Compacto elétrico tem preço de R$ 115,8 mil, motor de 75 cv e autonomia para rodar até 280 km no ciclo PBEV
Texto Felipe Salomão Fotos Lucas Porto
É um fato que a BYD intensificou os lançamentos de veículos no Brasil nos últimos meses, indo dos caminhões e ônibus elétricos para carros elétricos mais acessíveis como o Dolphin e o Dolphin Mini. Com a estreia do Dolphin Mini por R$ 115.800, com motor elétrico de 75 cv e autonomia para rodar até 280 km no ciclo do Inmetro PBEV, a BYD entra na seara dos concorrentes compactos na mesma faixa de preço equipados com motor 1.0 turbo a combustão e câmbio automático. Será uma briga interessante neste mercado disputado de modelos compactos e que agora tem um estreante na mesma faixa de preço, porém elétrico.
Com tantas novidades nos últimos anos, como a chega do híbrido Song Plus, que já o terceiro SUV médio mais emplacado no país, e dos elétricos Seal, ficando atrás apenas do Corolla nas vendas, e Yuan Plus, o público criou uma grande expectativa com o Dolphin Mini, esperando um preço igual a de veículos a combustão de entrada, o que não aconteceu, frustrando quem pretendia comprar o elétrico. Ainda assim, no lançamento, 3.343 unidades do modelo foram vendidas.
Além da polêmica do preço, o BYD Dolphin Mini terá que enfrentar outros fatores como o pós-venda, que tem deixado o consumidor em alerta, uma vez que há registros de reclamações de clientes por falta de peças. Com todo esse histórico, a Revista O Mecânico ficou com o veículo durante três dias antes do lançamento, o que nos permitiu fazer um Raio X completo do Dolphin Mini. Para isso, chamamos José Martinho, que é professor do SENAI, para nos ajudar a fazer uma avaliação técnica longe das polêmicas que têm gerado uma grande discussão nas redes sociais.
Construção e Tecnologia
A princípio, José Martinho destaca o bom nível de construção e evolução tecnológica dos carros chineses da BYD. “O nível de construção e de acabamento, mostra que o Dolphin Mini está muito bem-acabado. Esse preconceito contra chineses têm um fundamento por conta do passado, mas as pessoas precisam ter consciência que a tecnologia evolui. E a BYD sabe produzir carros para todos os tipos de gostos e bolsos”, analisou.
Por ser um veículo compacto com apenas 3,78 metros de comprimento, o cofre do capô é diminuto, mas com fácil acesso para os componentes. “Alguns componentes que são essenciais para nosso amigo mecânico estão de fácil acesso como a bateria (1) de 12V de 40 amperes com 330V de corrente de partida a frio. Inclusive, o ponto principal dessa bateria é fornecer energia para ativar o sistema de alta tensão, que depois por meio da eletrônica de potência controla todo o carro. Por isso, ela não precisa ser tão grande e no futuro será barato de arrumar”, analisou Martinho.
Na dianteira do veículo também está a caixa de junção (2), que permite conexão de vários componentes com o sistema de alta tensão do Dolphin Mini. “Na frente do veículo temos vários layers, onde são montados os componentes de alta tensão ocupando pouco espaço, o que confere segurança. Mas é preciso respeitar todos os cabos laranja (3) e as etiquetas. Portanto, se você não sabe o que é o componente, o melhor é não mexer sem ajuda de um especialista”, ressaltou o professor.
A tubulação do ar-condicionado (4) está próxima do corta fogo, mas segundo Martinho é de fácil acesso, além de utilizar o fluido R134A, não utilizando o novo fluido R1234YF, que não tem mais carbono, mas a utilização deste novo fluido fica por conta da fabricante. “Por mais que esteja bem escondido e que o veículo seja compacto, o acesso é bom para o ar-condicionado”. Do lado direito há o sistema airbooster (5) de freio, que integra o ABS e ESP, sem a necessidade do servo freio tradicional, o que não necessita da bomba de vácuo, conferindo mais simplicidade à construção do carro.
A dianteira também conta com a tampa do reservatório do limpador de para-brisa (6) e a tampa metálica tradicional do reservatório do líquido de arrefecimento (7), que segundo José ajuda o meio ambiente. “Outras marcas utilizam essa tampa, pois como eu não posso ter vazamento de fluídos há uma expansão do líquido. Portanto, quando ele expande ele sai do radiador e vai para o reservatório (8). Já em baixa temperatura o líquido vai para o radiador”.
Por fim, o BYD Dolphin Mini conta com o reservatório do fluído de freio (9) e uma caixa de fusíveis (10). Todos esses componentes estão apoiados em braços de alumínios (11), que são uma estrutura leve e resistente, conferindo a massa de transporte menor do carro.
Antes da análise Undercar, Martinho faz um alerta para segurança em caso de acidentes em veículos elétricos. “Esse veículo tem um ponto para uma intervenção de segurança para os bombeiros (12). Em caso de emergência para garantir que o sistema de alta tensão esteja sem energia, conferindo segurança para as equipes de resgate, há um ponto de corte em um cabo com identificação, que permite aos bombeiros fazerem dois cortes um antes da etiqueta e um depois para que desligue o sistema sem que ela seja ligada depois”, pontuou o professor.
Undercar BYD Dolphin Mini
Simplicidade, essa é a palavra que pode definir o inferior do BYD Dolphin Mini. “No quesito de construção o carro tem uma simplicidade, que nossos amigos mecânicos vão gostar muito por conta dos itens acessíveis para manutenção tradicional, mesmo que o veículo elétrico demande pouca manutenção”, afirmou Martinho.
A suspensão é tradicional com bandeja e pivô parafusado, o que possibilita trocar apenas o pivô (13). A manga de eixo é convencional (14) e o amortecedor tem mola integrada da conhecida suspensão McPherson (15), instalada na ampla gama de veículos vendidos no mundo. A barra estabilizadora também é tradicional com bieleta presa na torre do amortecedor (16). O agregado está preso por dois parafusos de maneira simples e de fácil acesso.
Também há uma barra de proteção na bateria (17), igual ao GWM Ora 03, e diferente do Dolphin, que não conta com essa proteção. Na frente dessa proteção há tomadas conectadas pelos famosos cabos laranjas, além dos cabos do ar-condicionado (18), que tem uma outra função no Dolphin Mini. “A gestão térmica da bateria é feita pelo fluido do ar-condicionado. Certamente, os packs de bateria sobre um estrado onde passa o fluido do ar-condicionado, diminuindo a quantidade de fluido de arrefecimento”, avaliou Martinho.
De volta a peças convencionais, o BYD Dolphin Mini tem pinça de freio tradicional com pinos flutuantes e com freio a disco ventilado na dianteira (19). A caixa de direção (20) é mecânica com assistência na coluna como acontece em vários veículos vendidos no Brasil.
Os cabos laranja saem da bateria até a caixa de junção (21), onde a energia é distribuída para o inversor de potência, que é colocado ao lado do motor elétrico de tração. A Bateria LFP tem tensão nominal de 288 volts e a corrente nominal é de 135 ampere hora (22). Na bateria há um cabo na cor cinza ligando os componentes ao chassi (23), protegendo as pessoas contrachoques em veículos eletrificados. Ainda na traseira o amortecedor é tradicional (24) e o eixo traseiro é simples (25) com apenas uma bucha. Os freios são a disco sólido (26), além de contar com freio de estacionamento eletrônico (27). Por fim, na carroceria há um aplique antirruídos para conferir mais conforto para os passageiros e motorista (28).
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