Consultamos a Ford e fabricantes de lubrificantes para explicar as diferentes normas e graus de viscosidade recomendados para o motor 1.0 3-cilindros Ti-VCT
Os requerimentos de desempenho para óleos lubrificantes de motor usualmente são definidos por siglas de instituições reconhecidas na indústria, como a API (norte-americana) e ACEA (europeia). Entretanto, para o uso nos veículos, as fabricantes de automóveis consideram ainda mais importantes as normas ou aprovações internas, que indicam que aquele fluido atende a determinados requisitos de performance exigidos em projeto. Essas normas são identificadas geralmente por códigos distintos a cada empresa.
A Ford, por exemplo, possui diferentes homologações para o óleo de motor da segunda geração do Ka (modelos 2015 em diante), que diferem para alguns anos-modelos e podem gerar dúvidas entre consumidores e mecânicos no momento da manutenção.
O cuidado com o grau de viscosidade e a especificação correta de óleo do motor para o Ford Ka é ainda mais importante devido à característica do sistema de sincronismo dos motores 1.0 e 1.5 Ti-VCT, ambos de 3 cilindros, onde a correia dentada trabalha banhada no próprio lubrificante do motor. Utilizar óleos diferentes dos recomendados pode reduzir a durabilidade e o bom funcionamento da correia, que possui substituição prevista pelo manual do proprietário apenas a cada 240 mil quilômetros para o motor 1.0 e 160 mil km para o 1.5, adotado na linha a partir de 2018 substituindo o 1.5 Sigma 4-cilindros.
A Ford também alerta no manual sobre os riscos do uso de óleo que não atenda às especificações recomendadas. Entre os problemas, estão períodos mais longos de partida do motor, maiores níveis de emissão, menor desempenho e maior consumo de combustível. Outra observação importante do manual do Ford Ka é relativa ao consumo de óleo. “Após o período de amaciamento, o motor pode consumir até 1 litro a cada 10 mil quilômetros. O consumo de óleo também depende do estilo de condução e do uso do veículo”. Isso sem falar nas falhas de lubrificação que podem ocorrer nos mancais e turboalimentadores, como no caso das versões EcoBoost.
O intervalo de troca de óleo do motor e filtro de óleo do Ford Ka segue o padrão mais comum da indústria atualmente: a cada 1 ano ou 10 mil quilômetros. A troca total (incluída a substituição do filtro) requer exatos 4 litros ao todo. Porém, vale prestar atenção à recomendação da Ford quanto ao uso severo: neste caso, o óleo lubrificante deve ser substituído a cada 3 meses (e não 6 meses, como em modelos de outras fabricantes) ou 5 mil quilômetros, o que ocorrer primeiro.
Entre as condições classificadas como uso severo pela Ford estão a utilização frequente do veículo em trajetos inferiores a 5 km (em que o motor não atinge a temperatura ideal de funcionamento), uso frequente em estradas poeirentas ou montanhosas, tráfego urbano pesado, uso prolongado com combustível contaminado ou rodagem para fins profissionais (táxis, motoristas de aplicativo, ambulâncias e autoescolas, entre outros).
ESPECIFICAÇÃO CORRETA DO ÓLEO
Para os Ford Ka 1.0 3-cilindros de ano-modelo 2015, a recomendação do manual é o uso de óleo de motor de grau de viscosidade SAE 5W-20 que atenda às normas WSS-M2C925-B, WSS-M2C948-A ou WSS-M2C948-B. Se não for possível encontrar o lubrificante SAE 5W-20 nas especificações recomendadas, a Ford indica no manual que é possível optar pelo óleo SAE 5W-30 que atenda às aprovações WSS-M2C913-C ou WSS-M2C913-D. Porém, segundo o manual, resulta em “melhor consumo de combustível” o uso do 5W-20 que nas normas de final 948-A e 948-B.
