Confira a análise técnica das condições de manutenção do SUV Pulse com o novo motor 1.0 T200 flex e câmbio CVT
Se no segmento de picapes a Fiat ocupa posição de destaque com Strada e Toro, na categoria de SUVs a marca não tinha nenhum representante até a estreia do Pulse, em outubro de 2021. Apesar de compartilhar elementos com o hatch Argo, o novato traz importantes evoluções estruturais e inaugura conjunto inédito de motor e câmbio.
Primeiro SUV nacional da marca, o Pulse fabricado em Betim (MG) é construído na plataforma MLA, uma evolução das bases MP1 e MP-S de Argo e Cronos, respectivamente. Em relação à dupla, o Pulse ganhou novas suspensões dianteira e traseira, sistema de direção específico, nova arquitetura eletrônica, novo assoalho, sistema de freios aprimorado e maior aplicação de aços nobres (de ultra-alta e alta resistência).
A maior evolução do Pulse está na mecânica, já que ele é o primeiro modelo da Stellantis (proprietária das marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram) a utilizar o motor 1.0 GSE turboflex T200, de 3-cilindros. Moderno, o T200 traz turbocompressor com válvula wastegate eletrônica, injeção direta de combustível, sistema MultiAir III de controle eletroeletrônico das válvulas de admissão e sincronismo por corrente.
O novo 1.0 turbo produz 130/125 cv de potência (E/G) a 5.750 rpm e 20,4 kgfm de torque a 1.750 rpm com qualquer um dos combustíveis. Acoplado ao motor turbo está um novo câmbio automático do tipo CVT, fornecido pela japonesa Aisin, com 7 marchas pré-programadas. O Pulse é vendido ainda em versões com motor 1.3 Firefly aspirado, de 107 cv a 6.250 rpm e 13,7 kgfm a 4.000 rpm (com etanol), que pode ser unido ao câmbio manual de cinco marchas ou automático CVT.
Disponível em cinco versões, o Pulse tem preços entre R$ 87.990 e R$ 123.490. Para a avaliação da versão topo de linha Impetus T200, contamos com o auxílio do mecânico Rodrigo Marinho, proprietário da oficina Gade Automotive, de São Paulo/SP.
PRAZOS DO MOTOR TURBO
Por esta ser a primeira aplicação do motor 1.0 turbo nos modelos da marca, é importante que o mecânico redobre a atenção com os prazos de manutenção previstos no manual do fabricante. “Vale ressaltar o cuidado com os intervalos de uso severo. Motoristas que rodam pouco com o carro também devem considerar antecipar as revisões, já que o óleo pode oxidar precocemente”, adverte Marinho.
No Pulse 1.0 T200, a substituição de óleo do motor e filtro de óleo segue o padrão do mercado, com prazo de 1 ano ou 10 mil quilômetros (ou metade do previsto em caso de uso severo). “Por conta do turbo, é de extrema importância que o óleo esteja sempre na propriedade original, a fim de proteger toda a lubrificação”, afirma o mecânico. O lubrificante recomendado pelo manual para o motor 1.0 T200 é o Mopar MaxPro Synthetic 0W30, que atende à especificação ACEA C2 e à norma FCA 9.55535-GSI.
Para o abastecimento completo do cárter do motor, incluída a troca do filtro, são necessários 3,5 litros. “Muita gente às vezes não sabe, então vale lembrar que a vareta de medição do nível do óleo fica embutida na própria tampa de abastecimento (1) do lubrificante”, explica. De acordo com o manual do fabricante, o consumo máximo de óleo do motor é de 400 ml a cada 1.000 km rodados.
Ainda em relação aos fluidos, o de arrefecimento (2) possui prazo de uso extenso, com troca somente aos 10 anos ou 240 mil quilômetros. “O sistema de arrefecimento é um dos mais importantes no motor, pois mantém o conjunto sempre na temperatura ideal. Sempre que for necessário completar o nível, utilize somente o fluido original”, alerta Marinho. O fluido de base monoetilenoglicol homologado pela fabricante é o Mopar Coolant OAT 50 (Norma Fiat MS.90032- Parte B) e não necessita de diluição em água desmineralizada. Para o abastecimento completo, são necessários 6,65 litros.
O fluido de freio (3), de especificação DOT 4, deve ser substituído a cada 2 anos ou 40 mil quilômetros. “Muita gente faz a troca da pastilha e não faz o teste para verificar se o fluido está dentro da especificação. Com isso, o freio poderá aquecer mais que o normal e terá a eficiência reduzida”, indica. O reservatório possui capacidade para 0,6 litro.
O filtro de ar do motor do Pulse T200 tem acesso simples. “Basta soltar os três parafusos superiores (4), desencaixar a mangueira de ar e levantar a tampa para fazer a substituição. A abraçadeira da mangueira é de pressão, bastando levantar a parte superior com uma chave e fazer o travamento com um alicate (5)”, explica.
No manual, a indicação é de troca do filtro de ar a cada 3 anos ou 30 mil quilômetros. Nas verificações visuais a cada revisão, caso o elemento filtrante (6) esteja saturado, a troca deve ser antecipada.
