Analisar o erro detectado é fundamental para identificar as peças e sistemas defeituosos
artigo por Murilo Marciano Santos fotos Arquivo Bosch
O câmbio Dualogic é uma transmissão do tipo automatizada, que realiza as trocas de marcha e arranque do veículo sem intervenção do motorista. Utilizado amplamente na linha Fiat com uma atualização, é um tipo de câmbio que requer manutenção ao longo do tempo. Embora aumente o conforto na condução, podem surgir alguns problemas relacionados ao estilo de uso e características do projeto. Dessa forma, para auxiliar na hora da manutenção desse câmbio, a Revista O Mecânico mostra os principais códigos de falha e seus diagnósticos.
História e aplicação no Brasil
Os câmbios automatizados de embreagem única surgiram como uma alternativa mais barata aos de engrenagens helicoidais, para substituir o câmbio manual. Diversas montadoras ofereceram esse tipo de câmbio, como GM com o Easytronic, VW com o I-Motion e Renault com o Easy’R. Na Fiat, o câmbio Dualogic, que recebeu algumas mudanças e passou a ser chamado de GSR, equipou veículos como Palio, Bravo, 500, Linea, Mobi, Argo e outros.
Principais códigos de falha (DTC)
P060C – Microprocessador principal (MMP): esse código de falha é ocasionado devido a defeitos de hardware, quando o microprocessador de segurança detecta problemas no processador principal. Nesse caso, todas as trocas de marchas são desabilitadas.
P081A – Habilitação da partida: com o sinal de habilitação de partida desligado e o nível de tensão fora do esperado ou curto-circuito durante o comando de habilitação da partida, esse DTC ocorre. Dessa forma, o câmbio é colocado em neutro automaticamente.
P290A – Alimentação do sensor de posição de engrenamento, seleção e de pressão: quando a tensão estiver acima ou abaixo do limite especificado desse sensor, a falha DTC ocorrerá. O câmbio irá realizar trocas de maneira mais demorada e limitará as trocas ascendentes até a terceira velocidade.
P0560 – Tensão de bateria baixa 1: ocorre quando a bateria do veículo está com tensão muito baixa, fazendo com que a eletrobomba não ative. Isso pode fazer com que as mudanças de marcha fiquem limitadas.
P0561 – Tensão de bateria baixa 2: ocorre quando a tensão de alimentação do circuito é inferior a 3V. Esse erro bloqueará as mudanças de marchas, com o câmbio ficando apenas em N.
P0604 – Erro do microcontrolador: devido a defeitos de hardware, as memórias ROM, RAM e FLASH da TCU podem ter problemas, que gerarão esse código de falha e manterão a TCU desativada.
P0613 – Microprocessador de Segurança (SMP): indica um erro de hardware no microprocessador, fazendo o câmbio ficar em neutro após determinado tempo.
P0701 – Driver da eletroválvula: erro surge quando existe um defeito de hardware no driver da eletroválvula. Nesse caso, a troca de marchas será desabilitada e o motor pode até morrer, caso as marchas permaneçam engrenadas com a parada do motor.
P0703 – Sinal do interruptor de freio (via rede CAN): acontece quando o sinal do interruptor do freio fica sempre ativo, mesmo com o carro em movimento, ou tem um sinal não plausível. Se o defeito for em apenas um dos interruptores, o veículo funciona normalmente. Caso seja no dois, as trocas ficam limitadas até a terceira marcha.
P0710 – Temperatura do motor ou temperatura do ar: quando houver defeitos nesses sensores, a TCU irá considerar 100° C na temperatura do motor e 20° C na temperatura do ar. Isso pode afetar o comportamento do câmbio, principalmente na fase de aquecimento do motor.
P0715 – Sensor de velocidade da árvore primária: comparando a velocidade do veículo, marcha engrenada e velocidade da árvore primária, a central detecta o erro nesse sensor. Com isso, o câmbio limita as trocas até a terceira marcha. Em caso de defeito simultâneo na informação de velocidade do veículo, rotação do motor ou posição do pedal acelerador, todas as trocas são desabilitadas.
P0719 – Sinal do interruptor de freio (via cabo): caso o sinal não exista ou seja incoerente, se o defeito for em apenas um dos sensores o câmbio funciona normalmente, caso contrário as trocas ficam limitadas até a terceira marcha.
