (36) ficam localizadas as sondas pré e pós catalisador. O segundo catalisador fica após o sensor de oxigênio pós-catalisador (37).
O tanque de combustível está ao centro do veículo e o filtro de combustível (38) está fora do tanque com acessibilidade facilitada ao mecânico. “Esse carro utiliza um tanque no meio, isso é uma característica desse carro, do modelo anterior, o próprio Honda Fit tem o tanque no meio também, sendo assim, você vê o filtro de combustível na frente do tanque”, explica. A Honda recomenda a troca do filtro de combustível a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro.
No sistema de exaustão, Rodrigo fala sobre o catalisador intermediário e final (39). “Tanto o silencioso final quanto a tubulação e o intermediário eles são de inox, o que a meu ver é um ponto muito positivo”, comenta o profissional.
FICHA TÉCNICA
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