Empresa também irá reforçar a presença no aftermarket automotivo trabalhando o protagonismo da Monroe e Monroe Axios
por Felipe Salomão
De acordo com a consultoria Mckinsey, o mercado de autopeças brasileiro deve dobrar de tamanho até 2040, quando chegará na casa de US$ 25 bilhões, aproximadamente R$ 122 bilhões na atual cotação da moeda americana. Com esse número atrativo, novas marcas começam a desembarcar do mercado asiático diretamente no Brasil, utilizando uma política comercial agressiva. Portanto, para tentar barrá-las a DRiV Tenneco irá apostar em inovação para não perder espaço para os novos players.
Além disso, a empresa, que recentemente inaugurou uma nova linha de produção em Mogi Mirim, no interior paulista, irá reforçar a presença no aftermarket automotivo, trabalhando o legado e o protagonismo de 50 anos da Monroe e de 65 anos da Monroe Axios no mercado nacional. Apesar de não falar quais produtos irá lançar neste ano, a DRiV Tenneco disse que já trabalha em sistema pressurizados a gás nitrogênio, que equipam os veículos elétricos e híbridos vendidos no mercado brasileiro. Ademais, informou que o mecânico é fundamental como formador de opinião, influenciando a escolha de uma determinada marca.
Quem fez essas afirmações em nome da DRiV Tenneco foi o Daniel Fabbris Neto, Diretor Nacional de Vendas, que também falou sobre sustentabilidade, da sua história na empresa e das diferenças do mercado brasileiro do passado para o atual. Veja nas próximas páginas as estratégias da empresa para 2024.
O Mecânico: O que a DRiV Tenneco espera para o mercado automotivo nacional em 2024?
Daniel Fabbris Neto: Antes de falarmos sobre o próximo ano, é importante que lembremos que 2023 foi um ano desafiador para a indústria. Fatores externos, como a falta de insumos e o cenário político em alguns países sul-americanos afetaram, direta e indiretamente, as operações das empresas aqui instaladas. Temos também questões locais: a taxa de juros ainda em patamares elevados, a inflação e a queda no poder de consumo da população ainda geram incerteza em relação a 2024. No entanto, também notamos algumas indicações de que poderemos ter um ano mais favorável para a cadeia automotiva. Já percebemos uma tendência de estabilidade no fornecimento de componentes, como os semicondutores. Muitas montadoras já anunciaram novos investimentos para os próximos anos. A chegada de novos players do segmento, trazendo investimentos e incentivando a concorrência também deverá contribuir para a geração de novos negócios.
O Mecânico: Como a DRiV Tenneco observa o mercado de aftermarket brasileiro em 2024?
Daniel Fabbris Neto: Pelos dados que temos hoje, vindos de levantamentos de órgãos como o Sindipeças, chegaremos a mais de 60 milhões de veículos rodando no Brasil em 2024, com uma idade média de cerca de 11 anos de uso. Portanto, um imenso mercado consumidor, que necessitará de manutenção e reparo e que crescerá a cada ano. Por isso mesmo, já notamos cada vez mais o acirramento da concorrência, com a chegada de novas marcas, em especial, aquelas vindas do mercado asiático e com uma política comercial muito agressiva, buscando conquistar a preferência dos clientes. Nesse sentido, as marcas já instaladas deverão continuar a investir em inovação, tecnologia e em qualidade para se manterem competitivas.
O Mecânico: Quais serão as principais ações que o senhor irá tomar para elevar as vendas da DRiV Tenneco no Brasil em 2024?
Daniel Fabbris Neto: Inauguramos em dezembro uma nova linha de produção em nossa planta de Mogi Mirim, que ampliará o nosso volume de amortecedores. Essa linha será totalmente direcionada para o mercado de reposição nacional e irá nos oferecer muito mais competitividade para atendermos à demanda interna. Para suportarmos o aumento dos volumes, teremos um esforço nas ações comerciais, promocionais e de relacionamento com o consumidor. A Monroe comemorará 50 anos e a Monroe Axios, 65 anos de presença no mercado brasileiro. São dois marcos muito importantes e que merecerão destaque em nossa estratégia para 2024. Queremos reforçar nossa presença no aftermarket automotivo e para isso, trabalharemos com o legado e o protagonismo de ambas as marcas, conquistados nessas mais de seis décadas. Afinal somos os “inventores do amortecedor” e a “marca de componentes de suspensão preferida dos mecânicos”!
