segunda-feira, 13 de abril de 2020

Artigo: Não deixe o coronavírus entrar em sua oficina

cuidados oficina coronavírus

Que a limpeza sempre foi impor­tante dentro da oficina, ah!, isso sempre foi. Embora tenha sido negligenciada por alguns du­rante muito tempo. E essa ne­gligência causou problemas. Sim, a sujeira pode trazer muitos problemas de saúde ao “Guerreiro das Oficinas”. Deixando de lado a qualidade do serviço e a produtividade da oficina – que aumentam muito quando o ambiente é limpo –, existem inúmeros ca­sos de mecânicos que contraíram infecções, alergias e, até mesmo, doenças mais graves como o tétano, devido à falta de limpeza no ambiente de trabalho.

Triste, porém verdade. E por incrível que pareça, nos dias de hoje, mesmo diante de tanto acesso a informação, ainda é possí­vel encontrar alguns mecânicos que insis­tem em trabalhar como “bolinhos de graxa” e se recusando a utilizar equipamentos de proteção individual (EPI). As desculpas são as mais variadas. Mas não é o momento de falar a respeito disso.

É verdade que para muitas dessas do­enças já existe tratamento (antibióticos) ou, mesmo, uma vacina. Além do mais, a con­tração de muitas delas está associada a uma condição específica (foco).

Só que surgiu um novo inimigo: a Co­vid-19. Este é nome da doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 ou “novo coronavírus”. Um inimigo muito mais perigoso do que os anteriores.

Por quê? Simples: essa doença ainda não tem um tratamento medicamentoso 100% comprovado – pelo menos até o momento em que este artigo foi escrito e publicado. Se o paciente atinge a condição de “estado grave”, ele sofre, mas sofre muito mesmo. Ficar preso a uma cama de UTI, isolado do mundo e respirando por aparelhos por vá­rios dias não deve ser uma experiência nada agradável.

Em alguns casos, principalmente nos grupos de risco, onde se encontram os ido­sos e portadores de doenças preexistentes, ela pode ser fatal. E nesse caso, o corpo é incinerado, sem que seja permitido a reali­zação de um velório e funeral. Os familiares não têm sequer a oportunidade de se despe­dir de seu ente querido.

Isso sem falar que essa doença é muito mais “sorrateira”. Esse vírus se propaga com maior facilidade, pois não depende especificamente de sujeira.

De acordo com estudo de cientistas de diversas universidades americanas publica­do no New England Journal of Medicine, esse vírus pode sobreviver sobre superfícies de aço inoxidável e plástico por até 72 ho­ras, superfícies de papelão por até 24 horas e suspenso no ar por até 3 horas. Em tecidos, ele pode sobreviver por até 96 horas. Re­sumindo: um objeto aparentemente limpo pode estar contaminado.

Apesar de se dizer por aí que o SARS­-CoV-2 se propaga com mais facilidade no frio, ainda não existe ainda um consenso científico sobre a temperatura que desativa o vírus.

Não bastasse, existem pessoas que por­tam e transmitem o vírus e não apresentam qualquer sintoma. Uma tossida, um espirro descuidado ou uma simples contato com gotículas de saliva em sua proximidade… Você entendeu.

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SÓ EXISTE UMA MANEIRA DE SE PROTEGER: LIMPEZA

Mas, sobretudo, a desinfecção. Uma ativi­dade pouco corriqueira para o ambiente das oficinas que continuam funcionando – em quase todos os Estados brasileiros, a ativi­dade foi considerada como essencial e não foi incluída na quarentena. Mas desinfectar a oficina é algo complicado? Nem tanto.

Tirar o cliente de dentro da oficina, com o serviço leva e traz, com certeza di­minui bastante o risco de contaminação do mecânico e da sua equipe. Afinal de contas o maior fator contaminação ainda é o con­tato pessoal (ou social): um simples aperto de mão, seguido de uma passada de mão no rosto pode significar contração da doença.

No entanto, mesmo mantendo o cliente longe o risco continua, pois, o vírus pode estar “quietinho” dentro do habitáculo do veículo, esperando “ansiosamente” um novo hospedeiro. Se o cliente infectado to­cou nos controles internos do veículo por um período inferior a 72 horas e o mecâ­nico foi buscar o carro e voltou dirigindo ou mesmo apenas manuseou a maçaneta da porta… Altíssimo risco de contaminação.

Mas como fazer, então? Levar um pul­verizador tipo mochila (daqueles utiliza­dos para espargir defensivos agrícolas) nas costas até a casa do cliente e desinfetar todo o carro (por fora e por dentro) antes de to­car nele? Bem, seria inconcebível. Além do mais, certos desinfetantes podem atacar o acabamento do veículo, daí, já sabe… Preju­ízo na certa. O melhor a fazer é tomar me­didas mais eficazes e menos escandalosas.

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AO MANUSEAR UM VEÍCULO:

– Utilize luvas plásticas descartáveis. São muito baratas, discretas, eficientes e não incomodam para dirigir. Chegando ao interior da oficina (longe dos olhos do mundo), desinfete as partes de risco do ve­ículo (aquelas que necessariamente preci­sam ser tocadas durante o serviço), antes de dar acesso ao mesmo à equipe e descarte as luvas. Se manusear o veículo para um teste ou mesmo entrega, calce um novo par de luvas.

– Utilize capas plásticas descartáveis sobre o banco do motorista e/ou do passa­geiro (caso precise levar alguém junto para um teste). Assim como as luvas, são bara­tas, discretas e não incomodam. Como são impermeáveis, mantenha-as sobre os ban­cos durante todo o tempo, até a entrega do veículo.

– Nada de usar o ar-condicionado do veículo. Janelas abertas.

– Use máscara dentro do veículo.

– Use um bom desinfetante: eficiente, mas que não provoque alergia e não ataque nem a sua pele nem o acabamento do veícu­lo. Não economize neste ponto.

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AO LIDAR COM PESSOAS:

– Mantenha uma distância de seguran­ça de pelo menos 1 metro. Nada de cumpri­mentos acalorados com abraços. Evite até mesmo o aperto de mão sem o uso das luvas descartáveis.

– Use máscara, também. Mesmo que apenas máscaras mais avançadas tenham poder de filtragem suficiente para prevenir a inalação do SARS-CoV-2, seu uso é reco­mendado como mais uma barreira de pro­teção. O vírus pode se propagar no ar expe­lido pelos pulmões da pessoa infectada. Isso sem falar daqueles que “falam cuspindo”. Se for usar máscara de pano, coloque-a para lavar após duas horas de uso.

– Use luvas plásticas para manusear qualquer objeto recebido de outra pessoa. Desinfete-o assim que possível.

CUIDADOS PESSOAIS:

– Lave e desinfete as mãos sempre que tocar em algo que implique em risco de contaminação sem as luvas descartáveis.

– Lave e desinfete as mãos antes de co­mer ou beber algo.

– Evite tocar o rosto. Se não houver ou­tro jeito, desinfete as mãos antes.

– Nem pense em compartilhar copos, talheres, bocas de garrafas ou mesmo ci­garros.

– Tome banho quente antes de ir para casa. Muita água a sabão nessa hora.

– Roupa de trabalho não vai para casa e vice-versa. Se possível, deixe as roupas civis em local protegido, longe das de trabalho.

 

Por Fernando Landulfo

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