Para ter acesso às velas, bobinas, corpo de borboleta e tampa de válvulas, é preciso remover a caixa do filtro de ar e a tampa superior do motor (7). A substituição das velas de ignição é indicada a cada 60 mil quilômetros, independentemente de tempo. “É preciso estar atento ao tipo de uso do veículo. Se for utilizado combustível de baixa qualidade ou tráfego intenso diário, pode haver desgaste antes desse período. Por isso o mecânico deve se antecipar e remover a vela para analisar a condição dela”, conta.
Segundo indicação da Fiat no manual do veículo, para motoristas que optem por abastecer o veículo exclusivamente com etanol, “é recomendado o abastecimento completo do tanque de combustível com gasolina (no mínimo um tanque) a cada 10.000 km para reduzir prováveis contaminantes precedentes do etanol”. “A gasolina aditivada tem maior propriedade de fazer uma limpeza que o etanol não tem”, comenta o profissional.
Apesar de não haver start-stop de série no Pulse, a bateria de 60 Ah é do tipo EFB (8), preparada para o uso desse sistema. “É uma bateria bem mais cara que uma convencional. Na hora da substituição, é necessário utilizar o mesmo padrão original de fábrica para não sobrecarregar alternador e outros sistemas elétricos”, recomenda.
O mecânico da oficina Gade Automotive destaca ainda o acesso facilitado a diversos componentes no cofre do motor, como a válvula de controle eletrônico (9) do turbo, sondas-lambda (10), módulo do ABS (11), alternador e módulo de injeção eletrônica (12). “Isso facilita o dia a dia na oficina, tornando até o diagnóstico mais barato para o cliente pela diminuição do tempo de trabalho na oficina”, ressalta.
O sincronismo deste motor turbo é feito por corrente, que dispensa manutenção. A correia de acessórios (13), por sua vez, tem prazo de substituição previsto em manual a cada 6 anos ou 120 mil quilômetros. “Por ser um SUV, com a carroceria um pouco mais larga, há um espaço maior para substituição da correia de acessórios e do coxim (14) do motor”, analisa Marinho.
CÂMBIO CVT E UNDERCAR
Além do motor 1.0 GSE T200, o Fiat Pulse foi o primeiro modelo da marca e do grupo Stellantis a utilizar o novo câmbio CVT fornecido pela Aisin, com 7 marchas pré-programadas. Do tipo continuamente variável, a transmissão é completamente diferente da caixa automática epicíclica de 6 marchas (também da Aisin) utilizada em versões dos modelos Argo, Cronos, Toro, Renegade, Compass e Commander.
Na análise visual do câmbio CVT, o mecânico destaca as mudanças em relação aos demais veículos da marca. “O trocador de calor (15) desta caixa possui desenho diferente do automático de seis marchas. É importante ressaltar o cuidado com a manutenção do sistema de arrefecimento do veículo, a fim de manter a boa circulação e evitar a corrosão desta peça, que é essencial para manter a temperatura ideal do fluido do câmbio”, observa.
A recomendação da Fiat em relação à troca do fluido do câmbio é a mesma prevista nos manuais de outros modelos da marca: o óleo da transmissão CVT, do tipo “For Life”, não necessita de substituição. “O manual não indica a troca. Mas, na minha opinião, pode haver exceções. Em carros de uso severo, onde o lubrificante da caixa atinge temperaturas muito altas, eu indicaria a troca aos 100 mil km. Vale ficar atento para atualizações futuras no manual, se houver mudança nesse sentido”, opina Marinho. Caso a substituição seja necessária, o fluido homologado para o câmbio CVT é o Mobil TFF CVT Fluid FE JWS 3401. Ao todo, o cárter (16) da transmissão possui capacidade para 7,6 litros.
Na análise da suspensão dianteira, do tipo McPherson, Marinho destaca as particularidades do conjunto. “A troca do pivô, que é rebitado (17), exige a substituição da bandeja. Já a fixação do amortecedor é feita por dois parafusos inferiores e pela porca superior, com fácil remoção da torre. As buchas (18) da barra estabilizadora, que podem apresentar ruído com o tempo, também têm acesso tranquilo”, observa.
A suspensão traseira, por eixo de torção, também possui manutenção descomplicada dos amortecedores (19), molas e buchas do eixo, na visão do mecânico. A mesma opinião é estendida aos freios, que contam com discos ventilados na dianteira e sistema a tambor, na traseira. O filtro de combustível (20), protegido por um acabamento plástico, possui indicação de troca a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano.
Do lado de dentro do SUV, o filtro de cabine fica próximo à parede corta- -fogo, na região dos pés do passageiro dianteiro. Segundo o manual, a verificação do estado do filtro de ar-condicionado deve ser feita a cada 1 ano ou 10 mil quilômetros.
Após analisar as condições de reparabilidade do Fiat Pulse 1.0 turbo, Marinho ressalta a importância da capacitação dos guerreiros das oficinas. “Apesar do fácil acesso a vários componentes do carro, não significa que é fácil de mexer. O mecânico precisa ter técnica, principalmente em relação aos sistemas eletrônicos. O fato de o carro ajudar na manutenção não descarta a necessidade de o profissional estar sempre atualizado”, opina.
Texto & fotos: Gustavo de Sá
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