O Mecânico: Observei que o senhor retornou à Tenneco, o que espera fazer de diferente nessa segunda passagem?
Daniel Fabbris Neto: Foram mais de 20 anos desde que iniciei minhas atividades na empresa, devo muito do que conquistei ao que aprendi durante os anos em que estive aqui. Hoje volto trazendo uma maior experiência com a bagagem que adquiri nessas mais de duas décadas atuando em diferentes cargos e funções voltadas para a geração de negócios, desenvolvimento de produtos, serviços e satisfação do cliente. No entanto, a motivação e a energia que trago é a mesma de quando pisei pela primeira vez na fábrica. Estou muito feliz em voltar para cá e reencontrar muitos colegas do passado, além dos novos companheiros que fiz e trabalharmos juntos aos nossos clientes para entregar as melhores soluções em produtos e serviços para o mercado de reposição.
O Mecânico: Quais são as diferenças do mercado brasileiro entre 1999 e 2005, quando foi a sua primeira passagem pela DRiV Tenneco, para o mercado nacional desta última década?
Daniel Fabbris Neto: São muitas, a começar pelo perfil da frota circulante. No início do século tínhamos um mercado focado nos chamados “carros populares”, com baixo custo e baixa cilindrada e com poucos recursos inteligentes. Itens como o ABS e Air-Bags sequer eram disponíveis como opcionais para a maioria dos modelos vendidos. Hoje, eles são obrigatórios em todos eles. Os modelos ditos “de entrada”, em sua maioria hatches compactos, deram lugar aos SUV’s, sedans e compactos premium, mais equipados e de maior valor agregado. O mesmo ocorreu com os veículos comerciais e pesados. A chegada de novas tecnologias, como a motorização eletrônica e a suspensão pneumática trouxeram mais conforto, eficiência e rentabilidade para os profissionais do transporte. Além disso, chegamos à era das redes sociais e da informação instantânea, graças à disseminação da internet e dos smartphones, que mudou completamente a relação entre as empresas e os consumidores. No mercado de Aftermarket havia menos distribuidores e importadores, hoje temos um mercado mais globalizado, com diferentes tipos de produtos fabricado em todo lugar do mundo.
Todas essas mudanças impactaram a forma de se fazer negócios. E com o mercado de reposição não foi diferente. O investimento em capacitação e tecnologia se tornou uma regra básica para quem pretende oferecer um bom atendimento. Os consumidores têm o poder da informação na palma das mãos. Oferecer o melhor atendimento não é mais um diferencial e sim, uma regra de mercado. Além disso, o atendimento precisa ser inclusivo, respeitar as diferentes necessidades de cada perfil de consumidor e oferecer uma experiência de encantamento com o serviço prestado. O perfil do consumidor de 2023 mudou muito daquele de 1999 e os prestadores de serviços automotivos precisam se adaptar a essa realidade para manterem a competitividade.
O Mecânico: O que a DRiV Tenneco tem feito para neutralizar emissões de carbono?
