Corpo de borboletas (TBI) sujo dá muita dor de cabeça, mas uma limpeza feita incorretamente pode ser pior ainda; saiba o que levar em consideração antes de seguir com o procedimento
Artigo por Fernando Landulfo
Desde os primórdios da introdução da injeção eletrônica na frota nacional, nos tempos do LE-Jetronic e do Multec 700 (injeções adoradas por uns e amaldiçoadas por outros), sabe-se que o corpo de borboletas (TBI) é uma peça-chave para o bom funcionamento do sistema. E não é por acaso. Afinal de contas, ele é o responsável pelo controle da quantidade de ar ou mistura (dependendo da configuração do sistema) que adentra ao motor, conectando-se a todas as fases de funcionamento.
Logo, se focarmos apenas na parte mecânica, é fácil concluir que qualquer folga excessiva, emperramento ou entupimento vai provocar mau funcionamento do veículo. A situação é ainda pior com as injeções mais modernas, onde a borboleta de aceleração e o controlador de marcha lenta são acionados por servo motores.
É simples: basta manter o conjunto sempre limpo e lubrificado. Isso seria muito fácil se o mesmo não operasse em um local onde fica sujeito à contaminação, seja por impurezas externas – no caso de baixa eficiência do filtro de ar, ou vapores de óleos lubrificantes oriundos do sistema de ventilação do cárter.
Esse material se deposita progressivamente no interior do componente e o resultado é um tipo de “borra” preta, conhecido pelo mercado como “carbonização”. Há casos em que o fluido de arrefecimento circula no interior do TBI e a falta de aditivação do mesmo pode provocar corrosão do sistema de arrefecimento, cujos resíduos podem entupir as galerias.
Depois de um certo tempo, esse material indesejado – além de gerar os já citados entupimentos em furos calibrados e galerias internas – pode provocar o emperramento do eixo da borboleta e o mal assentamento da mesma na sua sede (quando pertinente). Sim, do mesmo jeito que ocorria no velho carburador! E, junto com toda essa sujeira, aparecem os indesejados sintomas.
Nessa situação, o “Guerreiro das Oficinas” fica diante de um impasse: limpar ou substituir o componente?
Ao contrário do carburador, onde os fabricantes recomendam periodicamente uma desmontagem completa, limpeza e revisão do componente, no caso do TBI não existe uma regra única. Cada montadora e sistemista adota os seus próprios procedimentos.
O ideal é seguir rigorosamente as recomendações de cada fabricante.
No entanto, na realidade do “chão da oficina”, isso nem sempre é possível devido a um fator importante: o custo.
E, na hora de tomar uma decisão a respeito, o mecânico precisa fazer algumas ponderações:
a) Tenho literatura técnica adequada?
b) Tenho ferramental e materiais adequados?
c) Já fiz isso ou sei de alguém que já o fez com sucesso?
d) Vale a pena o risco?
Tomada a decisão de seguir em frente com a tarefa, é preciso ter em mente que:
Os TBIs modernos (drive by wire) possuem muitos agregados eletrônicos, inimigos ferrenhos de umidade. Portanto, água, nem pensar!
Em sua maioria, os produtos de limpeza são compostos por solventes poderosos. Cuidado com o uso deles em materiais plásticos. Muitos deles não são vendidos separadamente e apenas um dano pode significar a troca de todo o conjunto.
Muitas das folgas envolvidas nos componentes são de ordem na grandeza de milésimos de milímetros. Logo, é preciso muita cautela ao escolher os abrasivos de limpeza: lixas, escovas, esponjas abrasivas etc. Uma vez alteradas, não podem ser restituídas.
Muitos dos TBIs possuem ajustes de posição inicial feitos em bancadas e não podem ser reproduzidos sem a utilização de equipamentos especializados (bancadas de fluxo). Isso sem citar os pequenos e delicados componentes que não são vendidos separadamente. Cuidado na hora de desmontar!
O mecânico deve estar ciente dos riscos envolvidos: peça danificada é peça a ser reposta!
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