Confira como é feita a troca do reservatório de fluido, caixa e bomba da direção hidráulica de um exemplar ano-modelo 2013/2014 do hatch compacto da General Motors
Embora já tenha sido substituída em muitos modelos pela direção elétrica, os sistemas de direção hidráulica, que utilizam a combinação de bomba e fluido para reduzir o esforço necessário para manobrar o veículo, ainda são encontrados em boa parte da frota rodante e até em alguns automóveis zero-km. E como qualquer sistema de um automóvel, exige a revisão periódica do seu correto funcionamento, ainda que na prática isso nem sempre aconteça…
“O sistema de direção servoassistida hidraulicamente, seja acionado por bomba mecânica movimentada por correias ou bomba elétrica, necessita de manutenção periódica preventiva por ser aberto, sujeito a contaminação tanto por umidade e partículas externas quanto por contaminantes gerados internamente pelo desgaste mecânico das peças”, comenta o professor de engenharia da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), Fernando Landulfo, que é consultor técnico da Revista O Mecânico e da CARRO.
Segundo Landulfo, essa manutenção preventiva envolve substituição do fluido, inspeção visual, medição de pressões, substituição do reservatório e, se houver, substituição do filtro, não necessariamente nessa ordem. Caso sejam detectados inícios de vazamentos ou ruídos anormais no sistema, recomenda-se a intervenção para análise e correções necessárias o quanto antes for possível.
Com 48 mil quilômetros rodados, o Chevrolet Celta LT 2013/2014 usado nesta reportagem estava deixando manchas de fluido pelo piso. Embora tenha sido identificado um vazamento no cárter do lubrificante do motor, possivelmente causado por esmagamento de junta por aperto excessivo, a vareta de medição de nível do lubrificante apontava para uma quantidade normal de fluido. Um indício de que havia outro problema com o hatch.
Foi feita então uma análise do restante do veículo, que apresentava também vazamento de fluido lubrificante vindo da caixa de direção. Como já havia sido identificado que a direção estava pesada demais para um carro com assistência hidráulica, além do componente defeituoso, foram feitas também as substituições do reservatório de fluido e da bomba hidráulica de forma preventiva, além da sangria do sistema.
Em alguns veículos, a fabricante permite que se lave o reservatório do fluido da direção. Porém, o consultor técnico da Ampri, Edson Clemente, não recomenda essa operação. “O reservatório possui um filtro interno que retém as partículas suspensas. Por mais que se lave o reservatório, esse filtro ainda continuará saturado de sujeira e não terá a mesma capacidade de filtragem. Por esse motivo, recomendamos sempre a substituição”.
O procedimento de desmontagem e substituição dos elementos de direção foi realizado na oficina Auto Mecânica Louricar, na Zona Sul de São Paulo, com a orientação de Edson Clemente, consultor técnico da Ampri, empresa fabricante de peças de direção para o mercado de reposição de autopeças.
DIAGNÓSTICO E SANGRIA
1) Com o carro ainda no chão, deligue o contato da bateria e esgote o fluído hidráulico para a troca do reservatório. O procedimento é recomendado, pois, a vida útil do fluido é de 30 mil km ou um ano e não é possível fazer a limpeza interna do componente, segundo Edson Clemente, devido à saturação do filtro interno.
2) A umidade ao redor do reservatório é normal e ocorre pois na tampa existe um furo de respiro de diâmetro elevado, característica em veículos fabricados pela GM.
3) Coloque o fluido usado em um reservatório transparente, para acompanhar a qualidade desse fluido.
Obs: O fluido recolhido do veículo pode ajudar no diagnóstico. Segundo Fernando Landulfo, fluido leitoso indica presença de umidade excessiva, o que pode significar que a tampa do reservatório está mal apertada ou vedada (critico nas lavagens). Fluido escuro ou com partículas solidas pode indicar desgaste excessivo da bomba ou mesmo da caixa de direção.
4) Feita a drenagem de todo o fluido, faça a retirada do reservatório, usando uma chave de 10 mm (4a). Retire as abraçadeiras que fazem a fixação das mangueiras de alimentação e de retorno do sistema (4b).
