Veja como é feita a manutenção do sincronismo no SUV Hyundai Tucson 2.0 flex, ano-modelo 2015, juntamente com a troca das 3 correias de acessórios
Estabelecer o hábito de um diálogo com o cliente é fundamental para o mecânico. É dever deste profissional orientar de forma correta e clara o proprietário do veículo quanto à importância de manutenções preventivas conforme o perfil de utilização. Conhecer a mecânica automotiva de uma forma geral, assim como, a específica do veículo a ser reparado, é primordial para transmitir confiança. Porém, ao demonstrar uma comunicação mais próxima e atenciosa, a credibilidade com seu cliente torna-se indiscutível.
Muitas vezes, com a rotina apertada, o proprietário não se atenta aos planos de manutenção determinados para seu veículo. Assim, um reparo preventivo não realizado pode se tornar um reparo corretivo, que sempre é mais caro para o cliente e mais complicado de se resolver para o mecânico. Por isso, é dever do profissional deixar claro os riscos que o motor corre em questões como, por exemplo, o desgaste das correias de sincronismo e acessórios.
A correia é um componente que requer muita atenção, pois, ela pode vir a quebrar – seja por desgaste, deterioração ou contaminação natural – sem dar sinais de que irá falhar. A troca preventiva da correia dentada, dependendo do veículo, pode ser de cinco a dez vezes mais barata do que o reparo das quebras que podem acontecer no motor se ela se romper.
Para manter a longevidade e o sincronismo do motor do Hyundai Tucson 2.0 flex, a fabricante de peças Dayco recomenda a troca completa dos componentes que integram o sistema a cada 60 mil quilômetros. Segundo o supervisor Técnico da Dayco, Davi Cruz, o mecânico deve recomendar a seu cliente que encaminhe o Tucson para inspeção periódica do sistema a cada 20 mil km. Em se tratando de um novo cliente, uma inspeção do conjunto “sem compromisso” pode aumentar ainda mais a confiança do cliente com o profissional.
No momento da preventiva, a orientação do especialista é fazer a troca não apenas da correia, mas de outros componentes que integram o sincronismo, como o tensionador e o rolamento de apoio. “Isso garante que esse veículo chegue naquela quilometragem exigida pelo manual do fabricante para a sua vida útil”, comenta Davi. Uma atenção especial deve ser dada aos veículos cujo histórico de manutenção não é conhecido.
O Hyundai Tucson ano-modelo 2005/2006 utiliza tensionador mecânico no sincronismo (kit completo: código KTB800). A partir de 2006/2006 até 2016, foi adotado o componente semiautomático (kit completo: código KTB951). O mecânico deve ficar atento à aplicação, pois, não são componentes intercambiáveis. “Não se pode montar o tensionador automático em um veículo de ano-modelo que utiliza o tensionador mecânico”, informa o supervisor Técnico da Dayco. Vale lembrar que este tensionador não aplica a tensão de trabalho da correia automaticamente: é necessário o ajuste de tensão feito pelo profissional mecânico.
A troca deste componente requer atenção na ancoragem devido à existência de dois selos localizados na lateral do cabeçote. “Ele tem que ser montado dentro do selo inferior”, determina Davi. “Ao montar no selo superior, pode causar ressonância, além das correias ficarem apertadas para montagem”, explica, ressaltando que há um posicionamento correto que deve ser seguido à risca. “Não pode se deixar o tensionador apoiado na extremidade do selo”.
A unidade utilizada nesta matéria é um Tucson 2015. O veículo estava com 56 mil km, 4 mil abaixo da recomendação da fabricante para troca das correias. O procedimento a seguir foi realizado pelo consultor Técnico da Dayco, Nelson Morales.
REMOÇÃO DAS CORREIAS DE ACESSÓRIOS
1) Antes de iniciar os procedimentos de desmontagem do sincronismo, retire o borne negativo da bateria, a roda dianteira do lado do passageiro, o para-barro da caixa de roda e calce o motor.
2) Para facilitar o trabalho posterior, comece travando o motor com ferramenta apropriada e quebre o torque do parafuso de fixação da polia do virabrequim (damper) com uma chave com soquete-canhão 17 mm.
3) Solte o suporte do chicote com uma chave com soquete-canhão 10 mm.