P0720 – Sensor de velocidade do veículo: com o motor ligado, embreagem acoplada, marcha engrenada e sob determinadas condições de torque e temperatura da embreagem, se a informação de velocidade do veículo não é plausível o código de falha é registrado. Nesse caso, a velocidade do veículo será calculada em função da informação do sensor de rotação da árvore primária e da marcha engrenada. Caso a ECU não consiga calcular, as trocas de marchas são desabilitadas.
P0725 – Sensor de rotações do motor: se a central do câmbio não receber a informação do sensor de rotação do motor ou essa informação estiver incongruente, todas as trocas de marcha são desabilitadas e o neutro de emergência é ativado.
P0750 (EV1) e P0755 (EV2) – Driver de corrente: caso haja erro no sinal do positivo, negativo ou um circuito aberto, o câmbio entra em função de erro e desabilita a arrancada.
P0780 – Mau uso do sistema: esse erro ocorre quando no modo manual a solicitação de troca de marchas é muito frequente e no modo auto o pedal do acelerador é acionado e liberado continuamente, ambos causando um aumento na temperatura da eletrobomba. Nesse caso, o câmbio irá alterar as estratégias de troca de marcha para diminuir a temperatura do componente.
P0805 – Sensor de posição do atuador da embreagem (circuito primário ou secundário): Quando existem defeitos no circuito de alimentação vindo da bateria, do negativo ou um curto-circuito, esse DTC ocorre. Nesse caso, as trocas de marcha serão desabilitadas.
P0806 – Sensor de posição do atuador de embreagem 2 (Circuito Secundário): os problemas são os mesmos do código de erro anterior, a diferença é que ocorrem no segundo sensor de atuação da embreagem.
P0807 – Sensor de posição da embreagem (valor errado): quando o valor da posição da embreagem é tido como incorreto, permanecendo fixo em aproximadamente 2,5V, as trocas de marcha são desabilitadas.
P0810 – Circuito de tratamento do sinal do Transformador Linear de Tensão Diferencial Variável (LVDT) (interno da TCU): nesse DTC, ocorrem problemas de plausibilidade ou de verificação de paridade, que, por segurança, bloqueia as trocas de marcha na transmissão.
P0817 – Linha 15 (KL 15 – Relé de Alimentação da Linha 15 (pós chave de ignição)): acontece quando existe um circuito aberto ou curto-circuito para o GND. O câmbio funciona normalmente quando é possível receber essa informação da rede CAN.
P0820 (GLS1), P0821 (GLS1), P0822 (GLS2) e P0823 (GLS3) – Sinal dos interruptores do Joystick: ocorre quando o sinal do controlador de câmbio está incorreto ou com curto-circuito. Nesse caso, o câmbio funciona apenas em modo automático ou pelas aletas do volante.
P0825 – Plausibilidade do sinal dos interruptores do joystick: DTC ocorre quando existe falha nos interruptores do joystick ou alguma posição permanece selecionada por mais de 72 segundos manualmente. O modo auto e as aletas permanecem funcionando, mas a ré não pode ser engrenada.
P0880 – Alimentação de 5V da TCU: quando a tensão de alimentação da TCU é diferente do especificado a troca de marchas é desabilitada, com a possibilidade de o motor morrer se o câmbio permanecer engrenado até a parada total do veículo.
P0881 – Alimentação de 12V da TCU: os sintomas são os mesmos do código anterior, a diferença é que o problema ocorre no circuito de 12V da TCU.
P0900 – Sensor do atuador de seleção: quando a tensão no sensor é inferior ou superior ao especificado, ou ainda não existe uma plausibilidade na marcha engrenada, esse erro ocorre. Nesse caso, a troca de marchas é limitada até a terceira velocidade e fica mais lenta.
P0902 – Massa TCU: durante o acionamento da eletroválvula da embreagem, o valor da tensão é medido. Se este valor estiver fora dos limites, a falha é detectada, com a TCU desabilitando as trocas e esperando o desligamento da chave.
P0914 – Sensor do atuador de engate: os problemas detectados são os mesmos do código anterior, com a diferença que ocorrem no sensor do atuador de engate. O câmbio ficará limitado em terceira marcha e terá trocas mais lentas.
P0932 – Sensor do atuador de pressão: quando os sinais elétricos estão incorretos ou quando a pressão se mantém constante mesmo com o acionamento dos atuadores esse erro aparece. Nesse caso o câmbio também irá limitar até a terceira marcha.