5) Instale o novo reservatório e complete com fluido novo (o recomendado pela GM é o Dexron II). Substitua todas as mangueiras.
6) Substitua também as abraçadeiras convencionais pelas de parafuso, para que no momento da instalação elas promovam melhor vedação do sistema.
7) Retire a mangueira de retorno do reservatório de fluido, alongue esta tubulação para dentro de um recipiente transparente e inicie o processo de sangria e limpeza do sistema hidráulico, virando o volante de canto a canto. A ideia do reservatório transparente é monitorar do momento em que está saindo o fluido sujo até o instante em que começa a sair o fluido limpo, o que significa que o fluido sujo saiu de todo o sistema. Neste caso, deve ser usado o fluido especificado pela GM (Dexron 2).
8) Com o processo de limpeza concluído, recoloque a mangueira de retorno no reservatório e faça o aperto da abraçadeira.
TROCA DA CAIXA DE DIREÇÃO
9) Para o processo de remoção do mecanismo, use uma chave combinada de 13 mm para soltar e retirar o parafuso que faz a fixação da coluna com o eixo pinhão da caixa de direção hidráulica.
10) Com o veículo no elevador e sem as rodas dianteiras, utilize uma chave catraca com soquete de 17 mm para remover a porca que faz a fixação do terminal de direção de ambos os lados.
11) Após a soltura das porcas, utilize o saca-terminal, fazendo o encaixe no braço da direção para a remoção no seu cavalete. Não é recomendado o uso de martelo, pois as pancadas podem interferir no funcionamento do sensor ABS das rodas ou até danificar os componentes desse sistema.
12) Retire o protetor de cárter do veículo.
13) Com o aparador de fluido posicionado debaixo do carro, faça a soltura dos parafusos das conexões das duas mangueiras hidráulicas da caixa de direção, usando uma chave 17 mm e outra de 19 mm.
14) Com uma chave de 13 mm, faça a retirada da porca de fixação do suporte da caixa de direção na parte superior da parede de fogo.
15) Retire o parafuso que faz a fixação entre o coxim da carroceria com o suporte que vai ligado à caixa de câmbio. Enquanto um operador tira o parafuso, o outro apoia o coxim para o lado do motorista, para deslocar o parafuso do alojamento. Com o uso de uma chave 18 mm, remova os dois parafusos superiores que prendem o coxim ao câmbio. Não se esqueça de apoiar o câmbio por baixo com cavalete ou suporte apropriado.
16) Para facilitar na retirada da caixa de direção, remova os terminais de direção. A contagem das voltas da rosca do terminal ajuda na montagem da peça na caixa nova caso a peça a ser instalada seja idêntico ao original de fábrica (alguns terminais na reposição, como o da Ampri, podem ser ligeiramente mais compridos).
17) Com o uso da chave catraca com o soquete de 13 mm, faça a retirada dos parafusos de fixação restantes da caixa de direção na parede de fogo.
18) Para a retirada da caixa de direção do veículo, será necessário também tirar o coxim dianteiro do câmbio. São três parafusos que fazem a fixação do suporte do coxim com a caixa de câmbio e dois que fazem a fixação entre o suporte e a carroceria. Primeiro retire os parafusos de fixação com a caixa de câmbio e depois os da carroceria.
19) Afaste a caixa de direção mais para o lado esquerdo do veículo e faça a remoção, por precaução, do sensor de rotação do motor. Com o câmbio deslocado para a frente do veículo, abre-se espaço para movimentar a caixa de direção totalmente para a esquerda, permitindo assim que a caixa seja retirada pela direita, pelo vão entre o motor e a carroceria do veículo.
20) A dificuldade na remoção da caixa é causado pelo conjunto de tubulação do próprio componente, que pega na flange do motor de partida. É importante destacar que a desmontagem foi mais difícil por se tratar de um veículo completo, com ar-condicionado e ABS, este último um que ainda não era obrigatório no ano de fabricação deste modelo.
21) Antes de fazer a montagem da nova caixa — que deve ser realizada pelo mesmo vão em que a peça foi retirada —, desmonte os terminais de direção e gire o mecanismo de direção todo para a esquerda. Certifique-se de que todas as mangueiras sejam novas.
