Confira como detectar o missfire e a diagnosticar o sistema de maneira correta
texto Vitor Lima fotos Diego Cesilio
Para que um veículo a combustão funcione, além da combustão, uma parte fundamental do processo é a ignição. O sistema de ignição é justamente o responsável por iniciar esse processo, gerando a faísca que provoca a queima da mistura de ar e combustível dentro da câmara. Sem ela, o motor simplesmente não entra em funcionamento.
Por isso, é fundamental que todos os componentes do sistema de ignição estejam em bom estado. Uma falha nesse conjunto pode impedir a partida ou até fazer o veículo parar repentinamente.
Quando o veículo é ligado, seja girando a chave ou apertando o botão de partida, um conjunto de processos acontece em questão de milissegundos: a bobina de ignição gera uma faísca. Ela é direcionada para a câmara de combustão onde a mistura de ar e combustível é inflamada. Desta forma, a energia liberada empurra os pistões, transformando a energia química do combustível em movimento mecânico, que chega até as rodas.
Nos veículos atuais, o sistema de ignição é composto, em geral, por chave ou botão de partida, Módulo eletrônico que pode ser independente ou integrado ao sistema de injeção, a bobina de ignição que pode ser única, dupla ou individual para cada cilindro, os cabos de vela e as velas de ignição. Cada peça tem um papel específico, e a falha em qualquer uma delas compromete o funcionamento do motor.

Saber como funciona o sistema de ignição é fundamental para que, não só a substituição dos componentes quando necessário, mas também o diagnóstico seja assertivo e não traga problemas de mal funcionamento ao veículo. Para exemplificar a maneira de realizar um diagnóstico no sistema de ignição de um Chevrolet Prisma, a Revista O Mecânico teve o auxílio de Hiromori Mori, Consultor de Assistência Técnica da Niterra, detentora das marcas NGK e NTK.
O que é o missfire?
Uma falha que gera grande dúvida nos mecânicos é o fenômeno conhecido como missfire. Hiromori Mori explicou o que é essa falha, que gera os códigos P0300, P0301, P03002 e outros, além de comentar que essa ocorrência vem de uma anomalia que pode ser do sistema de injeção ou de ignição.
“Na realidade, o Missfire é um código que vem do mercado americano. Ele quer dizer que houve uma falha de combustão, do inglês uma “perda de combustão” e não necessariamente uma falha de ignição. Pode ser tanto do sistema de ignição como do sistema de injeção. Existe um sensor de rotação do motor, um sensor de posição de fase do comando de válvulas e ele vai fazer um cruzamento. Quando você tem uma falha na combustão, você reduz a velocidade do virabrequim. Ele capta essa redução de velocidade, cruza com a informação de fase e sabe qual cilindro está falhando. Alguns veículos, quando você ingressa com equipamento, você observa, falha no cilindro 1, cilindro 2, cilindro 3 e vai gerando aqueles códigos P0300, 301, 302, 303. O P0300 é o Missfire genérico. O sistema não identificou qual cilindro está falhando. Quando você tem o 301, ele tá informando que é o cilindro um que está com falha, 302 e assim sucessivamente. O importante é o mecânico entender que tanto pode ser uma falha de ignição como também pode ser uma falha de sistema de injeção”, conclui o consultor.
Posso usar vela de irídio no lugar da convencional?
Outra dúvida referente ao sistema de ignição é se um carro que originalmente utiliza velas convencionais, pode substituir por de irídio. Caso o catálogo de fabricantes de velas de irídio tenha disponibilizado para o seu veículo, significa que ela foi desenvolvida para atender os parâmetros de determinado veículo, assim, a substituição pode ser realizada.
Adaptar uma vela que não foi desenvolvida de acordo com os parâmetros daquele veículo, pode trazer problemas como queda de desempenho do motor, danos a outros componentes e até consumo mais elevado.
Diagnóstico
1) Inicie conectando o equipamento de diagnóstico (scanner) na entrada OBD2 do veículo. Verifique se o sistema detecta algum tipo de avaria nos sistemas eletrônicos como o gerenciamento do veículo e no sistema de injeção.
“Com o scanner nós conseguimos avaliar a tensão de alimentação do sistema de ignição. Também observamos o ponto de ignição”, informa o consultor.
