Confira os aspectos de reparabilidade e pontos de atenção na mecânica do SUV 4×4, que alia a plataforma do Focus, motor 2.0 Duratec de 240 cv a gasolina do Fusion e capacidade off-road
O inesperado fechamento de todas as fábricas da Ford no Brasil, anunciado no início deste ano, não significou o fim das atividades da marca por aqui. Sem os nacionais das linhas Ka e EcoSport, a Ford passou a ter uma gama composta somente por importados. E o primeiro modelo inédito desta nova fase é o Bronco Sport, SUV 4×4 com proposta e preço de Land Rover.
O Bronco Sport é importado do México em versão única, Wildtrack, por R$ 264.690. O modelo possui construção do tipo monobloco, com um Jeep Compass – nos Estados Unidos, a gama 4×4 da marca é formada ainda pelo Bronco 2 portas e Bronco 4 portas, ambos com estrutura do tipo carroceria sobre chassi. O Sport possui 4.386 mm de comprimento, 1.888 mm de largura, 1.813 mm de altura e 2.670 mm de distância entre eixos.
Projetado para encarar terrenos de lama e terra sem medo, o Bronco Sport possui altura do solo de 223 mm, capacidade de imersão em trechos alagados de 600 mm, suspensões independentes com braços de alumínio forjado, 7 modos de condução off-road e tração 4×4 com opção de bloqueio do diferencial traseiro.
A Ford optou por trazer ao Brasil a opção mais potente do SUV, com um motor 2.0 EcoBoost, somente a gasolina, de 240 cv de potência a 5.500 rpm e 38 kgfm de torque a 3.000 rpm. Trata-se da mesma família de motor usada pelo Fusion, com alterações na calibração. O câmbio do SUV é automático de 8 marchas.
O pacote de itens de série do Bronco Sport Wildtrack inclui 9 airbags, faróis full LED, central multimídia com tela de 8”, sistema de som Bang & Olufsen, carregador de celular por indução, partida do motor por botão, teto solar elétrico frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres e controle de cruzeiro adaptativo, entre outros.
Para avaliar o Bronco Sport sob o aspecto das condições de manutenção reparabilidade mecânica, contamos com o auxílio do mecânico Cassio Yassaka, proprietário da oficina Cassio Serviços Automotivos, em São Paulo/SP.
MECÂNICA DE IMPORTADO
Construído na mesma plataforma do Focus europeu, o Bronco Sport apresenta amplo cofre do motor, graças à dianteira estendida e capô elevado. O motor 2.0 é coberto por uma espessa cobertura anti-ruído (1). “A capa protetora é feita de material espumado, bem flexível, para conter ruídos. Para removê-la, basta soltar um parafuso”, explica Yassaka.
O mecânico começa ressaltando as particularidades deste motor 2.0. “Como é um Ford importado, muitos elementos da injeção e sistemas eletroeletrônicos (2) são da FoMoCo (Ford Motor Company). Por isso, esse carro exige algumas ferramentas específicas do mercado norte-americano”, adianta.
Um desses pontos é a tubulação de combustível. “Ela possui conectores do tipo engate-rápido (3), que exigem uma ferramenta especial para a retirada. Se o mecânico não tiver essa ferramenta, não deverá forçar a retirada da tubulação, pois há risco de danificar a trava e provocar a troca do tubo por completo”, orienta Yassaka.
O acesso a alguns componentes de manutenção corriqueira também não é simples. “Os injetores têm acesso difícil por conta do turbo. Para fazer uma limpeza do corpo de borboleta, algo que é muito comum, fica complicado pela localização, abaixo do coletor de admissão”, opina Cassio Yassaka.
“Já a bomba de alta (4) fica acessível e conta com acionamento mecânico e gerenciamento eletrônico da pressão do combustível”, complementa.
De acordo com o manual do fabricante, a substituição das velas de ignição é indicada a cada 60 mil quilômetros.
O sincronismo do motor é feito por corrente, livre de manutenção. Já a correia de acessórios (5) tem troca prevista para cada 240 mil quilômetros ou 10 anos.
O sistema de arrefecimento possui indicação de primeira troca do fluido (6) aos 320 mil quilômetros ou 10 anos. Após esse período, deve ser substituído a cada 160 mil quilômetros ou 5 anos.
