Volume de veículos fabricados despenca 99% em abril
O Brasil registrou recorde negativo na produção de autoveículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) em abril de 2020. Com apenas 1,8 mil unidades fabricadas, o mês teve o pior resultado desde o início da série histórica, em 1957. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Mesmo em períodos de greves ou outras crises no país, nunca houve nível tão baixo de produção no Brasil”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. Segundo o executivo, a interrupção das atividades nas fábricas foi uma ação espontânea das fabricantes a fim de preservar a saúde dos funcionários.
A quantidade de veículos fabricados em abril representa queda de 99% em relação a março, que já havia registrado baixa de 90% entre as duas quinzenas. Na comparação com abril de 2019, o recuo é de 99,4%. Além da produção, também houve baixa no volume de exportações, com nível 76,6% inferior em abril (7,2 mil unidades) na comparação com março (34,9 mil).
Já as vendas de automóveis e comerciais leves despencaram 67% em abril na comparação com março, que já acumulava 19% de queda. Em relação a abril do ano passado, a redução chega a 77%. No acumulado do ano, a retração, que era de 8,1% até março, saltou para 27,1% na comparação com os quatro primeiros meses de 2019. Os dados de venda são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Já entre os usados, a queda foi de 78% entre março e abril, segundo levantamento da Federação Nacional dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) reportado pela Anfavea.
Retomada gradual da produção
Apesar da retração nas vendas e no volume de produção, o presidente da Anfavea defendeu as ações de contenção do novo coronavírus realizadas por estados e municípios. “As medidas de saúde pública e de isolamento social são importantes para conter o avanço da doença”, explicou. O executivo criticou a crise política no Brasil, que, segundo ele, potencializa as perdas causadas pela pandemia em si. “Temos políticos que ainda não perceberam a gravidade da situação e as consequências dessa crise econômica. Poderia ser menos grave se a gente tivesse a sensibilidade e a responsabilidade dos políticos na coordenação da pandemia”, protestou Luiz Carlos Moraes.
A maioria das fabricantes prevê o retorno das atividades nas fábricas para entre meados de maio e junho. Por conta da baixa demanda (que elevou os estoques para 4 meses quando considerado o volume de abril), a retomada será gradual, com apenas um turno inicialmente.
A Anfavea elaborou uma cartilha com protocolos que devem ser seguidos pelas fabricantes durante a pandemia. Entre as 34 regras, estão o uso obrigatório de máscaras, a redução na capacidade de lotação dos ônibus fretados, a exigência de distanciamento mínimo nas fábricas e o controle diário de temperatura de funcionários e visitantes na entrada, entre outras.
“As orientações da cartilha observam até mesmo como o funcionário deve agir antes de sair de casa, a fim de garantir a saúde de todos”, explica o presidente da Anfavea.
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