2) Para diagnosticar o sistema de ignição de fato, comece pela análise do secundário do sistema de ignição. Utilize um osciloscópio com uma pinça indutiva para medir o secundário de ignição. “Avalie a altura mínima e máxima na média nos quatro cilindros. Se eu observar, por exemplo, que a tensão do secundário tá muito alta, isso já me indica um desgaste excessivo de velas. Se eu observo que uma tensão tá muito baixa em um determinado cilindro, tá me indicando que eu tenho uma baixa compressão naquele cilindro. Pode ser um problema de motor, ou posso ter uma vela carbonizada que perdeu a capacidade de isolação elétrica”, explica o profissional.
Sistema específico da linha Chevrolet
A bobina do Chevrolet Prisma possui módulo de ignição acoplado. Confira se a tensão que chega no componente está dentro dos parâmetros. “Quando a bobina tem módulo, ela recebe 12 V e recebe um sinal do módulo de injeção. Quando a bobina não tem módulo, quem vai fazer o chaveamento da alimentação da bobina, do primário da bobina, é o próprio módulo de injeção”, comenta Mori.
Alerta: Se a tensão estiver muito alta, pode queimar o módulo de ignição que está acoplado dentro da bobina. Se a tensão apresentar sinais baixos, pode significar que o alternador não está carregando bem, ou dependendo da configuração do veículo, pode ser um problema de bateria.
3) Verifique o sinal que o módulo de injeção está enviado para o módulo da bobina. Analise a amplitude do sinal, se não há deformação, além de verificar o tempo de permanência da bobina, ou “dwell time” como é chamado.
O dwell time é o tempo de carregamento da bobina pelo primário até o disparo da centelha no secundário. No sistema do Chevrolet Prisma, a tensão deve se apresentar entre 4 a 5V.
Alguns veículos não apresentam o sinal de retorno ou sinal de feedback, utilizado para informar ao módulo de injeção que houve o disparo da bobina. No caso do Prisma, o sinal fica em torno de 1 a 2V e é utilizado para uma estratégia do módulo de injeção. “Se ele perde o sinal de feedback, ele corta o pulso do injetor, porque ele entende que não houve um disparo da bobina. Então, muitas vezes o veículo pode entrar dentro da oficina com um injetor que não está pulsando, e o defeito pode estar na própria bobina de ignição que não está enviando o sinal. Então é um parâmetro que nós temos que avaliar também”, alerta o consultor.
Desmontagem dos componentes de ignição
4) Desconecte a ligação elétrica da bobina e o cabo.
5) Faça a remoção do cabo de vela.
6) Solte os dois parafusos de fixação e retire a bobina de ignição.
7) Utilize a chave de vela para remover as velas de ignição.
8) Realize uma inspeção na vela e analise o seu estado em geral. Hiromori Mori verificou que a gaxeta da vela estava com pouco amassamento, indicando que faltou torque de aperto na instalação do componente, além de apresentar desgaste.
Montagem
9) Para o Chevrolet Prisma serão instaladas velas de irídio, uma vez que, há no catálogo da NGK a indicação de aplicação deste componente. Utilize um tubinho de borracha para facilitar na instalação da nova vela de ignição em seu alojamento no cabeçote.
10) Use um torquímetro para aplicar torque entre 25 Nm a 30 Nm. “O torque correto evita o rompimento da vela, da rosca da vela na instalação. A falta de torque interfere na troca térmica da vela de ignição. A vela tem que trocar calor com o cabeçote e ela troca pela rosca. Se tiver folgado, interfere na troca térmica e evita a soltura da vela durante o funcionamento do motor”, alerta Mori.
11) Instale a nova bobina de ignição.
12) Coloque o cabo e se atente ao alinhamento entre a vela e o cabo de ignição. Não esqueça de plugar o conector elétrico da bobina de ignição.
Obs: repita o processo para os demais conjuntos.
Ao encerrar a troca de todas as bobinas, cabos e velas de partida no motor e verifique se o funcionamento está certo. Saia para testar o veículo na rua em diferentes regimes de rotação, caso o veículo não apresente nenhuma irregularidade é só entregar ao cliente.
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