domingo, 21 de setembro de 2025

Mecânico é peça-chave pois é ele quem dá o veredito final na escolha da peça, diz executiva da Rheinmetall

Talita Peres, gerente de Marketing e Comunicação Corporativa da divisão de reposição do Grupo Rheinmetall, conversou com exclusividade com a Revista O Mecânico, falando sobre estratégia de marketing, desafios enfrentados pelas mulheres e outros assuntos importantes para o dia a dia das oficinas

por Felipe Salomão fotos Rheinmetall/Divulgação

Quem acha que o mecânico é apenas um trocador de peças está enganado, uma vez que, para o Grupo Rheinmetall, o mecânico é uma peça-chave para que a empresa possa vender cada vez mais. Segundo Talita Peres, gerente de Marketing e Comunicação Corporativa da divisão de reposição da companhia, “o mecânico é peça-chave dessa cadeia porque é ele quem dá o veredito final na escolha da peça. Por isso, a comunicação precisa ser simples, direta e próxima. Temos investido em ações educativas, vídeos práticos e, principalmente, presença em campo, mostrando que não estamos apenas vendendo um produto, mas apoiando o dia a dia da oficina”.

Ainda de acordo com Peres, a empresa tem buscado ouvir cada vez mais esses profissionais, entendendo as dores, as expectativas e a rotina das oficinas. “É nessa troca que as nossas marcas ganham força, porque o mecânico percebe que não está sozinho e que existe uma marca que realmente o apoia e valoriza”.

Além de falar sobre a importância dos mecânicos para o Grupo Rheinmetall, Peres abordou temas como marketing estratégico, marketing H2H, os desafios existentes para as mulheres em cargos de alta gestão, entre outros assuntos, como a tradição das marcas KS e Pierburg. Veja a entrevista completa nas próximas páginas.

O Mecânico: Talita, você atua em áreas como marketing estratégico, neuromarketing e liderança humanizada. Na prática, como esses pilares se encontram no seu dia a dia como executiva?
Talita Peres: Na verdade, esses são pilares que eu busquei durante a minha carreira para complementar meus conhecimentos e conseguir uma conexão maior e mais efetiva com os públicos do nosso mercado. Eram uma inquietação minha. Nem sempre foram vetores da minha atuação.

Tenho mais de 20 anos de mercado e sempre percebi que o aftermarket era movido por pessoas e o relacionamento entre elas, então fui me desenvolvendo em disciplinas de gestão estratégica e de pessoas e recentemente encontrei o conceito do Marketing H2H e do neuromarketing que validam tudo o que eu sempre acreditei sobre as relações humanas no mercado de reposição. O marketing estratégico me dá visão de longo prazo, o neuromarketing traz embasamento científico sobre como tomamos decisões e percebemos valor, e a liderança humanizada garante que essa visão não seja apenas números, mas também vínculo, confiança e propósito. No meu dia a dia, isso se traduz em campanhas que tocam a razão e a emoção em decisões de branding ancoradas, em ciência do comportamento e, principalmente, em liderar equipes de forma que se sintam vistas e pertencentes.

O Mecânico: Atualmente, o termo Marketing H2H (Human to Human) está cada vez mais presente. Na sua visão, como aplicar essa abordagem em um setor tão técnico e competitivo quanto o automotivo?
Talita Peres: Quando fiz o curso diretamente com o Kotler esse foi exatamente o meu ponto de decisão. Como usar a teoria que pra mim fazia tanto sentido no meu mercado especificamente. O H2H é justamente o que humaniza um setor, muitas vezes, percebido como frio. No mercado automotivo, aplicar essa abordagem significa olhar para além dos itens comercializados e enxergar a pessoa por trás da compra, da manutenção e da decisão. É falar com o mecânico não só sobre especificações, mas sobre como o produto facilita a vida dele; é entender que a cadeia é feita de gente:  engenheiros, distribuidores, vendedores e reparadores. Quando tratamos cada ponto de contato como oportunidade de gerar confiança e vínculo, mesmo em um setor altamente técnico, conseguimos transformar a relação em algo memorável e de longo prazo.

O Mecânico: Quais os maiores desafios que ainda existem para mulheres em cargos de alta gestão na indústria automotiva?
Talita Peres: O primeiro é romper barreiras culturais em um setor ainda muito masculino. Muitas vezes, a mulher precisa provar mais, falar mais alto ou mostrar resultados mais consistentes para ser ouvida na mesma intensidade que um homem. Outro desafio é equilibrar vulnerabilidade e firmeza, trazendo a humanização para a mesa sem que isso seja confundido com fragilidade. Eu acredito que esse é justamente o diferencial feminino: liderar com empatia e visão sistêmica. Mas ainda é um movimento em construção. É por isso que iniciativas de networking e representatividade, como a AMMA – Associação Brasileira das Mulheres do Mercado Automotivo, são tão necessárias, pois mostram para o setor que liderança feminina é uma complementaridade e não exceção.

O Mecânico: A KS e Pierburg têm tradição na produção de componentes automotivos e, ao mesmo tempo, buscam expandir sua atuação em novas tecnologias. Como o marketing pode reforçar essa imagem de tradição e inovação ao mesmo tempo?
Talita Peres: Esse equilíbrio é um dos maiores ativos das nossas marcas. O marketing tem o papel de contar nossa história de tradição como uma base sólida, que dá credibilidade e confiança, e ao mesmo tempo mostrar que essa tradição é o trampolim para a inovação. A gente quer mostrar que domina o passado e o presente, mas estamos prontos para o futuro. Isso se traduz em narrativas visuais e verbais que valorizam herança técnica, mas com linguagem moderna, com relacionamento e exemplos práticos de como essa experiência histórica está sendo aplicada em novas soluções.

O Mecânico: A KS vem ampliando seu papel no Brasil dentro da cadeia de fornecedores automotivos. Como vocês têm trabalhado a comunicação para aproximar a marca dos mecânicos?
Talita Peres: O mecânico é peça-chave dessa cadeia  porque é ele quem dá o veredito final na escolha da peça. Por isso, a comunicação precisa ser simples, direta e próxima. Temos investido em ações educativas, vídeos práticos e principalmente presença em campo, mostrando que não estamos apenas vendendo um produto, mas apoiando o dia a dia da oficina. Também buscamos escutar esses profissionais: entender suas dores, expectativas e rotina. É nessa troca que as nossas marcas ganham força porque o mecânico percebe que não está sozinho e que existe uma marca que realmente o apoia e valoriza.

O Mecânico: Como a empresa está se posicionando frente às transformações da indústria, como a eletrificação e a busca por soluções mais sustentáveis?
Talita Peres: A Rheinmetall tem mais de um século de tradição em engenharia, e é justamente essa herança que nos permite liderar a transição para o futuro da mobilidade. Hoje, estamos posicionados como um parceiro global em eletrificação, eficiência energética e novas soluções de propulsão, incluindo sistemas voltados para hidrogênio. Isso mostra que não estamos apenas acompanhando tendência, mas investindo de forma estruturada em tecnologias que unem performance, segurança e sustentabilidade.

No Brasil, esse posicionamento também é comunicado de maneira clara: reforçamos a confiabilidade já reconhecida das nossas marcas, mas mostramos que a mesma expertise aplicada aos motores a combustão está sendo direcionada para soluções limpas e inovadoras. Sustentabilidade, para nós, não é uma ação paralela, mas parte central da estratégia de negócios, guiada pelo propósito de entregar tecnologia que respeite o meio ambiente e prepare a indústria para as próximas gerações.

 

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