Confira a análise das condições de manutenção e reparabilidade da picape média S10 na versão High Country 2022
Segunda picape média mais vendida no Brasil em 2021, a Chevrolet S10 fica atrás apenas da Toyota Hilux no ranking de emplacamentos. Um dos trunfos da General Motors para isso é a variedade de versões e motores disponíveis na gama do utilitário, que é o único da categoria a manter opções flex e turbodiesel (quando desconsiderada a Fiat Toro, de menor porte e preço). Aqui neste Raio X, nossa análise é da versão topo de linha, High Country (R$ 284.600), que traz motor 2.8 diesel.
Este 2.8 é o mesmo utilizado desde a estreia da nova geração, em 2012, mas ganhou atualizações na calibração e um novo turbo na linha 2021. Segundo a fabricante, trata-se do mesmo componente utilizado pela picape Chevrolet Colorado estadunidense. Apesar do novo ajuste, não houve alteração nos valores de potência e torque, que seguem com 200 cv a 3.400 rpm e 51 kgfm a 2.000 rpm, respectivamente.
A aceleração de 0 a 100 km/h nas versões com câmbio automático de seis marchas, segundo dados de fábrica, agora é feita em 10,1 segundos (0,2 segundo mais rápida do que antes). Além da maior agilidade, a Chevrolet afirma que as mudanças na programação reduziram o consumo entre 3% e 10%. Na medição padrão do Inmetro, a S10 2.8 High Country registrou as médias de 8,3 km/l na cidade e 10,6 km/l, na estrada.
Para analisar as condições de manutenção e reparabilidade da Chevrolet S10 High Country 2022, contamos com o auxílio do mecânico Edson Roberto de Ávila, o Mingau, proprietário da oficina Mingau Automobilística, em Suzano/SP.
MANUTENÇÃO BÁSICA
Como típica picape média com construção do tipo carroceria sobre chassi de longarinas, a S10 esbanja espaço para manutenção no cofre do motor. “A ampla área para o mecânico trabalhar facilita a manutenção no dia a dia. E isso beneficia os profissionais das oficinas também no aspecto financeiro, já que ajuda a diminuir o tempo do veículo parado na oficina”, opina Mingau.
Para ter acesso ao sistema de injeção, é preciso primeiro remover a tampa de abastecimento do óleo do motor (1) e, na sequência, retirar a capa plástica de proteção. “Um detalhe interessante é que a capa de proteção traz um forro espesso para abafar o ruído característico de um propulsor diesel. Para o mecânico, vale o lembrete para sempre manusear a capa com cuidado para manter a durabilidade”, orienta.
Sem a proteção, é possível ter fácil acesso aos eletroinjetores e suas tubulações (2), às unidades de distribuição de combustível, aos sensores (3) e à bomba de alta pressão. A válvula EGR fica na região posterior do motor, próxima à parede corta fogo.
Para este motor 2.8, há dois graus de viscosidade e especificações de óleo do motor homologados pela Chevrolet, com intervalos de troca distintos. Para a especificação Dexos 2 5W30, a substituição deve ser realizada a cada 20 mil km ou 1 ano. Já para a especificação SAE 15W40 API CI-4, a troca é indicada a cada 10 mil km ou 1 ano. Em uso severo, para os dois tipos, o intervalo de tempo ou quilometragem deve ser reduzido pela metade. O volume de abastecimento, incluído o filtro, é de 5,6 litros. “Além do grau de viscosidade, o mecânico devem se atentar para a especificação recomendada pelo manual. Não basta obedecer apenas o grau de viscosidade”, salienta o profissional.
O filtro de óleo do motor (4), que é do tipo ecológico, tem acesso pela parte superior do cofre. “Para retirar o antigo e instalar um novo filtro, é preciso desconectar a mangueira da tubulação de ar. Isso é essencial para que haja espaço para o uso de torquímetro na hora do aperto”, ressalta. O filtro de óleo deve ser substituído a cada troca de óleo do motor.
Já o filtro de ar do motor (5) fica em posição elevada e tem troca indicada a cada 20 mil km ou 2 anos, podendo ocorrer antes desse período caso o mecânico detecte desgaste elevado na revisão anual. A unidade do sistema de freios ABS (6) é posicionada em local elevado, próximo ao reservatório do fluido de arrefecimento.
O fluido de freio (7), de especificação ACDelco DOT 4 LV, deve ter o nível verificado a cada revisão, com troca obrigatória a cada 20 mil km ou 2 anos.
Na parte direita do cofre, ficam agrupados os componentes eletroeletrônicos, como a bateria (8), de 70 Ah, o alternador, a caixa de fusíveis e o módulo de injeção do motor (9). “Estes veículos atuais são dotados de sistema de gerenciamento do acumulador de energia, a bateria. Por isso, no momento da substituição do acumulador, é importante buscar um componente nas mesmas especificações do original. Economizar neste aspecto não vale a pena”, conta Mingau.
Na caixa de fusíveis em si, uma ferramenta embutida, do tipo clipe, auxilia a remover corretamente os fusíveis. “Na hora da substituição, sempre consulte o manual e respeite a classificação de amperagem. Nunca exceda essa unidade na reposição do fusível e procure por componentes de procedência para evitar o risco de incêndio”, recomenda.