A Ford recomenda fluido anticongelante que atenda à especificação WSS-M97B57-A2. Para o abastecimento total, são necessários 8,1 litros. Já o fluido de freio deve ser DOT 4 ou equivalente que atenda à especificação WSS-M6C65-A2, com substituição indicada a cada 3 anos (sem restrição de quilometragem).
O filtro de ar (7) do motor tem acesso descomplicado, bastando desconectar o sensor e as duas travas da caixa. O prazo para troca recomendado pela Ford é a cada 40 mil km ou em intervalo menor em condições de muita poeira. “Por ser um veículo off-road, é recomendável reduzir esse intervalo de troca do filtro”, indica o mecânico.
A bateria do Bronco Sport é do tipo EFB, pois o SUV possui sistema start-stop. “A demanda de carga é bastante exigida por conta da variedade de equipamentos eletrônicos”, comenta Yassaka.
Um deles é o sistema de grade ativa (8) à frente do intercooler, que abre ou fecha as aletas de acordo com demanda de refrigeração a fim de diminuir o arrasto aerodinâmico.
Em caso de manutenção das lâmpadas em LED dos faróis (9), o acesso é facilitado pela posição elevada.
UNDERCAR
Com o Bronco Sport no elevador, removemos o protetor de cárter para melhor visualização da região ao redor do cárter do motor. A troca de óleo e filtro de óleo (10) do motor deve ser realizada a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano.
A Ford recomenda fluidos com grau de viscosidade SAE 5W-30, que atendam às especificações WSS-M2C961-A1 ou WSS-M2C913-D. Para a substituição, são necessários 5,2 litros. “O filtro de óleo possui sensores eletrônicos, além do interruptor de óleo”, observa Yassaka.
O mecânico ressalta que a transmissão possui trocadores de calor, com circuitos de água (11) para a caixa de câmbio e também para o diferencial. “Ao lado do trocador de calor do câmbio fica a válvula direcionadora de fluxo de água (12), que é feita de material plástico, o que exige cuidado pela fragilidade do componente”, nota.
Itens como turbocompressor, compressor do ar-condicionado e bicos do sistema de injeção têm o alcance limitado pelo tamanho do diferencial dianteiro. “Para manutenção nesta região inferior do motor, pode ser necessário baixar o quadro de suspensão”, comenta.
A sonda pré-catalisador só é acessível pelo cofre do motor, enquanto a pós-catalisador (13) pode ser substituída pelo undercar.
O filtro de combustível (14) é externo e possui recomendação de troca a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano.
No diferencial traseiro, o mecânico observa o bujão de escoamento do óleo, o sensor de velocidade de rotação (15) e o servo-motor de controle. O câmbio automático não possui recomendação de troca do fluido.
Destaque do Bronco Sport é o sistema de suspensões independentes nos dois eixos, o que garante melhor contato dos pneus com o solo e controle do veículo. “A suspensão utiliza braços de alumínio forjado, que são mais leves e bem resistentes, na dianteira (16) e traseira (17)”, comenta o mecânico.
Os amortecedores traseiros têm fixação superior pelo lado externo da carroceria (18). “Talvez a marca tenha adotado essa solução para permitir maior curso da suspensão e melhor vedação da carroceria contra pó”, opina o profissional.
Os freios do Bronco Sport, com discos ventilados nos dois eixos, não exigem ferramenta especial na hora da manutenção – com exceção da necessidade de uso de scanner para a substituição das pastilhas de freio traseiras, uma vez que o freio de estacionamento possui um atuador (19) para acionamento eletromecânico.
“Os sensores individuais do sistema ABS ficam bastante protegidos, já que esse carro foi feito pra encarar trechos de terra e lama”, nota o mecânico.
Após analisar os aspectos de reparabilidade do Bronco Sport, Cassio Yassaka ressalta os pontos de atenção do modelo. “É um carro com motor turbo, que exige que sejam seguidos à risca todos os prazos de manutenção preventiva indicados no manual, com a troca de óleo e demais fluidos no tempo correto. As conexões plásticas do sistema de arrefecimento também têm que ser monitoradas de perto por conta do possível ressecamento com o passar do tempo”, salienta.
Outro aspecto é a necessidade de uso de algumas ferramentas especiais para o modelo, como nos engates da tubulação de combustível. “O Bronco Sport é um SUV importado e que pode ter o custo de peças elevado em caso de necessidade de manutenção corretiva”, observa Yassaka.
Texto Gustavo de Sá
Fotos Lucas Porto
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