Veja como remover e instalar esse componente, garantindo a correta circulação do fluído de arrefecimento e a proteção do sistema da transmissão automática
texto Felipe Salomão fotos Diego Cesilio / Divulgação Stellantis
Em 2015, a Jeep lançou o Renegade no Brasil, que se tornou um dos modelos mais vendidos da marca no país com o passar dos anos. Apesar do sucesso, os veículos da primeira geração apresentam problemas recorrentes no trocador de calor, questão que foi corrigida nas versões mais recentes do SUV compacto. Portanto, por ser um tema delicado nas oficinas, circula muita informação desencontrada, o que pode gerar danos adicionais ao veículo durante a manutenção, além de mais dúvidas nos profissionais do segmento. Por isso, a Revista O Mecânico foi até a oficina RedCar, em Jundiaí, interior de São Paulo, para acompanhar a troca desse componente realizada pelo mecânico André Foratori, que detalhou cada passo com dicas valiosas para essa manutenção.
Contexto do problema?
O trocador de calor do Jeep Renegade 1.8, especialmente nos modelos com câmbio automático AT6, costumeiramente apresenta falhas que podem comprometer o funcionamento do câmbio e do sistema de arrefecimento do motor. Problemas como contaminação cruzada entre óleo da transmissão e fluido de arrefecimento, vazamentos internos e superaquecimento do câmbio têm sido relatados por mecânicos e, também, proprietários. Dito isso, especialistas alertam que a manutenção preventiva, a inspeção periódica do reservatório e a troca regular dos fluidos são essenciais para evitar danos graves e custos elevados de reparação.
Foratori explica que algumas peças podem exigir cuidados extras: “Se estiver muito duro para sair, passe um pouco de desengripante”. Deste modo, mesmo com o uso de alicates específicos, pode ocorrer vazamento residual de fluido. O mecânico ainda recomenda posicionar tampões ou direcionar a mangueira para evitar escorrimento em excesso.
O trocador de calor removido do Jeep Renegade rodou 60.000 km e, segundo André, é interessante observar a parte interna para entender seu funcionamento. Pequenas fissuras no trocador permitem passagem de fluido entre motor e radiador, podendo gerar falhas se não houver manutenção preventiva.
Avaliação de peças de reposição Antes de instalar o novo trocador, recomenda-se:
1) Conferir embalagem e estado físico da peça (sem amassados ou sujeira).
2) Avaliar a qualidade do material, seja original ou de reposição.
3) Verificar a presença e integridade dos O-rings ou gaxetas, garantindo vedação correta.
Foratori ainda reforça que a escolha de peças de reposição deve considerar garantia e procedência, evitando marcas desconhecidas. Além disso, o mecânico disse: “Alguns clientes optam por eliminar o trocador de calor e instalar um radiador adaptado. Essa alternativa elimina a necessidade de substituição preventiva do trocador, mas exige desmontagem parcial do veículo e maior tempo de serviço”.
Manutenção preventiva
Mesmo após a troca, a manutenção preventiva é essencial
4) Troca do fluido de arrefecimento: uma vez por ano.
5) Troca do fluido da transmissão automática: a cada 4 anos ou 60.000 km (ou 40.000 km/2,5 anos no caso de câmbio CVT). Observação: O procedimento garante que o sistema não transfira fluido entre motor e transmissão, evitando danos futuros.
Passo a passo de instalação
6) Avaliar e limpar a base do trocador no veículo, removendo resíduos de fluido antigo.
7) Conferir integridade dos O-rings ou gaxetas e instalar corretamente.
8) Posicionar o trocador no suporte do motor.
9) Fixar parafusos, começando pelo superior, evitando vazamentos.
10) Reinstalar abraçadeiras com alicate específico para mangueiras.
11) Recolocar protetores e carter removidos.
12) Reabastecer o fluido de arrefecimento e da transmissão conforme especificação do fabricante.
13) Ligar o motor e acionar a ventoinha 4 a 5 vezes, garantindo circulação completa do fluido.
14) Verificar se não há vazamentos em O-rings, braçadeiras e conexões.
Detalhes a observar
Embora o passo a passo não seja complicado, é preciso ficar atento com alguns detalhes, como explica Foratori. “Após a limpeza da base, a instalação do trocador de calor começa com a verificação da posição correta da peça e do O-ring. É importante conferir se o O-ring está encaixado, evitando que ele se desloque ou seja esmagado durante o aperto”.
Além disso, os parafusos inferiores são posicionados primeiro, permitindo o alinhamento correto antes de colocar o parafuso superior, considerado mais difícil de acessar. Esse procedimento reduz o risco de deformações e garante a vedação adequada. Após fazer esse processo, o mecânico deve realizar o pré-aperto manual de todos os parafusos, verificando visualmente o alinhamento e ajustando conforme necessário. O aperto final pode ser feito com chave fixa ou catraca, sempre mantendo a atenção para não danificar o O-ring.
Outro cuidado essencial é a instalação das mangueiras que exigem atenção especial às braçadeiras, que devem ser posicionadas de forma central para suportar a pressão e temperatura do sistema. “Ferramentas específicas, como alicates próprios para mangueiras e catracas com soquetes, facilitam o processo e evitam vazamentos”, diz Foratori. Vale pontuar que durante essa revisão no trocador de calor, Foratori optou pela substituição do reservatório de arrefecimento devido ao amarelamento da peça original. Lembrando, a remoção exige cuidado com as braçadeiras e travas plásticas, utilizando ferramentas adequadas para evitar danos à mangueira ou à própria peça. Após a retirada, a limpeza do sistema é realizada antes da instalação do novo reservatório, conferindo o encaixe correto e travando a peça de forma segura.
Como é de praxe, o procedimento de sangria do fluído é essencial para eliminar o ar do sistema. A recomendação é realizar a sangria pelo ponto mais alto do circuito ou por meio de um funil com válvula, que permite o reposicionamento do aditivo sem derramamentos. A substituição completa do fluído inclui também o radiador do ar quente, garantindo a circulação correta em todo o sistema. O fluído deve ser conferido após o teste de rodagem, ajustando o nível acima do máximo para compensar a acomodação do sistema no dia seguinte. Por fim, após a montagem, é recomendada uma verificação completa do veículo, conferindo possíveis vazamentos e realizando um teste de rodagem. Esse cuidado garante que o serviço seja entregue corretamente, prevenindo problemas com fluídos de transmissão e arrefecimento.
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