O sistema de arrefecimento da Chevrolet S10 2.8 possui indicação de troca do fluido (10) a cada 150 mil km ou 5 anos. “Esses intervalos atuais são maiores por conta da evolução dos motores. Em caso de necessidade de substituição de alguma mangueira, minha indicação é que o fluido seja drenado e substituído por um novo. E sempre utilize água desmineralizada para a diluição indicada no manual”, alerta. De acordo com a General Motors, a recomendação é de diluição na proporção de metade de fluido Dex- -Cool e metade de água desmineralizada, sendo necessários 9 litros da mistura.
O profissional observa que o sistema de ventilação forçada trabalha com uma polia de acionamento multiviscoso (11), que é solidária à correia de acessórios. Por falar nela, a substituição da correia de acessórios (12) está prevista no manual para cada 100 mil km. “Ela deve sempre ser substituída em conjunto com o tensionador e o rolamento auxiliar. Além disso, o alternador trabalha com uma polia-livre, que minimiza a vibração e o esforço da correia. Na hora da substituição, não utilize uma polia fixa”, alerta Mingau.
O sincronismo do motor turbodiesel utiliza o sistema de correia dentada, que fica protegida por uma tampa plástica (13) e tem substituição indicada no manual para cada 240 mil km em uso normal ou a cada 100 mil km em uso severo. “Sugiro que o mecânico antecipe o prazo e utilize o padrão de uso severo. Se houver um rompimento da correia de sincronismo, haverá o impacto entre pistões e válvulas e o consequente prejuízo financeiro. Por isso é sempre indicada a manutenção preventiva desse sistema e a substituição conjunta do tensionador”, ressalta o mecânico.
MANUTENÇÃO DO 4X4
Todas as versões com motorização turbodiesel da S10 têm sistema de tração 4×4 com reduzida, o que exige atenção aos prazos de troca de fluidos dos diferenciais e caixa de transferência. Para os diferenciais dianteiro e traseiro, a substituição do lubrificante é prevista no manual a cada 120 mil km, sendo indicado o uso do fluido ACDelco SAE 75W85. Na dianteira, é necessário 0,9 litro, enquanto o diferencial traseiro (14) requer 2,3 litros para abastecimento.
Já a caixa de transferência (15) tem indicação de substituição do lubrificante apenas quando houver uso frequente da tração 4×4. Neste caso, a troca deve ser feita a cada 80 mil km ou 3 anos, com o uso de 1,5 litro do fluido Dexron VI. O manual prevê ainda a lubrificação a cada 60 mil km do anel de retenção do eixo cardã com graxa número 2 de complexo de lítio.
Para a transmissão automática em si (16), o manual do fabricante indica a substituição do lubrificante somente em uso severo. Neste caso, a troca deve ser feita a cada 80 mil km, com o uso de até 10,6 litros de lubrificante Dexron VI. “A manutenção do sistema de transmissão basicamente é essa. É o fluido que vai garantir a vida útil do sistema. Eu indicaria até a troca antecipada, a cada 60 mil km”, afirma Mingau.
Ainda na análise dos componentes ligados à tração 4×4, Mingau faz uma ressalva em relação aos sistemas de acionamento elétricos. “Os conectores inferiores (17), em especial no diferencial dianteiro e na caixa de redução, não são blindados. Por se tratar de um veículo off-road, com o tempo pode haver problema de oxidação nestes conectores devido à infiltração de água”, observa. O filtro de combustível (18), que fica próximo à seção dianteira do cardã, tem troca prevista a cada 30 mil km ou 2 anos.
Na avaliação do profissional, o conjunto de suspensões não exige ferramenta especial para manutenção. “A fixação superior do amortecedor dianteiro é feita por três porcas no próprio chassi do veículo, com substituição simples. Também não há segredos para a remoção de itens como bieletas, buchas das bandejas, terminal de direção (19) e pivôs. No momento da substituição dos pivôs, é recomendada a troca dos parafusos por novos”, explica.
Na traseira, que conta com eixo rígido e feixe de molas semielípticas (20), o trabalho na oficina também é descomplicado. “A manutenção da suspensão traseira não exige ferramentas específicas. Para a remoção do amortecedor com segurança, é importante fazer o apoio do eixo”, conta. A mesma facilidade pode ser estendida ao sistema de freio, que utiliza discos na dianteira e a tambor (21), na traseira.
A Chevrolet S10 conta com sistema de monitoramento da pressão dos pneus do tipo direto, com sensores individuais que indicam a pressão exata. Por isso, na hora do rodízio ou troca de pneu, é necessário informar à central do carro a nova posição de instalação. No manual do proprietário, a indicação para o rodízio (a cada 10 mil km) é que os pneus dianteiros troquem de lado para instalação na traseira, enquanto os traseiros devem manter o mesmo lado na passagem à dianteira. O torque de aperto das porcas das rodas é de 140 Nm.
Após analisar a mecânica da picape média, Mingau aprovou as condições de reparabilidade da versão High Country 2022. “A Chevrolet S10 não tem segredos na hora da manutenção, com soluções que já são comuns no dia a dia das oficinas. Minha dica é que os mecânicos sempre consultem o manual e busquem informações de confiança. Com a tecnologia dos veículos atuais, nós, profissionais de manutenção automotiva, temos que estar sempre atualizados”, comenta.
Texto & fotos: Gustavo de Sá
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