segunda-feira, 21 de junho de 2021

Futuro da mobilidade não existirá sem mecânicos

oficina ZF

ZF espera uma revolução na indústria da mobilidade nos próximos anos: a profissão de mecânico vai mudar, mas não desaparecer

 

Até 2035, diversos países que são mercados-chave para a indústria automobilística, a começar pela Europa, terão encerrado a produção de veículos movidos a combustão interna ou imposto algum tipo de restrição à circulação deles.

A eletrificação dos sistemas propulsores é um caminho sem volta e, na visão da ZF, segunda maior empresa do aftermarket mundial, este é apenas um dos três principais eixos de transformação da indústria, em escala global, para os próximos anos. Os outros dois: eletrônica exponencialmente mais complexa e a consolidação da mobilidade como serviço com veículos autônomos – tudo até o final desta década.

Transições de tecnologia sempre causam grande impacto no pós-venda – mais precisamente, no profissional independente que trabalha com a manutenção. Desta vez, com automóveis de melhor construção e que usam muito menos peças de desgaste, pessoas abrindo mão de ter veículos próprios para usar carros compartilhados e sistemas de auxílio à direção altamente complexos e conectados, a longo prazo, a própria profissão de mecânico parece estar em perigo. Mas não é exatamente este o caso.

Em entrevista coletiva à imprensa lusófona, o novo vice-presidente executivo da divisão de Aftermarket da ZF, Philippe Colpron, declarou que não haverá futuro da mobilidade sem o profissional da manutenção, mas fez uma ressalva: a profissão vai mudar. “Esta indústria (automobilística) não avançará sem os mecânicos. Eu acho que será superimportante que a profissão dos mecânicos se desenvolva no futuro para acompanhar e participar deste processo”, disse Colpron. “O que vai mudar é a forma como a sua atividade vai se desenvolver”.

Há outro fator até mais importante para o mecânico do que a eletrônica conectada e a direção autônoma: dominar a propulsão eletrificada em si, o que requer treinamento e ferramentas específicas. Segundo o executivo, “o veículo elétrico precisará de menos correções porque possui menos peças em movimento”, mas “um amador não poderá simplesmente operar um sistema de alta voltagem pelos riscos que são óbvios, portanto, ele terá que deixar (o serviço) sempre para um profissional.

E essa é a importância da profissão: saber lidar as ferramentas de diagnóstico e os conhecimentos do software”, comentou. “Não é por termos um veículo mais inteligente que haverá uma redução na complexidade dos processos. Nós sabemos bem que os produtos continuarão a ser complexos e, de uma ponta a outra do carro, nós teremos que, enquanto mecânicos, dominar esses produtos e serviços”. Portanto, o especialista do veículo, que é o profissional de manutenção, continuará insubstituível.

REALIDADE LOCAL

Para Philippe Colpron, mecânicos especializados em veículos com a tecnologia de hoje continuarão existindo, mas que “haverá uma tendência de recorrer ao mecânico que domina os novos sistemas, estes que serão uma parte cada vez mais importante dos novos veículos”, ressaltou.

Entretanto, as características de mercados regionais, como o Brasil, podem fazer esse processo de transição adquirir características únicas. As discussões sobre alternativas como células de combustível, etanol e outros combustíveis renováveis tornam mais complexo este cenário. “Estamos falando de um leque de possíveis soluções, de diferentes alternativas e, como tal, menos muitos cenários diferentes, com diferenças regionais sobre qual será o combustível mais aplicável naquela região. Esta é uma questão ainda muito complexa”, ponderou Colpron.

O executivo afirmou também que, embora o perfil do cliente mude no futuro, suas expectativas continuarão cada vez mais altas. “Ele (o cliente) sempre vai querer uma reparação de alta qualidade. Essa expectativa não baixará de todo e, como tal, podemos esperar que a demanda pela alta qualidade pelo serviço dos mecânicos continuará e não desaparecerá”.

 

Texto Fernando Lalli
Fotos Divulgação ZF

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