segunda-feira, 30 de junho de 2025

Troca de disco e pastilha de freio do VW Golf: Dicas e procedimento técnico

Nesta matéria técnica abordamos todos os aspectos da subsituitção deste componente fundamental para segurança do veículo

texto Felipe Salomão   fotos Alexandre Vilella

A troca dos discos e pastilhas de freio é um procedimento rotineiro em todas as oficinas. Isto posto, a Revista O Mecânico traz dicas e o procedimento completo da substituição desse componente no Volkswagen Golf, ano 2014, um modelo já comum no mercado por estar fora de linha há algum tempo e ter feito sucesso em diversas fases por aqui.

Além do procedimento prático, abordamos algumas boas práticas para o profissional mecânico vinda dos próprios fabricantes do setor de freios. Entre as mudanças, estão os discos com embalagens herméticas, protegidas por óleo à base de água, dispensando lavagem antes da instalação. Outra novidade são as ranhuras concêntricas na superfície do disco, que estabilizam o contato da pastilha durante o assentamento inicial, evitando oscilações. Também foi incorporada uma pintura especial na parte interna dos discos, evitando oxidação na área de contato com o cubo de roda.

Claro, todos esses detalhes foram explicados pelo consultor técnico Guimarães, da Fremax, profissional com mais de 30 anos de experiência no setor automotivo. Segundo técnico, essas tecnologias melhoram o desempenho e aumentam a durabilidade do sistema.

Cuidados na instalação do disco e pastilha de freio

Os discos de freio contam com a indicação da espessura mínima gravada na peça, mas o recurso Safety Check, apresentado pela Fremax, traz uma marcação visual que desaparece gradualmente conforme o disco se desgasta. Portanto, quando essa marcação some, indica que a peça atingiu o limite mínimo de espessura. O objetivo é facilitar a inspeção durante as revisões, permitindo que o mecânico identifique o desgaste apenas visualmente. Inicialmente aplicada em linhas premium, essa tecnologia deve ser incorporada a outras aplicações das marcas generalistas no futuro.

Além das características técnicas, o consultor Guimarães destacou os erros mais comuns no serviço de freios nas oficinas. “Entre os erros comuns estão, a verificação apenas do sistema dianteiro, ignorando o sistema traseiro e componentes hidráulicos, como fluído de freio, cilindro mestre e servo freio. Essa prática pode sobrecarregar o eixo dianteiro, comprometendo o assentamento adequado das pastilhas e levando ao superaquecimento do disco, que pode apresentar manchas ou empenamentos”, reforçou.

Outro erro frequente está relacionado às vibrações percebidas durante a frenagem. Muitas vezes, a origem do problema não é o disco, mas o cubo de roda. A recomendação é o uso de relógio comparador e base magnética para medir o empeno do cubo e garantir a instalação correta do novo disco.
Além disso, para garantir o bom funcionamento do sistema de freios, o estado geral da pinça é fundamental. Segundo o consultor Guimarães, a pinça precisa estar sempre lubrificada e com seus componentes em boas condições, já que se trata de um modelo flutuante. “Se ela não tiver esse deslocamento adequado, por falta de lubrificação ou pelo guarda-pó danificado, ela trava. A consequência é o desgaste irregular das pastilhas”, explica.

utro ponto que merece atenção são os pinos deslizantes, responsáveis pela movimentação da pinça. “É importante verificar o guarda-pó e o anel de vedação, limpar bem e aplicar uma graxa especial. Se necessário, fazer a substituição”, completa Guimarães.

O próximo passo do procedimento foi a inspeção dos pinos deslizantes da pinça, essenciais para o funcionamento adequado do sistema de freio.

 

Passo a passo para a substituição do disco

Chaves utilizadas

Durante o procedimento, foi utilizado um Torx T27 para remoção do parafuso de fixação do disco ao cubo de roda. Em seguida, foram removidos os parafusos da pinça de freio com chave de 13 mm. Para evitar danos ao flexível, a pinça foi devidamente presa, já que esse componente é formado por várias camadas e pode perder eficiência se sofrer danos internos.

 

Passo 1 – Inspeção da pinça e pastilhas

Antes de iniciar a troca do disco, foi feita a avaliação do estado geral do cavalete e da pinça de freio. As pastilhas já apresentavam desgaste considerável, mas as presilhas estavam em condições adequadas. Também foi checado se os apoios da pastilha estavam perfeitos, evitando folgas e vibrações no sistema.

 

Passo 2 – Limpeza e medição do cubo de roda

Após a remoção do parafuso de fixação, o disco usado foi retirado e, em seguida, foi realizada a limpeza completa do cubo de roda. Essa etapa é essencial para garantir o assentamento adequado da nova peça.