P0933 – Circuito hidráulico: esse DTC está relacionado com o relé da eletrobomba travado fechado, que fará o componente não responder aos comandos elétricos e a pressão do sistema atingir valores maiores que o limite máximo. Nessa situação, a pressão mínima da eletrobomba é reduzida para evitar avarias.
P0942 – Pressão hidráulica insuficiente: ocorre quando a pressão do óleo é menor que limites estabelecidos, de 52 PSI. Além disso, quando a temperatura estimada da eletrobomba atinge valores acima do limite esse DTC pode aparecer. De acordo com a pressão existente, as trocas podem ser desabilitadas.
P0945 – Driver do relé da eletrobomba: quando ocorrem curtos-circuitos nesse driver do relé da eletrobomba as trocas de marchas são desabilitadas, devido ao sinal incorreto de saída do driver.
P1215 – Sinal da porta do motorista: esse DTC indica que o sinal do interruptor é incoerente com a informação que chega via CAN, com a TCU considerando a porta aberta e deixando o câmbio em N após certo tempo do veículo parado.
P1749 – Interruptores do volante: quando os sinais provenientes das aletas de troca de marcha do volante estiverem acima ou abaixo do especificado, ou sem plausibilidade, as trocas manuais pelo volante são desabilitadas.
P2712 – Elevado vazamento no grupo hidráulico: essa situação ocorre devido à problema mecânico, elétrico ou vazamento quando com a eletrobomba desligada, superaquecida e nenhuma mudança em curso é detectada uma perda de pressão excessiva. Nesse caso o câmbio poderá desligar a eletrobomba até o seu resfriamento.
P2900 – Sinal do interruptor: quando o interruptor do modo sport se mantém fechado continuamente pode indicar defeito na peça. Então, a TCU desabilita a seleção do modo sport.
P2901 – Descarga do acumulador: se com a eletrobomba ligada, nenhuma mudança em curso e embreagem acoplada a taxa de descarga do acumulador ultrapassar um determinado limite, esse erro é emitido e a TCU ativa a eletrobomba mais cedo, para manter a pressão adequada.
P2903 – Sensor do pedal do acelerador (via rede CAN): o código de falha ocorre quando um sinal inválido é detectado no sensor pelo módulo de gerenciamento do motor. A TCU irá desabilitar as trocas de marchas e a demanda de torque será considera zero, ou seja, pedal liberado.
P2904 – Erro na embreagem: esse código de falha pode acontecer quando a temperatura estimada da embreagem for maior que o limite (250 ºC) ou quando ela não acoplar ou desacoplar corretamente. A TCU poderá tentar realizar as trocas novamente ou as desabilitar completamente.
P2905 – Erro no subsistema da caixa de câmbio: esse DTC pode aparecer quando a marcha desengrena sem comando, a rotação da árvore primária ultrapassa os limites pré-determinados ou quando a marcha não engrena ou desengrena no intervalo de tempo esperado. Dependendo do erro, a TCU pode tentar realizar a troca novamente ou bloquear as trocas de marchas.
P2906 – Erro na CAN relativo ao torque do motor: a situação que gera essa falha é a falta do torque esperado pela ECU, que solicita determinada quantidade para a TCU e espera que a marcha selecionada atenda a demanda. Nesse caso, o motorista irá sentir o carro sem força.
P2907 – Erro na CAN relativo ao torque do motor: a principal diferença entre o código anterior é que nesse o torque gerado pelo motor será muito superior ao demandado, podendo causar desconforto na condução.
P2908 – Erro na embreagem (2): essa falha acontece quando há um repentino acoplamento de embreagem, sinalizando erro na posição da embreagem. Por segurança, as trocas são desabilitadas.
P2909 – Erro no subsistema da caixa de câmbio (2): devido a problemas mecânicos ou hidráulicos, a troca de marchas não é bem-sucedida, ocasionando esse DTC. Quando isso ocorre, a TCU tenta realizar a troca novamente, de maneira mais demorada.
U1700 e U1701- Status da TCU: ambos DTCs ocorrem quando a unidade de controle da transmissão não está ativa na rede CAN ou quando a mensagem enviada está fora do padrão esperado. O sistema pode continuar funcionando com os valores padrões ou pode desabilitar as trocas de marcha, dependendo da situação.
Esses são os principais códigos de falha que ocorrem nos veículos equipados com o câmbio Dualogic. Na hora da manutenção, o mecânico deve ficar atento com a falha detectada, visto que ela pode dar indícios de qual peça ou sistema que pode estar com problemas.
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