4) Com o auxílio da chave com soquete-canhão 17 mm, solte as três porcas e um parafuso de fixação destinados ao suporte.
5) Utilize uma chave com soquete-canhão 14 mm para soltar os 3 parafusos que prendem o coxim.
6) Após a retirada do coxim hidráulico, verifique suas condições. Caso esteja em bom estado, sem nenhuma avaria, pode-se utilizar o mesmo para montagem no veículo, sem necessidade de troca.
7) Para facilitar a soltura da polia da bomba d’água, quebre o torque dos 4 parafusos de fixação. Utilize uma chave combinada 10 mm para o procedimento.
8) Antes de soltar a correia da bomba hidráulica da direção, é necessário bascular a bomba. Utilize chave combinada 14 mm para quebrar o torque do parafuso inferior (8a), e do superior que é responsável pela regulagem (8b). Não retire os parafusos, apenas os afrouxe.
9) Siga para a correia de acessórios que move o alternador. Com chave combinada 12 mm, solte (sem remover) os três parafusos de fixação do alternador para o deslocar e afrouxar a correia. Um parafuso está localizado na parte inferior ao lado do filtro de óleo (9a), outro é superior e o terceiro, posicionado na lateral destinado para regulagem (9b).
10) Após, solte a polia esticadora da correia do ar-condicionado. Utilize uma chave com soquete-canhão 14 mm para o parafuso central (10a) e uma chave combinada de 12 mm para o parafuso lateral que é destinado para regulagem (10b).
11) Antes de retirar a polia damper, retire a capa superior da correia de sincronismo utilizando uma chave com soquete-canhão 10 mm para soltar os 4 parafusos que a compõem. Este processo é necessário para deixar o sincronismo próximo na polia do comando de válvulas.
Obs: Caso suspeite de alguma irregularidade com a polia damper, faça um teste. Com a polia montada, faça um risco de fora a fora. Ligue o motor e quando desligar, verifique se o risco permanece no lugar. Se sim, a polia está em boas condições. Caso o risco feito de fora a fora saia um do outro, é sinal que a polia está rodando em falso, assim, necessário realizar a substituição da peça.
12) Com cuidado, retire a tampa e verifique as condições da borracha de vedação.
13) Sem a ferramenta de travamento, gire a polia damper no sentido horário para acertar o ponto de sincronismo da polia do comando de válvulas.
14) Observe que o sincronismo da polia do comando de válvulas é dado por um pequeno furo na polia que deve estar alinhado com uma marca vermelha atrás dele, no cabeçote. E ao mesmo tempo, existem duas marcações na polia (14a) que ficam alinhadas com o topo do cabeçote (14b). Ao notar que todas as referências estão alinhadas, utilize uma ferramenta apropriada para travar o motor no ponto.
15) Retire o parafuso de fixação da polia damper com o auxílio de uma chave com soquete-canhão 17.
Obs: Às vezes essa polia pode estar grudada. Por isso, para a remoção da polia, utilize um saca-polia, assim, evitando a necessidade de pancadas e avarias da peça.
16) Com a polia damper em mãos, faça uma análise da peça, verifique se o anel de borracha está bem preso, se existe alguma imperfeição com a construção da peça.
17) Após a remoção da polia damper, retire as correias do alternador e do ar-condicionado e o rolamento esticador da correia.
18) Para conseguir remover a capa inferior da correia dentada, retire a correia da direção hidráulica, o suporte lateral do coxim e a polia da bomba d’água. Comece pela correia. Basta puxar.
19) O suporte lateral do coxim possui um parafuso de 14 mm. Utilize uma chave com soquete-canhão para a remoção.
20) Para tirar a polia da bomba d’água, utilize uma chave com soquete-canhão de 10 mm e solte os 4 parafusos que a prendem. Vale lembrar que este passo demanda um pouco mais de trabalho pelo fato da longarina atrapalhar o acesso às duas polias sobrepostas, que trabalham em conjunto.
21) Remova a chapa defletora da polia do virabrequim e analise suas condições, se possui alguma deformação ou avaria, o que ocasiona a troca da peça (21a).
Obs: Observe na chapa defletora a fenda de encaixe da chaveta das polias. Essa chaveta garante a posição correta de trabalho entre a polia damper (21b) e a polia do virabrequim que movimenta a correia dentada (21c).