Daniel Fabbris Neto: Nos dedicamos a promover a sustentabilidade em nossas operações e nas relações com nossos stakeholders por meio da melhoria contínua dos processos na cadeia de produção e distribuição para reduzir o impacto ambiental. Nossas iniciativas são ancoradas em nosso relatório de sustentabilidade. Por meio dele definimos prioridades e oportunidades para as ações realizadas junto às comunidades, clientes e indústria. Trabalhamos para ter uma força de trabalho mais diversificada, reduzir a pegada ambiental e continuar a melhorar a qualidade dos produtos e sustentabilidade da cadeia de abastecimento. Mais de 85% das unidades da Tenneco no mundo são certificadas com a norma ISO 14001, que reconhece a aplicação das melhores práticas em gestão ambiental. Reaproveitamos globalmente cerca de 80% dos resíduos gerados em nossas operações. No Brasil, utilizamos o conceito “Aterro Zero” em nossa planta de Mogi Mirim desde 2021. Nela, reaproveitamos 100% dos resíduos gerados. Todo o descarte de banheiro e varrição é transformado em pó para ser utilizado na indústria siderúrgica como combustível. O material orgânico gerado no restaurante é destinado a compostagem e vira adubo. Os entulhos de obras são reciclados e se tornam britas e pedregulhos para serem utilizados na construção. Na nova linha produtiva tomamos providências para manter a redução no consumo de água e energia. O consumo de água é controlado por meio de dispositivos de vazão para evitar o desperdício, além de um programa de melhoria contínua que identifica perdas no processo. Em relação à energia elétrica, conseguimos uma redução significativa, adotando o uso de paredes de vidro, que permitem a iluminação natural no ambiente de fábrica. Também nos preocupamos em oferecer produtos que ofereçam qualidade e eficiência durante o uso e que contribuam com a melhor performance. Sabemos que um veículo com o sistema de suspensão e amortecimento em dia favorece o funcionamento dos demais componentes, reduzindo o desgaste de peças e o consumo de combustível. Consequentemente, também reduzindo as emissões e o descarte de materiais no meio ambiente.
O Mecânico: Quais são as tecnologias que a DRiV Tenneco pretende lançar nos próximos anos no Brasil?
Daniel Fabbris Neto: Nosso portfólio de amortecedores foi totalmente padronizado para componentes equipados com sistema pressurizado a gás nitrogênio. É a tecnologia mais avançada em amortecimento passivo existente atualmente. Eles equipam os últimos lançamentos da indústria automotiva global, incluindo veículos elétricos e híbridos. Com a expansão da manufatura de Mogi Mirim ampliaremos ainda mais a oferta desses produtos ao mercado reparador. Assim como, com nossas linhas de componentes de suspensão Monroe Axios, em que detemos a liderança no segmento competitivo. Para 2024, teremos importantes lançamentos com novas linhas de produtos da marca, entregando a qualidade e a segurança já reconhecidos pelos reparadores e aplicadores.
O Mecânico: Como a DRiV Tenneco pretende ficar mais próxima do mecânico em 2024?
Daniel Fabbris Neto: O profissional do mercado reparador tem uma importância estratégica para o nosso negócio. É ele que consome e aplica os produtos que fornecemos. Também é um importante formador de opinião, influenciando a escolha de uma determinada marca. Da mesma forma, é uma fonte de informação importantíssima para os fornecedores de componentes automotivos, pois detém o conhecimento daquilo que ocorre nas oficinas, sendo um grande parceiro na busca por inovações e melhoramentos na indústria. Por isso mesmo, trabalhamos muito próximos aos mecânicos e demais profissionais do aftermarket, com diversas iniciativas. Entre elas, temos o Monroe Club, um grande sucesso já estabelecido entre o público reparador. Nele, propiciamos experiências diferenciadas para os associados, disponibilizando uma série de programas de incentivo e fidelidade, que vão de descontos em sites de comércio eletrônico até a realização de cursos presenciais em nossos centros de treinamentos localizados em Cotia e Mogi Mirim, com direito de visita à fábrica. Também criamos o Monroe Resolve, um canal de atendimento técnico para prestar todo o suporte e esclarecimentos, por telefone, email e WhatsApp. Finalmente, mas não por último, nossa programação de treinamentos e cursos voltados para capacitação e a qualificação em sistemas de suspensão e amortecimento. Damos muita importância para o treinamento técnico, pois entendemos que a satisfação do consumidor passa necessariamente pelas mãos dos mecânicos que utilizam nossos produtos. Temos equipes de instrutores que viajam o país, realizando cursos o ano todo. Para 2024 manteremos todas essas ações e ainda traremos mais novidades que fortalecerá ainda mais nossa presença junto ao público reparador. No momento não podemos antecipá-las, mas quando forem divulgadas, não temos dúvidas, serão
muito bem-vindas.
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