segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Raio X: Toyota Yaris 2023

Analisamos as condições de manutenção e reparabilidade do hatch compacto, que traz motor 1.5 flex e câmbio CVT

 

Com o fim da linha Etios, o Toyota Yaris assumiu o posto de modelo mais barato da marca no Brasil. Porém, isso não significa necessariamente que o compacto é acessível, já que parte de R$ 93.190 na linha 2023. Quais as credenciais mecânicas do modelo da Toyota para encarar rivais com motores turbo, como Chevrolet Onix e Volkswagen Polo, além do recém-lançado Honda City Hatch?

Lançado em 2018, o Toyota Yaris recebeu pequenos retoques nesta linha 2023. As novidades externas ficam por conta do para-choque dianteiro redesenhado e com luzes de rodagem diurna em LED integradas (nas versões XL e XS). No modelo de entrada, aqui avaliado, os faróis são halógenos e têm parábola simples. Na intermediária, há bloco elíptico, mas ainda com luzes halógenas. A topo de linha XLS é a única com novos faróis em LED com luz de rodagem diurna integrada.

Cassio Yassaka, proprietário da oficina Cassio Serviços Automotivos, em São Paulo/SP

O pacote de segurança foi reforçado, já que todas as versões do Yaris 2023 passam a vir de série com 7 airbags. Também há avisos visuais e sonoros de desafivelamento dos 5 cintos de segurança. O compacto ganhou ainda sistema de alerta pré-colisão (que auxilia o motorista na frenagem, mas não para o veículo por completo, de acordo com a Engenharia da Toyota) e alertas visual e sonoro de mudança involuntária de faixa (não corrige a direção em caso de evasão).

Na mecânica, toda a gama Yaris 2023 traz motor 1.5 flex (de código 2NR-FBE) acoplado ao câmbio automático do tipo CVT – antes, a versão básica do Yaris Hatch trazia motor 1.3. O motor 1.5 passou por atualizações de calibração para melhor eficiência energética, mas manteve os mesmos níveis de potência e torque, com 110/105 cv a 5.600 rpm e 14,9/14,3 kgfm a 4.000 rpm (E/G).

Com 7 marchas pré-programadas, a caixa CVT tem borboletas para trocas manuais a partir da versão XS. O modelo ganhou ainda os modos de condução Eco, Sport e Normal. Para avaliar as condições de manutenção do Toyota Yaris Hatch XL 2023, contamos com o auxílio do mecânico Cassio Yassaka, proprietário da oficina Cassio Serviços Automotivos, em São Paulo/SP.

TRADIÇÃO JAPONESA

Com o capô levantado, o profissional observa a disposição dos componentes no cofre do motor. “O compartimento é muito bem-organizado em relação à distribuição dos itens e chicotes, com acesso simplificado à maior parte das peças do motor”, comenta Yassaka. “Apesar de compartilhar a mecânica e a base com o Etios, o Yaris é um carro tecnicamente mais refinado, com melhor acabamento e alinhamento das chapas da carroceria”, complementa.

Dois itens com acesso simplificado são as bobinas (1) e velas de ignição – estas últimas devem ser substituídas aos 100 mil quilômetros ou 10 anos. “A montadora dá uma previsão de substituição no manual, mas é sempre bom checar periodicamente o estado da vela. Ela é o termômetro da queima de combustível e o mecânico deve sempre checar para conhecer as condições dessa queima”, explica.

A especificação das velas com ponta do eletrodo de irídio indicada pelo manual é Denso FC20HR-G8. O acesso aos conectores das eletroválvulas dos variadores de fase (2) também é bastante aparente.

“O sistema de arrefecimento do Yaris é típico dos carros asiáticos, sem o vaso de expansão comprimido. Ele traz a tradicional tampa (3) do radiador, onde o nível do líquido deve ser verificado. Sempre com o carro frio, obviamente. Se necessária a substituição da tampa com o passar do tempo, utilize sempre um componente original”, orienta.

De acordo com o manual da Toyota, a primeira substituição do fluido de arrefecimento deve ser feita aos 160 mil quilômetros ou 16 anos, o que ocorrer primeiro. Após esse período, a troca deve ser realizada a cada 80 mil quilômetros ou 8 anos. “Esse prazo para a troca inicial é bastante alongado. O grande problema do fluido de arrefecimento é a acidez, que pode gerar corrosão. Se possível, antecipe a substituição do fluido”, opina. O fluido de arrefecimento homologado é o genuíno Toyota, que não requer diluição. O volume de abastecimento do sistema é de 4,9 litros. O reservatório do fluido só é possível de ser visto por baixo do veículo, ao lado da ventoinha (4).

A substituição do fluido de freio genuíno Toyota, de especificação DOT3, é indicada no manual para cada 40 mil km ou 4 anos. “Há, inclusive, uma tampa (5) destacada da grelha abaixo dos limpadores de para-brisa para o abastecimento do reservatório do fluido”, aponta o mecânico.

