A Stellantis encerrou oficialmente a produção do Jeep Renegade na fábrica de Melfi, na região de Basilicata, sul da Itália. O modelo, que foi um dos responsáveis por consolidar a presença global da Jeep, deixa de ser fabricado no país europeu após dez anos de produção contínua. O último exemplar saiu da linha de montagem na sexta-feira (17), marcando o encerramento de um ciclo iniciado em 2014.
No Brasil a produção do Renegade já tem 10 anos mas por aqui o SUv segue relevante inclusive se mantém entre os mais vendidos do mercado.
A unidade italiana continuará operando, mas agora totalmente dedicada à transição para veículos eletrificados com base na plataforma STLA Medium, uma das quatro novas arquiteturas modulares da Stellantis voltadas para veículos elétricos e híbridos de médio porte. No local, já estão em fase inicial os novos DS8 e Jeep Compass, e em 2026 a planta deverá produzir também o Lancia Gamma e o DS7, ambos com versões híbridas e 100% elétricas.
Estratégia bem sucedida
O Jeep Renegade foi um modelo estratégico na integração das operações da antiga Fiat Chrysler Automobiles (FCA), inaugurando em Melfi um novo ciclo de produção global. Segundo Gerardo Evangelista, secretário da Fim Cisl Basilicata, a chegada do modelo em 2014 foi decisiva para a retomada da indústria automotiva no sul da Itália.
“Com a produção do Renegade e do Fiat 500X, o polo automotivo de Melfi viveu uma fase de expansão significativa. Em 2015, quase 1.850 jovens foram contratados, elevando o quadro total para mais de 7.200 empregados, fortalecendo a base industrial e contribuindo diretamente para o PIB e as exportações da região”, afirmou.
O encerramento da linha do Renegade acontece um ano após o fim da produção do Fiat 500X, que compartilhava a mesma base Small Wide 4×4. A decisão reflete a reorganização da Stellantis na Europa, que busca otimizar sua capacidade produtiva para novas plataformas eletrificadas.
Redução de volumes e reestruturação da mão de obra
Nos últimos anos, a unidade de Melfi passou por uma forte redução no ritmo de produção. De acordo com dados da Fim-Cisl, a fábrica registrou queda de 87% no volume produzido em relação ao período pré-pandemia. Entre janeiro e setembro de 2024, foram montadas apenas 26.850 unidades, contra mais de 200 mil no auge da operação.
A desaceleração resultou em redução de 2.370 trabalhadores por meio de programas de demissão voluntária desde 2021, diminuindo o efetivo total para cerca de 4.670 funcionários. Os sindicatos alertam que a transição industrial pode gerar efeitos severos em toda a cadeia de fornecedores da região de San Nicola di Melfi, já fragilizada pela queda na demanda e pela reestruturação do setor automotivo europeu.
Futuro: foco em eletrificação
Segundo as entidades sindicais, o Jeep Renegade não terá sucessor direto nos próximos anos. O espaço na linha de montagem será ocupado por modelos maiores e mais rentáveis, alinhados à estratégia global da Stellantis de aumentar a participação de veículos híbridos e elétricos. Apesar do Avenger que é um modelo bem sucedido da Jeep na Europa, o novo produto não é considerado um sucessor do Renegade por ser menor e com motor menos potente.
O CEO Antonio Filosa deverá se reunir com representantes sindicais para discutir medidas que garantam a continuidade do emprego e o aproveitamento da força de trabalho local durante a transição para a produção de veículos eletrificados.
Enquanto a Itália se despede do Renegade, a produção do SUV compacto segue ativa em Goiana (PE), no Polo Automotivo Jeep, onde o modelo continuará sendo fabricado para o mercado brasileiro e latino-americano. Há uma expectativa de que o Renegade seja reestilizado por aqui no próximo ano antes de uma “nova geração”.
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