quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Qual a maneira certa de se fazer a “cambagem”?

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Cambagem: quando não existir regulagem de câmber na suspensão do veículo, o que o mecânico deve fazer? É recomendável utilizar ferramentas de deformação?

 

Veículos que contam com o sistema McPherson – no qual o amortecedor faz parte da estrutura da suspensão – raramente permitem o ajuste dos ângulos da geometria das rodas além da divergência/convergência da direção. A correção adicional mais “famosa” no mercado de manutenção é a popular cambagem: procedimento que busca a correção do ângulo de câmber (ângulo de inclinação da roda em relação ao eixo vertical). O sintoma mais visível de sua desregulagem é o desgaste nas laterais dos pneus.

Todo veículo possui ângulo de câmber em suas rodas, mas hoje, exceto por modelos de utilitários grandes, picapes e comerciais leves, são raros os que permitem o ajuste por meio da fixação da suspensão. Também não há uma regra com relação ao sistema de suspensão: existem suspensões McPherson que permitem regular o câmber, assim como sistemas multibraço (geralmente mais flexíveis em regulagem) que não admitem tal acerto.

Independentemente de qual suspensão está instalada no veículo, há a necessidade de analisar cada orientação de fábrica se é permitido realizar o ajuste de câmber ou não.

Porém, quando não existir regulagem, o que o mecânico deve fazer? Se o câmber não estiver dentro do especificado, deve-se encontrar a peça “torta” e substituir? Mas e se trocar o amortecedor não resolver? E se trocar também a bandeja inferior/buchas não resolver? Seria uma questão de tentativa e erro? Qual o roteiro?

Problemas na geometria da suspensão podem indicar que há peças desgastadas ou “cansadas”, pois, estas têm influência direta na leitura do alinhamento. Todos os componentes da suspensão são passiveis de desgaste e deformações, portanto, podem afetar não só o desgaste dos pneus como também a dirigibilidade do veículo.

Cambagem: sim ou não?

Quando um componente da suspensão está sob suspeita, antes de trocá-lo, confira as suas medidas em comparação com uma peça nova. Em uma considerável parte dos casos, as deformações ou deteriorações são de grande porte e podem ser visualmente identificadas se o mecânico tem experiência como esse sistema.

Alguns especialistas comentam que é possível que a alteração da geometria possa ser sanada simplesmente soltando e reapertando as fixações da suspensão. Cabe verificar essa possibilidade antes de se tomar a decisão pela troca de peças.

Caso seja feita a reinstalação de componentes em conformidade e a diferença de ângulo do câmber continue presente, o problema pode estar em uma deformação no monobloco. Neste caso, o veículo deve ser encaminhado a uma empresa especializada em alinhamento técnico.

O uso de ferramentas hidráulicas, conhecido como “cyborg”, para ajuste de câmber, pode resolver os problemas de angulação momentaneamente, porém, pode causar sérios problemas a outros componentes do sistema, com grande potencial a inutilização. O “cyborg” aplica força no suporte da manga de eixo com o intuito de compensar a deformação original, porém, essa ação pode causar danos ao alojamento do rolamento, como a ovalização do alojamento (que não admite qualquer deformação, pois, trabalha com precisão milesimal). Dependendo da maneira que o procedimento for executado, o “cyborg” pode até levar à quebra do anel externo.

Amortecedores também podem sofrer danos com o cyborg. A deformação pode ocorrer no tubo externo pela carga lateral que é exercida na haste do amortecedor, modificando seu ângulo de trabalho com relação ao coxim superior e prejudicando sua vida útil.

 

Por Vitor Lima

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