Sem sistema stop-start, a bateria (6) do Yaris é convencional, de 45 Ah e CCA de 370 A. “É mais barata e fácil de achar do que os modelos EFB”, opina.

Pontos com fácil manutenção são as tubulações de acoplamento (7) de alta e baixa pressão do ar-condicionado e o coxim (8) superior do motor. A central eletrônica do ABS (9) fica atrás da bateria, um pouco menos acessível.

Com corrente de comando, o 1.5 da Toyota dispensa manutenção neste aspecto. Já a correia de acessórios (10) tem apenas a inspeção visual indicada a cada 20 mil km ou 2 anos, sem prazo determinado de troca. Já o filtro de ar do motor (11) tem inspeção recomendada a cada 20 mil km ou 2 anos, com troca preconizada aos 40 mil km ou 4 anos.

 

UNDERCAR

Com o hatch da Toyota no elevador, o mecânico logo observa um ponto positivo do sistema de arrefecimento. “O Yaris, assim como outros modelos de linha japonesa, tem um dreno em forma de uma torneirinha (12) para fazer o escoamento do líquido de arrefecimento. A mangueira inferior (13) do radiador também possui um desenho interessante, que permite a substituição apenas do bocal plástico em caso de quebra”, analisa.

A sonda lamba pós-catalisador (14), assim como a pré (15), possui acesso simplificado. “Além de bem fixada com uma guia metálica, a sonda possui um chicote de fácil acesso para realizar qualquer medição”, conta.

Sem protetor de cárter tradicional, o Yaris traz uma pequena chapa metálica (16) logo abaixo do cárter. “Ele segue o formato de carros mais modernos, onde o desenho do cárter faz uma proteção do filtro de óleo (17), localizado na parte posterior”, observa Cassio Yassaka. A substituição do filtro de óleo deve ser realizada a cada troca de óleo do motor.

Há dois níveis de viscosidade de óleo de motor homologados para este 1.5 flex: 5W-30 ou 10W-30. O lubrificante indicado é o genuíno Toyota, de classificação mínima API SN. Com troca recomendada a cada 10 mil km ou 1 ano (metade em uso severo), a capacidade de abastecimento é de 3,3 litros. “O manual da Toyota é bem rico em detalhes sobre as condições de uso severo, o que inclui trajetos curtos muito frequentes. Nesses casos, o óleo do motor não atinge a temperatura ideal de trabalho”, conta.

O câmbio do tipo continuamente variável (CVT) do Yaris é identificado pelo código K312. De acordo com a Toyota, a inspeção do fluido do cárter da transmissão (18) deve ser feita a cada 40 mil km ou 4 anos, sem prazo definido para substituição em uso normal. Para uso severo, a indicação é de troca do fluido do câmbio CVT a cada 80 mil km ou 4 anos.

“Como o óleo de motor, o óleo de câmbio também deve ser substituído. Ele lubrifica peças em movimento, como as polias do CVT. A quebra do câmbio pode ser evitada com a troca preventiva do fluido”, orienta. O fluido homologado é o genuíno Toyota CVT FE, sendo necessários 7,5 litros para abastecimento.

No sistema de freios, com discos ventilados na dianteira e sistema a tambor, na traseira, não há surpresas na manutenção. A suspensão dianteira, do tipo McPherson, também é descomplicada no quesito reparabilidade. “A bieleta (19) é bastante curta, como no Etios. Isso gera menos desgaste. Já o pivô deve ser substituído junto com a bandeja”, comenta. A fixação superior (20) dos amortecedores fica acessível pelo cofre, sem desmontagem da grelha do para-brisa.

Com eixo de torção (21), a suspensão traseira também revela a facilidade de manutenção. “Para a troca dos amortecedores, a fixação superior é acessível pelas laterais do porta-malas”, nota. Outros pontos observados pelo profissional da manutenção automotiva é a facilidade de substituição do filtro de combustível (22) e o material metálico utilizado na linha de combustível (23). A troca do filtro de combustível também deve ser feita a cada troca de óleo do motor.

Após a análise técnica, Cassio Yassaka aprovou o Yaris Hatch 2023. “É um carro tranquilo de trabalhar em relação à manutenção do motor e também de suspensão e freios. É o tipo de modelo que os mecânicos gostam, pois facilita o trabalho na oficina”, comenta. O profissional ressalta ainda a confiabilidade dos modelos de origem japonesa. “Mesmo após os 5 anos de garantia de fábrica, os modelos da Toyota geralmente mostram-se confiáveis por mais 10 ou 15 anos, sem quebras. Para isso, basta fazer as manutenções periódicas corretamente”, acrescenta.

Texto & fotos Gustavo de Sá

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