Passo 3 – Verificação de empeno do cubo

Para garantir que o cubo estivesse plano, foi utilizada uma base magnética com relógio comparador. Com uma pré-carga de 2 mm e giro completo do cubo, o empeno medido ficou abaixo dos 4 centésimos de milímetro, ficando dentro do limite máximo de 5 centésimos permitido para o cubo.

Passo 4 – Verificação do empeno do disco novo

Com o relógio apoiado no disco e a mesma pré-carga, foi feita a medição em 360°. O limite máximo admissível para empeno do disco é de 10 centésimos de milímetro.

Passo 5 – Montagem do cavalete

O cavalete foi reposicionado e fixado com dois parafusos utilizando soquete de 21 mm. O torque final foi aplicado com torquímetro, garantindo a fixação correta.

Passo 6 – Instalação das pastilhas

As pastilhas foram posicionadas com as presilhas encaixadas na parte superior e inferior do cavalete. A estrutura precisa estar em bom estado para evitar flutuação das pastilhas no alojamento.

 

Passo 7 – Conexão do sensor de desgaste

No lado direito do veículo (lado do passageiro), foi feita a conexão elétrica do sensor de desgaste da pastilha, exclusivo deste lado. A ligação permite o monitoramento eletrônico do desgaste.

Finalização do serviço: verificação, sangria e assentamento

Guimarães reforça que um detalhe essencial antes de encaixar novamente a pinça no cavalete é a verificação dos pinos deslizantes. As peças precisam estar limpos, lubrificados e protegidos por guarda-pó para evitar entrada de sujeira e impedir o deslocamento correto da pinça. “Esse cuidado evita travamento e desgaste irregular das pastilhas”, explica o especialista.

 

Passo 8 – Verificação dos pinos deslizantes

Antes de fixar definitivamente a pinça no cavalete, foi feita a checagem da lubrificação e proteção dos pinos deslizantes. O deslocamento deve ser suave, com proteção adequada para evitar contaminação por sujeira.

Passo 9 – Instalação da pinça

Com a lubrificação feita, a pinça foi posicionada e fixada com os torques recomendados pelo fabricante. Essa etapa garante a montagem segura de todo o conjunto.

Passo 10 – Sangria do sistema de freio

Depois da fixação, foi realizado o processo de sangria para remoção de ar do sistema hidráulico. Guimarães destacou a importância de substituir completamente o fluido antigo por fluido novo, indicado pelo fabricante do veículo (DOT 3, DOT 4 ou DOT 5.1, conforme o caso). Nos veículos equipados com ABS, é recomendado utilizar um scanner automotivo durante a sangria para liberar bolhas de ar que podem ficar retidas nas eletroválvulas. O scanner ainda indica a ordem correta das rodas no procedimento.

Passo 11 – Substituição completa do fluido de freio

É fundamental substituir 100% do fluido antigo. “Não adianta fazer só uma sangria parcial. O fluido velho absorve umidade da atmosfera, perde ponto de ebulição e pode comprometer o funcionamento do sistema”, orienta Guimarães.

Passo 12 – Teste prático e pré-assentamento

Antes de liberar o veículo, é essencial realizar um teste prático em via segura. O mecânico deve verificar a eficiência do freio, se há desvios de trajetória, se o pedal está firme e se o sistema responde corretamente. O especialista também recomenda um procedimento chamado pré-assentamento, que prepara o sistema para o uso cotidiano:

Realizar frenagens suaves, de 80 para 60 km/h por cinco ou seis vezes e, depois, reduções de 60 para 40 km/h. Por fim, frenagens de 40 km/h até a parada completa. Todo esse procedimento deve ser feito progressivamente, sem frenagens bruscas, salvo em situações de emergência.

Passo 13 – Instalação do sensor de desgaste

No caso do Golf, o sistema conta com sensor de desgaste da pastilha, instalado na própria peça. O sensor conta com um encaixe específico no rasgo da pastilha e um chicote que acompanha o conjunto novo. Durante a instalação, é feita a conexão elétrica desse chicote ao sistema do veículo, garantindo o funcionamento correto do aviso de desgaste.

Passo 14 – Orientação ao cliente

Guimarães finaliza reforçando a importância de orientar o cliente sobre o pré-assentamento. “Nos primeiros 300 km após a troca, o motorista deve evitar frenagens agressivas, justamente para garantir o correto assentamento do disco e das pastilhas e preservar o conjunto por mais tempo”, orienta.

 

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