22) Faça a fixação da caixa no painel corta-fogo. Após, reconecte as mangueiras hidráulicas na caixa nova, monte novamente os coxins e instale os terminais de direção e o protetor de cárter. A contagem das roscas dois terminais foi feito, mas o acerto não bateu com o dos terminais antigos. Os componentes novos instalados são ligeiramente mais compridos. Por este motivo, foi executado um pré-alinhamento visual, com envio posterior para a mesa de geometria para o alinhamento das rodas.
TROCA DA BOMBA DE DIREÇÃO
23) Com o carro no chão, retire o suporte do filtro de ar e movimente o esticador da correia de acessórios para tirá-la da polia.
24) Remova o defletor de calor do coletor de escapamento para ter acesso ao parafuso de fixação inferior da bomba.
25) A retirada da bomba é feito removendo três parafusos de 13 mm. Comece soltando o parafuso do alojamento.
26) Com uma chave de 22 mm, solte o parafuso que faz a fixação da mangueira de pressão da direção na bomba. Para finalizar, remova o parafuso de fixação superior da bomba no suporte e depois o localizado na parte frontal da peça.
27) Retire também o pequeno suporte da foto, já que ele vem na bomba nova.
28) Remova a mangueira de alimentação da bomba, para livrar a bomba antiga por completo do conjunto motriz.
29) Antes de instalar a bomba nova, alimente-a com fluido na bancada e gire manualmente a polia (29a). Isso evita a movimentação da bomba seca no veículo, que pode causar danos aos componentes internos. Terminado o procedimento, reinstale os tampões (29b).
30) Com a bomba nova já no carro, retire o tampão da conexão de entrada do fluido para a fixação da mangueira (também nova). Instale a bomba no suporte seguindo a mesma ordem para aperto que usada na retirada, começando pelo parafuso no alojamento.
31) Com o tampão removido, instale a mangueira que leva fluido sob pressão para o mecanismo de direção. Faça a primeira montagem da rosca manualmente, para evitar o risco de espanar a rosca do parafuso ou do corpo da bomba.
32) Reinstale a correia de acessórios e finalize a montagem com a recolocação do defletor do coletor e a fixação da coluna de direção.
SANGRIA FINAL
33) Com tudo montado, faça o procedimento de enchimento e sangria do sistema. Retire a mangueira de retorno e tampe a saída no reservatório. Faça o prolongamento da mangueira para um recipiente transparente, e monitore a saída do ar do sistema até que saia apenas o fluido limpo. Durante o processo, gire a direção do veículo de canto a canto, para simular o funcionamento do veículo antes da partida. Neste procedimento, são usados de dois a três litros de fluido Dexron II.
34) Encerrada a sangria, reconecte a mangueira de retorno ao reservatório, complete o nível e dê a partida no veículo, para observar o funcionamento com os componentes. Não devem ser observados vazamentos ou ruídos no sistema. No reservatório, não pode haver espuma ou redemoinho.
ALINHAMENTO
Feita a montagem e os testes dos novos componentes, o etapa final foi o alinhamento. O acerto dos parâmetros de direção permite ao veículo se comportar conforme estabelecido pelo fabricante, além de evitar o desgaste incorreto dos pneus. Mesmo com o “pré-alinhamento” feito durante a montagem dos novos elementos de direção, o equipamento comprovou a necessidade de correção para os valores de fábrica. O alinhamento de direção deve ser feito preventivamente a cada 10 mil quilômetros, sempre que forem substituídos componentes da direção e suspensão, ou quando se observar o desgaste irregular dos pneus e de veículo, como direção pesada ou instabilidade direcional. “Mesmo os veículos que tem ajuste apenas nas rodas dianteiras, o alinhamento com medição nas 4 rodas, além de permitir um diagnóstico preventivo da situação das rodas do eixo traseiro, diminui o ângulo de impulso, o que minimiza o efeito de ‘volante torcido’”, complementa Fernando Landulfo.
Colaboração técnica — Auto Mecânica Louricar
Mais informações — Ampri: (11) 2147-7778 / (11) 99395-4986
Texto: Evandro Enoshita
Fotos: Fernando Lalli
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