segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Artigo | A evolução dos motores e a rotina do mecânico

evolução dos motores

Com os veículos evoluindo em função das necessidades ambientais e do desejo dos consumidores, já virou rotina para o mecânico se atualizar constantemente às novidades tecnológicas

 

Que a tecnologia evolui em função da necessidade, todo mundo sabe. E quem define a necessidade? O consumidor, é claro, cujo coletivo aqui chamaremos de população. Mudanças no panorama econômico e político, nacional ou internacional, sempre acabam por tirar um governo, ou uma parcela representativa dos elementos de uma população da sua zona de conforto.

Resultado: reivindicações que estimulam evoluções tecnológicas, que levam o governo e/ou a parcela da população incomodada de volta a sua zona de conforto. Um ciclo que sempre se repete, porém com diferentes motivações.

Quem tem mais de 50 anos, teve a oportunidade de testemunhar algumas dessas evoluções no setor automotivo brasileiro. Sobretudo nos motores. A primeira delas foi a utilização do etanol como combustível, lá no final dos anos 70, com o Proálcool. Um programa governamental, desenvolvido para diminuir a dependência nacional do petróleo importado que, naquela ocasião, estava com o seu preço bastante elevado.

evolução dos motores

O mecânico teve que se adaptar à mudança? Claro que sim. Afinal de contas, a frota nacional foi inundada por veículos novos movidos a esse “novo” combustível, mas que nem sempre funcionavam perfeitamente. Isso sem falar no excelente negócio das conversões de motores. Foi uma verdadeira febre.

Mas como a tecnologia do motor a etanol era praticamente a mesma já conhecida e há anos trabalhada pelo mecânico, foi muito fácil ele se “moldar” a essa nova realidade e usufruir dos benefícios que ela trouxe.

Depois, no final dos anos 80, veio o gerenciamento eletrônico do motor (injeção eletrônica), com o objetivo de atender às regulamentações mais rígidas de emissões de poluentes. Uma evolução que forçou o “Guerreiro das Oficinas” não só a voltar ao “banco da escola” como a se reinventar.

Entraram em cena: a eletroeletrônica, assim como, os conceitos de controle automático e os sistemas digitais, que deixaram muito mecânico de “cabelo em pé” quando apareceram os primeiros carros. Isso sem falar numa nova ferramenta computadorizada chamada scanner que exigia a interpretação dos códigos de falha e parâmetros de funcionamento, que eram exibidos online.

evolução dos motores

Mas é claro que o mecânico tirou esse desafio de letra. Atualmente, pouquíssimos são os profissionais que não entendem plenamente o funcionamento da grande maioria dos sistemas. Alguns aprenderam inclusive como alterar as programações e os mapas de injeção e ignição para outros fins (preparação esportiva, por exemplo).

E o tempo foi passando e novas necessidades foram surgindo. O século XXI e as novas realidades (necessidades) trouxeram o motor flex e todos seus benefícios, assim como, os seus problemas que, por sinal, o mecânico também aprendeu rapidamente a solucionar, pois já domina a eletrônica digital, que é a alma desses sistemas.

A ÚLTIMA TENDÊNCIA: O “DOWNSIZING”

No final da primeira década do século XXI, junto com um apelo ecológico mais robusto, veio a necessidade da otimização do consumo. Em termos automotivos: os veículos precisam poluir muito menos, ocupar menos espaço, gastar menos combustível (mas sem renunciar ao desempenho) e exigir menos manutenção. E tudo isso com um preço competitivo.

evolução dos motores

Algo que, à primeira vista, parece impossível. Mas não é. Ou melhor, não está sendo. E as palavras mágicas que tornam tudo isso possível são: inovação e otimização. Tirar mais de menos.

Para atender a todas essas novas exigências, a engenharia de motores precisou “pensar fora da caixa”.

Afinal de contas, não é nada fácil projetar e construir motores (cujo princípio de funcionamento está em ciclos termodinâmicos de baixo rendimento) cada vez menores, mas que produzam a mesma potência de um similar maior, de funcionamento suave, consumindo menos combustível e emitindo menos poluentes. Eis o “downsizing”.

Fazer uso de novos conceitos como o ciclo Miller, resgatar antigos conceitos como a injeção direta (porém, atualizada com novos conceitos como a estratificação da pulverização), usar e abusar de superalimentação, são apenas algumas das soluções que vêm sendo aplicadas para atingir esse difícil objetivo.

evolução dos motores

Resultado: os motores downsizing estão aí, já frequentando as oficinas e trazendo junto com eles as suas exigências: tolerâncias metrológicas muito apertadas, correias banhadas a óleo, um ou até dois turbo alimentadores que exigem lubrificantes específicos e precisam ser trocados no momento certo.

Isso sem falar nos sistemas de arrefecimento sofisticados, com dois sistemas de circulação (duas válvulas termostáticas), que exigem fluidos especiais e procedimentos de manutenção específicos, blocos de motor cuja retífica não é recomendada pelo fabricante (assunto bastante polêmico e que está causando muita discussão no mercado) e muitas outras sofisticações, cada vez mais presentes nos motores de combustão modernos.

Acrescenta-se à lista os padrões de funcionamento específicos (vibrações e ruídos) que, no passado, poderiam ser considerados sintomas de mau funcionamento, mas que atualmente são normais em alguns modelos.

evolução dos motores

Também precisam ser mencionadas as trações híbridas e elétricas que, apesar do preço ainda elevado, aumentam em quantidade na frota nacional a cada ano. E que já frequentam algumas oficinas, trazendo as suas próprias exigências técnicas específicas.

Um conjunto de fatores que exige procedimentos de diagnóstico cada vez mais detalhados e apurados. Ou seja: maiores investimentos em treinamento, informação técnica e ferramental por parte do mecânico.

Mas o mercado é assim mesmo. E como o “Guerreiro das Oficinas” ama o seu trabalho, ele atende a todas essas exigências sem reclamar. Além do mais, quem não se atualizar acaba perdendo clientes. Algo intolerável nos dias atuais. Pois dinheiro não dá em árvores.

 

Artigo por Fernando Landulfo

The post Artigo | A evolução dos motores e a rotina do mecânico appeared first on Revista O Mecânico.


Artigo | A evolução dos motores e a rotina do mecânico Publicado primeiro em http://omecanico.com.br/feed/

Nenhum comentário:

Postar um comentário