No manual do proprietário dos modelos 1.0 3-cilindros 2016 e 2017, a Ford alterou a indicação que priorizava o uso do 5W-20 e removeu uma das normas. Na tabela destes anos-modelos, consta a indicação dos lubrificantes SAE 5W-20 nas aprovações WSS-M2C948-A e WSS-M2C948-B e a viscosidade SAE 5W-30 com aprovações WSS-M2C913-C ou WSS-M2C913-D. O manual não faz distinção de preferência entre um e outro.
Já para os modelos 2018, 2019, 2020 e 2021, já com o 1.5 3-cilindros (substituindo o Sigma 4-cilindros) na linha, o manual indica um único lubrificante para ambos os motores: 5W-20 com aprovação WSS-M2C948-B. Nenhum outro óleo é recomendado para os Ford Ka de 2018 em diante.
Nas divisões de um ano para outro, não há uma separação clara. Por isso, em caso de dúvida, prefira utilizar a recomendação mais constante, que é o lubrificante 5W-20 com aprovação WSS-M2C948-B.
QUAIS ÓLEOS ESTÃO DISPONÍVEIS NO MERCADO?
Oficialmente, a Ford comercializa o óleo de motor original Motorcraft SAE 5W20 (WSS-M2C948-B), fabricado pela Cosan, que é vendido nas concessionárias. A embalagem do produto destaca que se trata de um óleo sintético de alta performance e baixa viscosidade, com balanço de aditivos que contribui na redução do consumo de combustível e na prevenção de formação de depósitos e borras.
De acordo com a fabricante de veículos, os clientes podem utilizar outras marcas de lubrificantes, desde que sigam estritamente as aprovações de fábrica mencionadas no manual do proprietário. “Lubrificantes que não atendam às especificações recomendadas não devem ser utilizados, principalmente por sua lubricidade e outras propriedades serem desconhecidas na interação do motor”, salienta a empresa, em nota à Revista O Mecânico.
Encontramos no mercado lubrificantes de diferentes marcas que são compatíveis com as recomendações da Ford previstas em manual. Os de maior abrangência são os de grau de viscosidade SAE 5W-20 e normas WSS-M2C948-A e WSS-M2C948-B, que podem atender a todos os modelos com motor 1.0 desta última geração do Ka (de 2015 a 2021). São eles: Mobil Super Sintético F2 5W20 (WSS-M2C948-B), Havoline Energy Pro DS SAE 5W-20 (WSS-M2C948-A ou WSS-M2C948-B), Lubrax Valora 5W-20 (WSS-M2C948-A ou WSS- -M2C948-B), Castrol Magnatec Stop-Start 5W-20 E (WSS-M2C948-B) e YPF Elaion F50 E 5W-20 (WSS-M2C948-A ou WSS-M2C948-B).
Para os modelos 2015 a 2017, em que o manual permite o uso de lubrificante de grau de viscosidade 5W-30, é possível optar pelos óleos de motor Castrol Magnatec Stop-Start 5W-30 A5 (WSS-M2C913-C e WSS-M2C913-D) e Havoline Sintético Pro DS SAE 5W-30 (WSS-M2C913-B e WSS-M2C913-C).
A variedade de requerimentos de performance de óleo lubrificante para estes motores 1.0 e 1.5 está relacionada com as tecnologias empregadas no projeto, como a construção com apenas 3 cilindros, duplo comando de válvulas variável, quatro válvulas por cilindro, cárter e cabeçote de alumínio, bloco de ferro fundido e a já mencionada correia dentada com lubrificação permanente.
Por isso, é preciso ficar atento na hora de escolher o produto: ter absoluta certeza do grau de viscosidade SAE recomendado para o modelo específico de motor e da presença da nota de aprovação da Ford requerida na embalagem.
“Cada fabricante de motor tem sua tecnologia e know-how. Motores de última geração requerem o uso de lubrificante sintético de alta performance. Os requerimentos são exigidos após rigorosos testes de campo e de bancada para garantir a melhor performance na lubrificação e consequentemente durabilidade dos motores de uma determinada geração”, explica Delton Stabelini, especialista técnico da Iconic Lubrificantes, empresa responsável pelos lubrificantes Ipiranga e Texaco (Havoline).
Texto Gustavo de Sá
Fotos Arquivo O Mecânico
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