22) Com o auxílio de uma chave com soquete-canhão 10 mm, remova os 5 parafusos que prendem a capa inferior da correia de sincronismo. São dois localizados na parte de cima, dois na parte de baixo e um que se encontra na lateral.
23) Neste momento, com todos os periféricos removidos, é possível retirar a capa da correia.
REMOÇÃO DO SINCRONISMO E ANÁLISE DAS PEÇAS
24) Retire o tensionador de correia, que é preso por parafuso único com o auxílio de uma chave combinada 12 mm.
25) Após, retire a correia de sincronismo.
26) Remova o rolamento de apoio com a utilização de chave com soquetecanhão 14 mm.
27) Importante! Examine a polia dentada do virabrequim. Verifique se há desgaste, o que pode gerar desalinhamento e ruído no sistema. Há maior probabilidade de acontecer esse problema em carros que possuem quilometragem mais elevada.
Dica: Com a polia dentada sacada, passe a correia em volta dela, coloque contra a luz e verifique se há passagem de luz por ela.
28) Analise a condição das correias de sincronismo e auxiliares. Compare com as correias novas. Considerando a quilometragem de uso, as peças em geral estavam íntegras, exceto pela correia do ar-condicionado (foto). Davi Cruz observou que ela apresentava desgaste excessivo, com rompimentos em suas estrias. O estado era tão ruim que, na avaliação dele, como o Tucson da reportagem era de uso urbano, com acionamento constante da climatização sob trânsito, fatalmente aquela correia não conseguiria rodar mais 4 mil km para atingir a vida útil esperada de 60 mil km. “Por isso é importante inspecionar visualmente o sistema a cada 20 mil km”, afirma o especialista da Dayco.
MONTAGEM DO TENSIONADOR E DA CORREIA DENTADA
29) Inicie a montagem do sincronismo pelo tensionador. Atente-se à posição de ancoragem. Este cabeçote possui dois selos, superior e inferior. A haste de ancoragem que o tensionador possui (29a) deve ficar na parte interna do selo inferior. Não monte na aba do selo: repare como já há uma marca de contato do tensionador anterior no selo, que serve como referência (29b). Veja como fica o tensionador em sua montagem correta (29c).
30) Monte o rolamento de apoio.
31) Instale a correia de sincronismo (31a). A ordem de passagem orientada por Nelson Morales é: polia do comando de válvulas, tensionador, polia do virabrequim e, por último, o rolamento de apoio (31b). Esta ordem irá facilitar a montagem porque a correia entra de forma justa no sistema. Caso a correia fique um pouco para fora da polia do comando de válvulas, é só empurrá-la para dentro (31c).
32) Com a correia devidamente encaixada, retire o pino do tensionador. Atenção! Ao retirar o pino, a tensão NÃO é aplicada de forma automática na correia. É necessária a aplicação de tensão na correia através de ajuste manual.
33) Realize o tensionamento da correia utilizando uma chave allen 6 para girar o cubo do tensionador no sentido anti-horário (33a) até o ponteiro do tensionador se alinhar com a janela (33b).
Obs: Devido à falta de visibilidade da seta indicativa de tensão, use um espelho ou até mesmo a câmera de seu celular para auxiliar neste processo (33c).
34) Após o tensionamento correto, aperte o parafuso de fixação do tensionador (ainda não é o torque final) e faça duas voltas completas no motor para o assentamento da correia. Após esse procedimento, o ponteiro do tensionador deve estar no mesmo ponto indicado na foto 33b. Caso ele saia do lugar, repita o procedimento de tensionamento da correia.
35) Aplique o torque final no tensionador de 30 Nm (35a) e no rolamento de apoio, 50 Nm (35b).
36) Faça o restante do procedimento de montagem das capas, polias e correias de acessórios na ordem inversa da desmontagem. Ao instalar a polia damper, aplique o torque de 160 Nm.
37) Por último, confira a tensão das correias de acessórios. Para saber se a tensão está correta, dê alguns toques com o dedo. O som deve ser parecido com o de cordas de violão, afirma Nelson Morales.
Mais informações: Dayco: 0800-772-0033
Texto: Vitor Lima & Fernando Lalli
Fotos: Alexandre Villela & Fernando Lalli
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